VI - Torre de Papel

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Acordei com meu celular vibrando entre meus dedos, ainda parecia noite e eu estava com frio, completamente descoberto e com a roupa que vestira na noite anterior.

O relógio do celular indicava serem 5h42min, era muito cedo, o vibrar que eu sentia entre meus dedos era o sinal de uma nova mensagem recebida.

"Podemos. Hoje mesmo?" – era o que dizia a mensagens de Chanyeol.

Hoje mesmo o quê?

Fiquei olhando para a tela tentando entender o que aquela mensagem sigficava, até me dar conta de que era uma resposta a alguma coisa, fui em mensagens enviadas e vi que o convidei para sair! O CONVIDEI PARA SAIR!

O que deu em mim naquela noite?

Mas... eu até tinha uma certa curiosidade, então confirmei o encontro para às quatro da tarde em frente a um Parque de Diversões.

...

— Bom dia, Baek. — Luhan saudou enquanto lia um jornal e mordiscava um pão de queijo.

— Bom dia, onde está, Sehun?

— Ele voltou para casa, tem que ir trabalhar amanhã. — falou com um bico triste.

— Não precisa ficar aqui, Lu-ge, vá ficar em casa com seu marido, eu tô bem.

— Não, se alguma coisa acontecer a você eu não me perdoaria, vou cuidar até todas as suas memórias voltarem.

— Eu acho que lembrei de alguma coisa... Uma festa e um cara alto de terno... sei lá... pode ter sido sonho também...

Luhan tentou dar um sorriso, mas seu rosto parecia que estava se contorcendo de dor.

— Pode ter sido só um sonho, você tem lido muito seus livros antigos, deve ser apenas isso.

— Pode ser... Eu vou sair essa tarde, talvez eu volte tarde...

— Vai aonde?

— Um Parque de Diversões.

— Mas você não... Err... Espero que se divirta.

— Me diz logo o que pensa,  Luhan! Poxa!

— Melhor não, você está se tornando outra pessoa, então... melhor se descobrir sozinho, não quero mudar você.

...

Depois do café da manhã eu fui para o quarto pensando nas palavras de Luhan, para ele que não havia esquecido nada, devia ser muito estranho algumas das minhas atitudes, eu não queria que fosse assim.

...

BaekYeong trançava os cabelos da pequena a sua frente sorrindo, não havia nada que ele amasse mais que a filha, MinHee foi seu maior presente.

Depois de muitos anos aprende a conviver com toda aquela sociedade preconceituosa, ele tinha que ser forte para cuidar da sua pequena, foi por essas e outras razões que decidiu fazer seu lar isolado em meio ao bosque, para que ninguém pudesse falar de si ou da sua pequena, que, assim como ele, tinha uma genética rara, era uma ômega completamente branca, os olhos avelã e um olhar que lembrava o pai em todos os momentos.

Chanyeol nunca soube da sua existência, nunca ligou para BaekYeong, mas isso era o de menos, a criança cresceu forte e saudável, um laço de amor inabalável fazia com que tudo fosse perfeito.

Até um acidente mudar tudo, Baek foi atropelado por um carro enquanto estava transformado, MinHee chorava e tinha certeza que não foi um acidente, tentaram o matar por puro preconceito.

A pequena o levou até a matilha mais próxima à procura de socorro, o Alfa Chanyeol se assustou ao ver o corpo de quem estava em suas terras, assustou-se muito mais ao olhar para o rosto da garota e ter certeza que ela era fruto das suas saídas a noite muitos anos antes, não tinha como negar.

Chanyeol podia ser casado, mas o peso da culpa não deixou que ele largasse a mão de BaekYeong em nenhum momento, ele ficou lá até que o último suspiro foi dado.

A culpa corroeu seu peito. Tudo poderia ser tão diferente, se ele... apenas tivesse vigiado BaekYeong, tomando conta do menor mesmo que de longe, se ele apenas estivesse ali.

Mas não era momento para sua dor, tinha alguém que sofria muito mais a perda. Sua filha, uma bela menina fruto de noites insones, brincadeiras adolescentes e um amor unilateral.

Ele deixou apenas que poucas lágrimas escapassem de seus olhos antes que ajudasse a garota a superar tal dor.

....

Já eram quatro horas e eu ainda estava a caminho do Parque.

Quando cheguei Chanyeol estava escorando no muro, tragando um cigarro e olhando para o chão.

Suas roupas eram bem diferentes do habitual, ele estava simples com uma blusa polo verde e uma calça jeans escuro.

— Chanyeol, eu me atrasei um pouco, desculpe.

— Eu jurei que você não viria.

— Por que eu faria isso? — ri soprado.

— Vai saber, vai ver você le- desistiu... acontece às vezes.

— Não desisti... Vamos?

...

Eu gostava de conversar com Chanyeol, gostava de compartilhar as minhas idéias sobre os livros com ele, podia ser estranho pelo fato de o conhecer há tão pouco tempo, mas eu gostava de simplesmente estar ao seu lado.

O passeio havia sido incrivelmente perfeito só por isso, ele fazia meus medos serem engraçados, fazia ser legal encontrar um velho ranzinza ou enjoar na Montanha Russa.

Ele fez a gente tirar fotos idiotas com fantasias idiotas.

Enquanto Chanyeol estava comigo naquele parque até mesmo algumas memórias eu recuperei, lembrei de festas de faculdade e como eu amei ter me tornado um jornalista. A melhor memória que eu poderia resgatar.

Assim como Luhan havia dito, eu larguei direito para fazer jornalismo. Eu pude lembrar dos meus sorrisos, meus trabalhos e meu empenho no primeiro livro, tudo... isso me fez sorrir ainda mais.

...

Chanyeol resolveu que me levaria em casa depois que saímos do Parque, apenas para ter certeza da minha segurança, pois estava tarde, ele desceu do carro e parou na porta da minha casa.

— Eu sei que... que você é hétero... Mas eu posso beijar você? 

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