Flagrante Delicto - A Espera

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"Eu quero te abraçar

mesmo quando eu não deveria

Quando eu estou deitada do lado de outro alguém

Você permanece na minha cabeça

e eu não consigo fugir disso

Se eu pudesse voltar no tempo

eu voltaria pra você"

- Back To You - Selena Gomez

As noites em que você saia para os debates eram sempre as mais difíceis. Fazia quase uma semana que a gente não passava um tempo junto. E por esse motivo, eu estava ansiosa para a sua chegada. Longas esperas sentada na cama, lendo meu adorável livro de leis, escrevendo artigos sobre como o Supremo Tribunal era ridículo, e todo meu ódio a Gilmar Mendes, sozinha com metade das luzes acesas. Vou tentar descrever meu quarto. Eu tenho uma sacada, uma vista incrível, piso de madeira, luzes embutidas no teto rebaixado branco. Uma cama de casal grande o suficiente pra mais pessoas. Mas infelizmente não era o tipo de quarto que te fazia querer ficar deitado do meu lado.

Preciso admitir. Você dormia com uma certa freqüência no quarto de estudos. Ele tem uma pequena cama de solteiro e duas escrivaninhas. Paredes cheias de armários e prateleiras de livros. Dormir lá por passar a noite toda estudando é um dos pequenos fatos que eu tive que me acostumar. Embora o vazio do meu lado na cama era chato. Não era a distância de quando viajava que me incomodava. Era o fato de que você não me dava mais tanta atenção. E era isso que mais me irritava.

O debate de hoje a noite é mais um daqueles que com certeza você voltaria cansado e com vontade de passar mais uns dias estudando. Revirei na cama de frente pro Notebook. Tinha chegado mais um e-mail do Raphael, o representante de vendas que de uma das empresas que eu prestava assessoria jurídica. Ele ia ao meu escritório com freqüência, às vezes tomava café comigo pra falar dos casos de clientes insatisfeitos. Ele tinha a mania ridícula de me chamar de "querida" nos e-mails. Eu ignorava esse chamado. Abri o e-mail, e vi que ele dispensava suas formalidades novamente, me chamando pra tomar um café na próxima segunda-feira, com a desculpa de falar de negócios. Ignorei. O E-mail de hoje era mais "ousado". Estava na hora de dar um corte nesse

. Além de me chamar de "querida", ele ousava em dizer coisas como "a advogada mais linda que conheço" e "sonho com o dia em que você seria minha". Senti nojo daquelas palavras.

Mas não adiantava o quanto ele tentasse se aproximar de mim, você era o único que me fazia sentir saudades. Eu posso dizer que gosto de sentir saudades quando ele está longe. É normal. Eu não gosto é da falta de atenção. Ainda de frente pro notebook, me sinto tentada a abrir a aba anônima e procurar alguma coisa boa pra assistir. Mas tinha um problema.

Um mês depois do nosso casamento, lembro que você fez um acordo comigo. Criamos um pequeno caderno de regras, e uma delas era que eu não poderia me masturbar sem a autorização prévia. Uma regra um tanto autoritária, mas era para prevenir que eu fosse consultar sites pornôs pra ficar excitada sem ele. Mas meu corpo estava pedindo por alguma coisa que acalmasse meus hormônios. Chegava a ser envergonhante saber que eu não tinha relações a uma semana porque o babaca passava mais tempo se preparando pra hoje do que falando comigo. Me rendi, abri a guia anônima e busquei a tag de soft BDSM.

Permaneci deitada assistindo ao curto vídeo de alguns minutos, até que minhas mãos sozinhas já faziam seu trabalho. Não se engane achando que eu me sentia bem fazendo aquilo. Porém eu pensava em você e no fato dele ser o único que podia me excitar de verdade. O resto era só "bobeira" comparada a excitação que eu sentia quando ele me tocava com leveza e me fazia sentir uma princesinha da Disney, implorando por mais. Os vídeos tinham um efeito bom na minha imaginação. Me senti culpada novamente por estar me tocando sem a autorização dele, mas quando eu imaginava ele dentro de mim, meus dedos friccionavam mais, do jeito que ele fazia em mim.

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