Capítulo 9

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FERNANDA

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— Gabriel, me conta como você foi parar naquele incêndio. O Daniel me disse que você estaria de folga naquele dia.

Ainda não acreditava que o bombeiro que se tornava muito rapidamente o meu favorito estava aqui na minha casa, embora eu nunca fosse admitir isso ao Dani por medo de ser banida do cargo de madrinha do seu primogênito — quero dizer, quando ele e Ju planejassem ter um filho. Era muita coincidência que o homem que tinha me salvado naquele dia fosse o mesmo que tinha marcado de sair à noite. Por sinal, uma feliz e agradável coincidência.

Gabriel estava no seu segundo prato de espaguete, nem um pouco constrangido em mostrar que ainda estava com fome e que adorava a minha comida, e eu comia o último pedaço de pão de alho que sobrara. Lindo, educado, corajoso e ainda sabia cozinhar? Esse homem só podia ser uma invenção maluca da minha mente perturbada. As pessoas não costumam dizer que os publicitários são criativos? Pois então, eu tinha acabado de criar o homem mais perfeito da face da Terra.

— Restavam apenas alguns minutos para acabar o meu plantão quando soubemos do incêndio. Eu não seria capaz de sair sem oferecer a minha ajuda.

— É tanta coincidência que fica até difícil de acreditar.

— Ultimamente, não tenho pensado tanto em coincidências. Talvez fosse assim que as coisas tinham que acontecer, entende?

— Sabia que a Ju vinha insistindo para que eu saísse com você desde algumas semanas depois do casamento dela?

— Sério?

— Sim, mas eu não queria. Eu não vou a encontros há muito tempo e o último que tive foi uma catástrofe, então achei que seria melhor não arriscar. Além do mais, sempre tenho muito trabalho e não queria que nada tirasse o meu foco.

— Eu sei muito bem como é se dedicar ao trabalho. Eu também não vou a encontros há bastante tempo por achar que o meu trabalho consegue suprir todas as minhas necessidades, inclusive a de ter um relacionamento sério.

— E supre?

Eu estava curiosa. Como era possível que Gabriel não tivesse uma namorada ou garotas se arrastando por ele? Ele era absurdamente lindo, mas também conseguia manter uma boa conversa e parecia ser um cara muito respeitador.

— Eu aceitei sair com você, não aceitei? Eu queria que tivesse suprido, mas tem dias que me sinto muito sozinho.

— Há quanto tempo você não namora?

— Não saio com ninguém há mais de um ano. — Ele disse saio, não namoro. Será que, assim como eu, Gabriel não namorava? Eu tinha os meus motivos para não querer uma relação duradoura, mas quais seriam os dele? Uma pontinha de esperança de que éramos mais parecidos do que imaginava começou a surgir dentro de mim. — E você?

— Talvez um pouco mais do que isso — não tinha saído com mais ninguém desde o idiota que queria se meter nas minhas calças depois de um jantar e isso acontecera poucos meses depois que me mudei pra cidade.

Gabriel me olhou fixamente e detectei algo em seus olhos que me deixou nervosa. Seu olhar era muito intenso e me deixava com as pernas bambas. Aqueles olhos eram tão vivos que pareciam querer ver a minha alma.

Lembrei-me da descrição que Juliana fizera dele antes do nosso encontro e não fui capaz de conter um sorriso.

— O que você acabou de pensar que te fez sorrir desse jeito?

[DEGUSTAÇÃO] Antes que tudo acabe - SÉRIE HERÓIS #1Onde histórias criam vida. Descubra agora