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- Então, James. Me conte como foi o seu primeiro dia de trabalho. - Bruce anotava algumas coisas numa prancheta. - Detalhes, eu trabalho com eles.

- Legal. - respondi.

- Só legal? Garanto que conheceu pessoas novas.

- Sim! Conheci Peter, Stark e sua mulher Pepper.

- Ótimo! Agora me diga, o que você achou desse tempo? Acha que aprendeu alguma coisa?

- Sim, senhor. Eu aprendi a tilografar e descobri que consigo escrever duzentos caracteres por minuto. Posso mostrar se quiser.

- Não será preciso. - Ele fez uma nova anotação e sorriu para mim. - Você tem se lembrado de algo durante esses dias? Qualquer coisa...

Quando Bruce me perguntou sobre isso eu havia me lembrado de algumas cenas na noite passada. Steve me abraçando e uma série de pensamentos que me fizerem lembrar dele. Eu respondi que não.

- Certo. - Ele falou. - Você acha que consegue fazer alguma atividade hoje?

- Sim, senhor. Qual vai ser minha missão?

Um sorriso se formou nos lábios dele, mas logo foi desmanchado quando ouvimos uma batida na porta.

- Entre, por favor. - Bruce falou.

A porta imediatamente se abriu e a figura de um homem loiro apareceu.

Steve.

Antes mesmo que eu pudesse raciocinar qualquer tipo de fala ou mesmo que alguém pensamento viesse à minha mente, meu corpo se mexeu bruscamente e eu levantei da cadeira que estava sentado. Bati continência e fiquei de cabeça baixa.

- Espero não ter atrapalhado. - Capitão comentou e entrou de vagar pelo laboratório.

- De forma alguma, eu precisava falar com você. - Bruce olhou para mim e depois para o Capitão.

- Bucky, você não precisa ser tão formal quando estivermos entre amigos. - Steve falou se aproximando de mim.

Eu queria poder dizer algo, mas a única coisa que eu fiz foi sorrir para ele.

- Steve, estive pensando em algumas possibilidades para o tratamento do James. Se os dois concordarem podemos ter os resultados realmente positivos.

- E quais são? - Steve cruzou os braços.

- Podemos mandar o James para a escola. Ele vai aprender a tilograr melhor. Se conseguir se formar poderá ter um emprego fixo com o Stark.

- Não vejo problemas quanto a isso. - Olhou para mim. - E quais são as outras propostas?

- Eu queria que você fizesse parte de algumas consultas com o James. Eu sinto que vocês são ligados um ao outro, mesmo o garanhão aí não se lembrando. Quando fiz os exames de eletrencefalograma o cérebro do Bucky pareceu reagir melhor quando você estava por perto.

O Capitão deixou escapar um pequeno sorriso dos lábios, mas colocou uma das mãos para tapa-los. Bruce parecia saber muito bem do que se tratava aquele gesto de Steve.

- Você foi a única pessoa que conheceu James antes...

- Sim! Não precisamos entrar em detalhes. - Ele interrompeu o mais "velho".

- Senta aqui, James. - O capitão chamou por mim e apontou para uma cadeira que estava ao lado dele. Assim que nos sentamos ele pediu uma folha de papel para Bruce. - Você pode fazer um desenho pra mim? Qualquer coisa que goste ou se lembre.

Eu apenas concordei.

No começo estava meio indeciso, não sabia direito o que desenhar, pois já imaginava que Bruce ou o Capitão iriam avaliar meu desenho.
A imagem de uma rosa e um menino loiro me veio a cabeça. Eu quis ignorar, mas como foi a única coisa que a minha mente conseguiu projetar eu o fiz.

Bruce tinha todas as cores de tintas possíveis e uma coleção de lápis. Eu aproveitei cada uma deles e desenhei uma pequena rosa e o meu menino loiro.

- Pensei que fosse desenhar uma coisa mais concreta. - Bruce comentou. - Eu queria te avaliar, mas você realmente conseguiu se mostrar ainda mais misterioso.

- Por que desenhou uma rosa e um garoto? - Steve perguntou.

- Não é uma simples rosa. Não consegue ver que é especial? É a Rosa do garoto.

- James, você desenhou a rosa de um lado e o menino do outro. São dois desenhos e não um.

- Consegue me explicar o por quê da rosa ser necessariamente do garoto? - Steve me perguntou e pegou o desenho na mão.

Eu balancei a cabeça, dizendo que não. Senti meus olhos arderem, mas não deixei que uma gota escapasse deles. Me sentia totalmente incapaz de explicar uma merda de desenho, mesmo ele saindo da minha cabeça.

- Okay! Tudo bem. - Bruce levantou da cadeira e começou a recolher os lápis e as tintas postas em cima da mesa. - Por hoje é isso. Amanhã eu vou fazer sua inscrição na escola e comunicar ao Stark que você frequentara a base dele após o almoço.

Bati uma continência desajeitada e permaneci sentado, de cabeça abaixada.

- Posso ficar com esse desenho? - Steve se aproximou e estendeu a mão.

Um grande flashback se formou na minha cabeça e eu recuei. Já tinha visto aquela cena antes.

Em questão de segundos meu corpo todo gelou e eu sentia medo. Não conseguia descrever o que se passava pela minha mente, mas eu tive vontade de segurar a mão de Steve. E o fiz.
Meu braço esticou e eu peguei na mão dele.

- Posso me recordar do dia em que você esticou essa mesma mão para mim, Steve. Apenas me diga não é coisa da minha cabeça...

O Capitão abriu a boca para dizer algo, mas sua voz não saiu. Ele não conseguiu dizer uma só palavra, mas eu já sabia a resposta.

- Só diga para mim que você tentou...

- Eu tentei. - Foi a única coisa que saiu da boca dele, após conseguir soltar minha mão.

Letters from a SoldierOnde histórias criam vida. Descubra agora