VII - Um dia e uma noite

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— Eu sei que... que você é hétero... Mas eu posso beijar você? - sussurrou próximo ao meu rosto, seus lábios quase encostando aos meus.

— Er... Não. — coloquei a mão em seu peito e o afastei, foi rápido, mas o sufiente para sentir seu coração acelerado — Eu não sei o que pareceu esse passeio pra você, mas para mim foi só uma forma de conhecer um novo amigo, me desculpe.

— Eu entendo, eu só... me desculpe. — Chanyeol entrou no carro sem mas e deu a partida rapidamente.

Meu coração se acelerou de uma forma estranha, como se... Como se tivesse medo de o perder. Mas não posso poder o que eu nunca tive, então acho que é hora de ver um cardiologista.

Entrei em casa e encontrei Luhan revisando um milhão de papéis que estavam sobre a mesa da cozinha, seu óculos quadrado fazendo ele ficar muito fofo daquela forma.

Peguei uma maçã e sentei de frente para si.

— Lu-ge, como é transar com um homem?

— Tô ocupado, Baek.

— Sério, me conta, como é?

— Você sabe como.

— Hm?

Ele suspirou e parou de olhar os papéis.

— Por que está me perguntando isso?

— Sei lá, curiosidade. Você é casado, vocês transam né?! E bem... Chanyeol me pediu um beijo hoje... Eu fiquei curioso.

— E você beijou? — perguntou um pouco alterado.

— Não! Eca! Mas... fiquei curioso. É como se...

— Você sentisse falta?

— É, já sentiu isso?

— Baek, eu vou sair, preciso falar com o Sehun, volto tarde. — ele pegou seu casaco e deu um beijo na minha testa, pegou as chaves do carro e saiu apressado pela porta.

Ultimamente Luhan tem estado muito estranho.

★ ★ ★ ★ ★

LUHAN POV

Saí de casa e entrei no carro enfurecido! Quem ele pensa que é pra fazer isso com meu bebê.

— Sehun, me passa o endereço do Park! — disse assim que meu marido atendeu o telefone.

"Quer pra que?"

— Pro que você acha? Passa logo!

...

O endereço não era muito distante, não era muito no centro da cidade.

Bati na porta de seu apartamento diversas vezes até que ele viesse me atender, vestindo apenas uma calça de moletom e secando seus cabelos com a toalha ainda sobre os ombros.

— Não se aproxime dele outra vez, eu estou avisando Park. — disse entrando em seu apartamento.

— Por que não? Eu tenho a chance de fazer de novo.

— É tudo culpa sua! Tudo! Ele demorou anos para que se recuperasse e escrevesse um único livro sem que o personagem principal não morresse no fim. Ele demorou anos para falar com outras pessoas. É tudo culpa sua, até mesmo o acidente dele é culpa sua! Ele achou que tinha visto você e então correu para longe, porque... ele ainda te ama. Ele passou anos te amando e mesmo sem memória ele ainda te ama. Por que não continuou longe? — as lágrimas já escorriam pelo meu rosto enquanto eu berrava tudo o que estava preso dentro de mim.

— Livros?

— Ah, vai dizer que está saindo com ele e nunca notou? Vocês saem só para falar dos livros, ele tem relido todos, toda a dor que ele guardou em cada página, ele escreveu aquilo nos seus momentos de maior tristeza.

— Tá dizendo que eu sou o Chanyeol dos livros?

— Não se aproxime mais dele. Deixe que ele seja hétero, deixe que ele pare de escrever, não lembre a ele que um dia você existiu.

★ ★ ★ ★ ★

BAEKHYUN POV

Depois que Luhan saiu, subi para meu quarto e tomei um banho relaxante, logo vendo o livro seguinte da minha lista, seria Coração de Vidro, mas eu já sabia sua história, então apenas passei para o seguinte, Um dia e Uma noite.

Sentir seu amor em cada toque, seu carinho em cada beijo. Nosso amor é leve e agradável como uma brisa de primavera, seus sorrisos me fazem sorrir, seus desejos de bom dia me fazem acordar feliz, te ter ao meu lado me faz ter certeza que sou a pessoa mais feliz do mundo.

É verídico que o amor supera todas as barreiras, mostra que certos defeitos podem ser qualidades, a convivência faz amar mais, e, depois de todos esses anos, eu te amo como jamais serei capaz de amar outro alguém, foi tão difícil chegar até aqui, mas com você ao meu lado sinto que posso vencer o mundo!

Esses eram os pensamentos de BaekYeong enquanto eles dançavam uma música qualquer que tocava no rádio antigo, os sorrisos que não se desfaziam e pareciam brilhar com uma felicidade verdadeira.

Nem as gotas de chuva que caíram do céu não foram capaz de acabar com o momento, apenas o deixar mais quente. Beijos mais quentes.

Chanyeol tirou a roupa molhada do corpo pequeno apenas para que pudesse ver mais e mais da pele pálida, seus dentes, seu lábios, marcando a pele em uma forma de mostrar que aquilo era seu.

Chanyeol nem ao menos se importava com o lugar em que estavam, mas o pequeno sim, era por isso que ele ria durante o beijo e puxava o maior para dentro da pequena cabana. Para que o restante das roupas também fossem ao chão, para que seus corpos pudessem se tornar um e tornar quente tudo aquilo que parecia frio.

Chanyeol mantinha suas mãos entrelaçadas ao do seu pequeno a cada estocada, seus olhares fixos um no outro, seus lábios que se conectavam a cada segundo abafando os gemidos de prazer absoluto, BaekYeong poderia viver daquela forma para sempre, amando e sendo amado.

Mas nem tudo é como imaginamos...

Anos mais tarde tudo veio a ruir, Chanyeol nunca o marcou, seus corações poderiam estar ligados, mas BaekYeong não tinha uma marca para provar isso. Então foi fácil para a família Kim o tomar de volta e o obrigar a casar com uma ômega da matilha, alguém que não fosse raro como ele.

Ele chorou por noites a fio, seu coração acelerado e doendo como inferno, a sensação de que estava o perdendo mais uma vez, de que algo sempre queria o ver sofrer, de que ele não era merecedor de felicidade alguma.

E talvez fosse a primeira vez que alguém morreu de tristeza em tantos anos, pois podem dizer que foi uma parada cardíaca, mas seu coração parou de bater tamanho a dor que sentia ao ter perdido a única pessoa que amaria.

Então sim, é possível morrer de tristeza, morrer de amor.

Eu finalmente entendi o que Chanyeol queria dizer com aquilo, todos os finais BaekYeong morria, em todos os finais a sua tristeza era profunda demais para que ele pudesse suportar, ele queria esquecer, esquecer que perdeu, de que aquele vazio já lhe era conhecido. A cada livro ele teve a chance de recomeçar, de reviver, mas nada nunca saiu do mesmo fim.

Mesmo que eles tivessem um filho, ainda assim era dor demais para que pudesse suportar.

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