...Naquele dia em específico, a Morte foi trabalhar naquela feira.
Naquele dia havia um ser diferente lá também.
Quem o primeiro vê pensa que é um macaco, ele tem cauda e um corpo parecido como de um primata realmente, mas seu corpo tem pouco pelo, como de um homem ficando calvo, seu rosto é redondo, tem olhos brilhantes e muito grandes que parecem nunca ter uma cor única, suas orelhas são peludas e pontudas e ele tem dentes pontiagudos e um sorriso ameaçador, quase não se vê narinas, esse pequeno demônio possui as habilidades de ficar invisível e conceder qualquer desejo. Naquele dia ele previu que aconteceriam desastres do qual poderia se aproveitar, por isso estava escondido nas pernas de uma bancada na feira.
Foi muito rápido, os desastres sempre o são, o que aconteceu foi que um cavalo perdeu o controle e saiu correndo desenfreadamente arrastando consigo a carroça sem ninguém para guiar ou parar, e passou correndo no meio da rua, derrubando tudo o que estava na frente, inclusive a pequena ruiva que brincava com seus amiguinhos ali.
Sua mãe correu desesperada, seu bebê chorava na rede que improvisara em suas costas, ela abraçou sua filhinha em seu leito de morte, havia muito sangue e a criança também havia quebrado vários ossos.
- Mã-mamãe... – a pequena sussurrou.
Sua mãe só chorava, era doloroso, assustador, mas... não tanto quanto a voz que ouviu em seu ouvido.
- Pobre criança... está morrendo. – sussurrou a criatura em seu ouvido.
Parecia que ninguém via ou ouvia nada, por um momento ninguém se mexia, só havia a mãe, o bebê, a filha e o pequeno monstro. Do nada o demônio se materializava ora em seu ombro, ora em sua frente ou perto de sua filha.
- Eu posso ajuda-la... se me pedir, o pagamento é bem simples... – ele sorriu como quem se diverte com isso – sua vida.
A mãe encostou sua filha mais perto de seu peito e só derramou mais lágrimas.
Ele se enrolou no pescoço dela de um modo sufocante ainda que não apertasse realmente o seu pescoço.
- Vamos lá... eu concedo qualquer desejo, é só me pedir. E eu sei que não viverá tempo suficiente para cuidar do seu outro filho, já que está doente.
O coração dela batia muito rápido, ela apertou os olhos desejando escapar desse pesadelo, mas em vão. Ela sabia que devia assegurar suas duas crianças, mas, como fazer isso, se nem podia cuidar de si mesma?
Ela mordeu os lábios com força.
- E-es-está bem. – ela falou de modo forçado.
O demônio deu um sorriso ainda maior.
- Pode pedir minha querida. – Ele estalou os dedos para realizar o pedido.
Naquele instante a mãe teve uma rápida ideia.
- Eu desejo... que a minha filha... nunca mais morra.
A expressão do demônio foi de prazer a ódio em segundos.
- Está feito. – ele falou zangado.
Quando ele se desmaterializou, a cena vista foi a da falecida mãe das crianças que foi atropelada por uma carruagem enquanto sua filha chorava carregando seu irmãozinho nas costas.
- Sua mãe foi tola, a Morte irá te cobrar... – o demônio sussurrou ameaçadoramente, de modo que a menina escutasse. – A Morte irá sempre te cobrar.
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A Menina E A Morte
Short StoryO quê? Quem é a Morte? Por que a tememos? Vou te contar uma coisa, eu O conheço.