I - Prólogo

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Ser um alfa estava em sua genética. Sentir seu corpo quente e suado, seu membro ereto e precisando de alívio. Ele sabia que, à partir daquele momento, sentiria isso pelo resto de sua vida. Ele precisava de seu ômega. O ser frágil que estaria ao seu lado, que sentiria seu cheiro e que o completaria para sempre.

Esse ômega era, simplesmente, o pequeno que sempre rejeitou na escola. Aquele que nunca achou suficiente, mas esse seria o único capaz de suprir suas necessidades para sempre.

Yeol ficou profundamente irritado ao se dar conta de tal fato, quebrando todos os objetos sobre sua mesa e assustando o pequeno Byun, que nada poderia fazer, a não ser abaixar sua cabeça. Era apenas um Ômega afinal.

Suas bochechas rubras eram cobertas por uma fina camada de lágrimas, vergonhosas e amedrontadas, pelas atitudes de seu alfa que estava a ponto de...

— Baekhyun, acabou o capítulo já? Eu quero sair. Estou cansado de te ver nesse escritório. Vamos logo.

Luhan me chamava pela quinta vez na última hora. Eu tinha chegado à melhor parte do livro, Chanyeol finalmente tinha se tornado um alfa e tomaria BaekYeong como seu.

— Não terminei Luhan, mas mesmo se eu não for com você não terminaria do mesmo modo. Vamos. — Fechei o notebook e peguei meu casaco.

— Vamos ver o filme que acabou de sair.

— Sabe que eu não gosto de sair no dia de hoje, né? Escolheu uma data péssima Luhan.

— Escolhi de propósito. Eu sei que é aniversário dele, mas que motivos você tem pra ficar trancado em um quarto? Já faz seis anos desde que saiu da faculdade Baekhyun. Ômega está sendo reconhecido como um dos melhores escritores deste país. Você revolucionou a literatura! Então pare com isso, vamos ver um filme e aproveitar a noite.

— No fundo no fundo, ter me tornado o Ômega faz de mim um idiota. Eu faço todos aqueles livros dedicados à ele. Eu sou ridículo Luhan! Deixa eu voltar para meu quarto. — Tento dar meia volta, mas Luhan me agarra pelo pulso e me joga dentro do carro.

— Mudei de ideia! Vamos em uma festa, você precisa beber.

Luhan não me deixou dar uma palavra antes de entrar no carro e ligar o som alto.

Estávamos indo para Hongdae. Aquele lugar tinha basicamente só baladas e coisas do gênero.

— Luhan, eu nem estou vestido pra isso. — Eu vestia uma calça jeans surrada, uma blusa verde social que tapava até mesmo parte da minha bunda e um sobretudo marrom. — Minhas roupas são de vovô.

— Então você será um vovô alegre. — Ele aumentou ainda mais o rádio e começou a cantar junto com a música. Com certeza não teria jeito de convencer Luhan a voltar para casa, ou seguir para o cinema.

Chegamos em pouco tempo à Hongdae, que estava bem movimentada aquela noite.

Deixamos nossos casacos no carro, e Luhan me puxou para a primeira casa noturna que viu. O local estava cheio de pessoas seminuas esfregando seus corpos suados e segurando copos de alguma bebida qualquer.

A música era alta o suficiente para me deixar surdo.

Eu odiava aquele tipo de lugar. Poucas vezes os frequentei durante a faculdade, apenas o fiz para ficar mais próximo de Chanyeol, o que nunca foi o suficiente. Park Chanyeol notou a minha existência apenas uma vez e estava bêbado demais para lembrar no dia seguinte... Ou para me ligar... Ou ele simplesmente não quis. Pode ter sido... Era provável que tenha sido.

Para afogar minhas lembranças, tomei um copo e outro sem ao menos respirar. Vendo então Luhan sorrir e me puxar para a pista de dança. Nossos corpos estavam colados, assim como os das outras pessoas. Terminei o terceiro copo, que estava em minha mão, e dancei sem nem saber que música era.

Meus movimentos eram desordenados, depois do quinto copo a minha vista estava embaçada demais, meu corpo estava quente e eu só conseguia prestar atenção no sorriso branco e lindo que Luhan direcionava a mim. Era tão lindo! Tão lindo que eu... Eu o beijei.

Eu segurei suas bochechas e colei nossos lábios. Invadi sua boca sem permissão enrolando minha língua na sua e depois de algum tempo ele agarrou minha cintura e correspondeu ao beijo. Suas mãos desceram para minha bunda, ele me beijou com desejo e de forma selvagem. Eu não sentia um beijo assim há... Seis anos.

Assim que separei o beijo fiquei olhando em seus olhos por alguns minutos. As luzes do lugar trocaram de cor e o DJ anunciou que era festejado o aniversário de alguém.

Ele nem morava mais na Coréia, mas a possibilidade gelou meu corpo, que estava em combustão até então.

Ao ver as costas largas vestidas em um terno fino eu percebi que nunca deveria ter saído do meu quarto.

Agarrei Luhan mais uma vez, apenas para pegar as chaves de seu carro.

Antes que ele pudesse dizer alguma coisa eu já estava dando a partida. Eu não poderia ficar ali nem mais um minuto. Eu nunca deveria ter ido até ali.

Sem que eu me desse conta, lágrimas molhavam meu rosto. Meus olhos já estavam embaçados pela bebida e foi tarde demais quando vi o feixe de luz em frente ao meus olhos e a buzina alta quase me ensurdecer.

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