nine

192 16 3
                                    

O corpo de James penalizava em cima da cama, podia sentir gotas de suor  escorrendo por toda sua testa. Era mais um pesadelo, não muito comum. Enquanto seu peito ardia como fogo, sua espinha gelava e doía. 

O garoto, quase desadormecido,  movia-se lentamente pelo seu leito. Ele queria muito acordar, sair de toda aquela cena que estava vivenciando. Sua respiração já estava descompensada e seus pulmões não aguentavam mais puxar oxigênio insuficiente para atender suas necessidades.

Com um grito, seu coração bateu tão forte que ele jurou ser o barulho de um tiro. Seu corpo tremia tanto que ele pensou em falecer ali, isolado. 

Imediatamente a porta de seu quarto foi aberta com um tranco forte. Bucky sentou-se na cama, respirou tão aliviado que seus pulmões suspiraram duas, ou até três vezes.

Era Steve. 

O moreno tinha consciência de onde estava, todas as noites quando algo ruim acontecia ali dentro, da sua mente, Steve Rogers o contia. Era como se um fosse o porto seguro do outro. Ambos sabiam disso, mas eram orgulhosos de mais para admitir. 

A relação entre James e Rogers havia crescido ainda mais depois do primeiro beijo, há uns dois meses. Eles não assumiram algo concreto, nem dormiam juntos. Exceto quando Bucky tinha pesadelos de madrugada. Steve ficava ali com ele até o amanhecer, as vezes até lhe contava histórias de quando eram adolescente. 

O moreno gostava de quando seus sonhos terminavam, ele era cuidado pela pessoa que mais admirava, a pessoa que esteve sempre com eles nos últimos tempos. Aquele que lutou pelo amigo quando tudo parecia estar tão perdido.

Assim que James avistou o loiro na porta, ele correu para seus braços. Não era como se fosse fraco, ele já havia suportado coisas piores que uma noite mal dormida. Ali, podia encontrar conforto e segurança. 

- Foi só um pesadelo, Bucky. - Steve o segurou firme com seus braços totalmente à mostra. - Vá tomar um banho, eu vou preparar um chá, tudo bem? - Suas mãos agora seguravam firme o rosto do moreno. 

James podia sentir seus olhos encherem d'água, mas ele não deixaria nenhuma escapar. Não por orgulho, apenas não queria mostrar-se ainda mais veraneável naquela situação. 

Ele balançou a cabeça, fazendo sinal positivo para o loiro que, ao perceber seus olhos lacrimejando selou os lábios do mais novo. 

•••

- O que você viu dessa vez? - Steve perguntou. Entregou uma xícara ao moreno e sentou ao seu lado na cama. - Dragões? Stark negando o aumento? Peter brincando com seu braço biônico?

- Muito engraçado. - Rebateu. - Estaria feliz se tivesse sonhado isso, imagina só eu dando uma surra no Stark sem  ser demitido depois. - Um sorriso formou em seu lábio e Steve abafou uma gargalhada. 

James bebeu um pouco do líquido verde que repousava sobre sua xícara, era hortelã. Ele respirou mais uma vez aliviado. Era notável como Rogers fazia tão bem a ele.

- Eu não consigo me lembrar muito bem, foi tudo tão rápido... Eu apenas me recordo de um homem muito alto usando óculos escuros e terno preto. Ele segurava uma mala preta azulada, também.

- Onde vocês estavam?

- Na escola. Eu sei porque eu o vi no corredor principal. De alguma maneira eu conseguia ouvir tudo o que ele dizia, mesmo estando tão longe dele.

- E o que ele disse pra você?

- Não muito. Eu conseguia ouvir meu nome em sua boca a todo momento. Ele perguntou à Carol, aquela amiga nova que comentei com você, onde eu estava. Depois foi a sala do diretor perguntar por mim. Ele me queria, Steve.

- Uau, então eu realmente acho que preciso dar uma surra nele por tentar algo com você. - Brincou.

Um sorriso se formou nos lábios do moreno.

- Eu não me lembro como ele conseguiu me encontrar, estava tudo muito escuro. Depois de um momento eu já estava em outro local. Não sei onde era. Tinha paredes sujas de lodo e o chão era mofado. - Sua garganta deu um nó. - O mesmo homem veio na minha direção com uma injeção enorme. Eu não conseguia me mover. Estava preso com correntes nos pés e nas mãos. Ele injetou a injeção com um líquido verde escuro na minha cabeça e depois tudo ficou escuro.

Steve sentiu um aperto no coração. Ele queria abraçar James o mais forte que conseguia, e o fez. Não ligou para o que ele pensaria naquele momento, apenas envolveu o mais novo em seus braços.

- Foi apenas um pesadelo, certo? Olha.. - Ele puxou a cortina que tirava total visão da paisagem. A janela, que ficava ao lado esquerdo da cama, estava fechada apenas com os vidros. - Está vendo? - Steve apontou para um dos cinco guardas que caminhavam ali fora. - Eu tenho um punhado desses soldados em volta da nossa base. E cinco dos meus melhores homens fazem rondas dia e noite aqui.

James assentiu. Ele não se importava se cinco dos melhores homens estavam ali. Tudo o que lhe fazia sentir-se seguro era estar perto do loiro.

- Ninguém vai vim atrás de você. Estou aqui, certo?

- Você pode dormir aqui? - Ele perguntou. Parecia uma criança implorando pela cama de um pai.

- Tudo bem, mas nada de histórias hoje. Temos que acordar cedo amanhã. 

•••

O dia estava perfeitamente ensolarado naquela manha. Passarinhos cantarolavam ao lado de fora da janela de James. O céu era uma mistura de azul com laranja e amarelo. 

Steve foi quem acordou primeiro. Os dois haviam passado uma das melhores noites juntos, dormiram abraçados e nesse momento acordavam como um casal comum; nada de cabelos penteados ou posturas corretas. 

O loiro se colocou sentado na cama, olhou para o despertador, 6:00 AM. Suspirou, abriu as cortinas e levantou- se da cama. 

- Você costumava me acordar com um beijo de bom dia. - Bucky sussurou e sentou-se na cama. 

- Tô começando a achar que você está mal acostumado. - Brincou e correu logo para selar os lábios do moreno. - Dia longo, reunião pela manhã toda, almoço com o meu namorado, mais reuniões pela tarde e a noite nos escontramos no QG para sua consulta com Bruce.

- Quantas coisas... - disse quase num sussurro. - Pelo menos te vejo na hora do almoço. - Sorriu.

Ao adentrar o buggy de Steve, James podia imaginar toda a noite anterior, como se fosse um filme de romance do qual ele não queria acordar.
As coisas estavam indo tão rápido que ele mal sabia o que Rogers e ele tinham, e independente de saber ou não era algo bom e isso que importava nesse momento.

Steve deixou o moreno na escola, era isso. Outro dia começava, mas esse era o dia em que Bucky descobriria um novo sentimento.
Um sentimento do qual não estava  preparado para sentir.





Próximo capítulo:

J e a l o u s











Letters from a SoldierOnde histórias criam vida. Descubra agora