Prologue

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Não sei exatamente como essa história começou, só sei que começou ruim. 

Em uma quinta quente e ensolarada, Elizabeth estava ao meu lado e eu estava passando mal, perto da casa dela. 

- Skye, está tudo bem? - Eu me lembro de ela ter me perguntado. 

- Está - Eu me lembro de ter mentido, se eu houvesse falado a verdade, talvez eu não tivesse sofrido tantas coisas, mas aconteceu e eu me senti mal, por, em alguns dias da minha vida, ter desejado ter falado a verdade. 

- Não se esqueça que iremos passar as férias no Maine - Ralhou antes de entrar e bater com a porta na minha cara. 

Se até minhas amigas estão assim imagine as inimigas, eu havia pensado. 

Fui andando para casa, eu me sentia mal, quando olhei para frente, eu até vi um vislumbre de bruxo de Harry Potter, mas isso eu tinha certeza de que era ou um cosplay, ou ilusão de ótica. 

Chegando em casa, eu joguei minha mochila perto da porta e fui correndo para a cozinha. 

Depois de me entupir de frutas e verduras, eu me joguei na cama do meu quarto e comecei a falar com Elizabeth por mensagens. 

Quando olhei para a escrivania ao lado do meu armário, eu vi meus livros favoritos separados.

- O que eles estão fazendo aí? - Murmurei me levantando. 

Maze Runner, Harry Potter e Percy Jackson e os Olimpianos estavam em cima da minha escrivania, organizados simetricamente, nem pareciam ser meus, já que de organizada eu só tenho a mãe. 

Observando as capas eu percebi que eles pareciam mais novos, e que eu estava ficando febril. Eu os guardei na minha prateleira favorita que era exclusiva para esses livros. 

- Skye - Escutei a voz de Jason me chamando e fui para as escadas. - Acredita que meu melhor amigo quer te namorar? 

- Acredito - Sorri mentindo, afinal eu estava mais surpresa do que galinha que choca uma cobra. - Eu sou um pitelzinho. 

Meu irmão sorriu. 

- Claro, então, querido Pitél, tem dever de casa de trigonometria? - Perguntou Jason e eu anuí. - Sabe as respostas?

- Já fiz - Respondi revirando os olhos. 

- Ótimo, onde está seu caderno? - Perguntou-me e eu dei um tapa em seu braço esquerdo. - Continua fraca. 

Dei-lhe um soco bem dado na barriga. 

- Ai não vale, Skye - Reclamou ele com a mão esquerda na barriga. 

- Não era eu a fraca? - Perguntei com um sorriso debochado. 

O resto do dia, depois de ter passado as respostas para Jason, foi totalmente entediante, e irrelevante. 

Eu assisti uns filmes aí, somente clássicos, do tipo: 10 coisas que eu odeio em você, as patricinhas de Beverly Hills, De repente 30 e Legalmente loira. 

Eu já estava com a cara mais inchada que um Baiacu de tanto chorar quando minha mãe entrou no meu quarto. 

- Como foi seu dia querida? - Perguntou minha mãe. 

Não sou sua querida, brinks, sou sim, não me bate. 

- Foi uma droga - Ri sendo sincera. 

Minha mãe olhou para minha escrivania. 

- Quantas vezes eu já não te disse para arrumar seus livros? - Me repreendeu minha mãe. - Parece uma criança, seja mais organizada, Skye. 

- Mas eu já tinha guardado - Eu disse preocupada. 

- Tem certeza? - Perguntou Minha mãe desconfiada. 

- Óbvio que sim- Exclamei. - Eu já guardei isso, hoje ainda. 

Minha mãe pareceu se lembrar de uma coisa e ficou pálida. 

- Você vai dormir comigo hoje!

- Mas mãe...- Comecei os protestos, nada contra, mas não gosto de dividir cama, quem dirá com a minha mãe. 

- Sem "mas", Skye - Ralhou minha mãe. 

- Mãe são só livros. 

- Livros são objetos, e não andam sozinhos - Retrucou minha mãe. 

- Eu posso ter me distraído. 

- Quando se trata dessas coisas você não se distraí - Rosnou minha mãe. 

Ela estava certa, eu nunca havia desviado minha atenção dos livros, minha mãe sabia que eu os amava muito, em especial esses três. 

Eu amava a capacidade de se ferrar do Thomas, Newt e Minho. 

Amava a capacidade do Harry de ser salvo pela Hermione. 

Amava as piadinhas sem-graça do Percy nos momentos mais inoportunos (por exemplo quando ele estava sendo quase devorado por algum monstro). 

Eu não conseguia me distrair disso, não sei quantas vezes eu já reli o primeiro beijo Percabeth (não shippo, aliás.) Ou quantas vezes eu reli a morte do Newt (meu espírito foi junto.) Ou quantas vezes eu reli o discurso do Neville após a "morte" do Harry. Para alguns, livros não fazem a menor diferença, são como se fosse para dizer "Ah, já li esse livro" ou "O cara morre no final" antes de todo mundo, mas para mim era algo sério. Era como um lugar onde eu me refugiava da vida. Poxa, no meu mundo existiam raças extintas de animais que chegaram a isso porque os seres-humanos os caçaram até a morte, existem pessoas que sofrem preconceito pela cor ou cabelo, existem pessoas que forçam outras a diferentes coisas imagináveis, trabalhos, relações, existem pessoas que maltratam animais domésticos e depois fingem que nunca aconteceu. Mas não existem heróis cujo maior medo é o medo, ou heróis que só querem paz para si próprios e para os amigos, não existem heróis que pedem pela morte, apenas para não matar. 

Mas nunca é certo dizer isso, porque antes eu pensava assim, mas depois de um tempo percebi que o mundo não era feito apenas de hipocrisia e mentiras. 

Os heróis são as pessoas, não precisamos salvar o mundo de uma doença, ou de um apocalipse, ou de um titã, ou de um bruxo que não tem nariz e odeia o mundo. Nós precisamos fazer pequenas coisas, levar um cachorro machucado ao abrigo, ajudar uma senhora, ajudar um amigo, são essas pequenas coisas que vão moldando seu caráter, e que mostram se você é ou não um herói, porque mesmo que odiemos o que os humanos fazem, ainda somos humanos, e temos que salvar a humanidade dentro de cada um. 

- Okay - Eu me lembro de ter respondido. 

Nem preciso dizer que eu fui para o meu quarto de madrugada, não é?

Pois é! Pior decisão de todas. 


Eu comecei a reescrever e é isso.








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⏰ Última atualização: Feb 18, 2019 ⏰

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