two

280 34 1
                                    

Peggy saiu do quarto murmurando, mas eu não conseguia ouvir o que ela tanto dizia. Parecia impaciente, como se o mundo fosse acabar hoje e ela estaria vivendo seus últimos segundos.

- Peggy? - Ouvi uma voz familiar ecoando de fora do meu quarto.

Assim que ouvi passos apressados levantei da cama rapidamente ficando tomando minha posição de soldado. Coloquei as mãos para trás e esperei que a porta fosse aberta e logo o Peggy me apresentar ao Capitão.

Assim como esperado, a porta do quarto se abriu e eu vi a figura de homem alto, loiro e forte. Sua boca se abria várias vezes ao me ver e eu não o culpo pois sou um verdadeiro monstro.

Ele olhou para Peggy que não parecia entender muita coisa, seus olhos estavam concentrados no Capitão Rogers.

- Bucky? - Ele pronunciou um nome e adentrou o quarto.

- Que diabos é Bucky? - Perguntei encarando-o.

Seus olhos estavam brilhantes e dentro deles pude notar como marejaram ao olhar para mim.

- As suas ordens, Capitão Rogers! - Bati continência.

Sempre que não sabia o que fazer eu olhava para o chão e esperava quem estava à minha frente tomar uma decisão. Essa ocasião não foi diferente. Fiquei parado como uma estátua esperando alguma ordem.

- O que está acontecendo? Steve? - Peggy se aproximou de nós pegando no braço do Capitão, mas foi detida quando ele puxou o braço.

A boca de Rogers abria e fechava sem parar e ele também não se movia.

Engoli seco.

- Peggy, transfira-o para a minha base militar. Quero todos os militares em volta do meu prédio, ninguém entra e ninguém sai. Leve Bucky... Digo, James dentro de algum carro blindado. Eu quero médicos dentro de cinco minutos para fazer exames. Certifique que tudo saia como eu pedi. - Ele disse e saiu do quarto passando a mãos pelos cabelos.

•••

Capitão Rogers caminhava de um lado para o outro, pegava papéis, assinava e colocava-os em envelopes. Ele parava vários momentos para pensar, as vezes eu o pegava me fitando e coçava os olhos. Ele me fez muitas perguntas das quais eu não consegui responder, por exemplo, como havia chegado aqui ou como havia sobrevivido pelo o que eu passei. Realmente estava achando que ele era louco até me chamar pelo o nome inteiro. Sem dúvidas ele já havia me conhecido.

O Capitão chamava por Peggy várias vezes, era como se ela fosse um tipo de ajudante. Não sei dizer bem o tipo.

- Eu quero uma reunião com Stark e Bruce. - O Capitão ordenou. - Digam a eles comparecerem a minha base sem falta.

Peggy bateu continência e afirmou com a cabeça. Era notável que todos ali respeitavam o Capitão.

- James, eu procurei tanto por você... - Ele disse, me fazendo despertar de meus pensamentes e fazendo focar em sua voz. - Por onde você andou?

- Eu não sei por onde andei Senhor Rogers. Minha memória é altamente falha e eu não posso me recordar desse protocolo.

Uma expressão tomou conta do Capitão Rogers, mas eu não sabia o que significava.

- O que houve com o seu braço? - Ele insistiu em mais uma pergunta.

- Meus braços estão perfeitamente bem. - Respondi.

A boca de Rogers formou uma linha fina curvando-se para cima. Eu realmente não conhecia aquela expressão, mas gostaria de saber o que significa.

- Descanse por hoje. - falou enquanto se aproximava de mim. - Amanhã o levarei para fazer alguns testes e...

Eu havia congelado. Senti um frio subir pelas minhas pernas e correr pela minha espinha. Eu não queria fazer testes. Não novamente.

- Bucky? - Ele levantou a mão para chamar minha atenção, mas meus estintos foram mais rápido. Segurei a mão do Capitão com o meu braço bionico e me afastei. Não queria nenhum tipo de contato.

- Estou cem por cento recarregado, Capitão Rogers, não preciso descansar. - soltei a mão dele enquanto podia sentir seu olhar no meu rosto.

- Como eu ia dizendo - ele continuou - amanhã o levarei num médico, quero me certificar do que houve com você.

Bati continência, abaixei a cabeça e esperei que Rogers me guiase até um quarto.

Letters from a SoldierOnde histórias criam vida. Descubra agora