Capítulo 19 - Mais perto do abismo

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Olho para as horas marcadas num grande relógio de parede com um estilo antigo e percebo que passou mais de uma hora desde que acordei e o meu estômago ronca de fome, o sabor estranho já desapareceu mas continuo com a pulsação acelarada, saímos daquela ala e andamos pelo extensso corredor ...

— Algo está errado, já teríamos sido localizados pelas câmaras de vigilância numa situação normal.

— É eu também acho no entanto pode ser que haja uma e explicação para tudo isto. - Aliás tudo o que aconteceu nas últimas vinte e quatro horas é estranho.

— Já reparaste que por todo o lado há espelhos e quadros?

— Sim e também reparei que embora as assoalhadas sejam grandes mesmo assim parecem mais pequenas que o normal.

— Não gosto disto vamos...

Falámos cedo demais, olhamos para a frente e para trás e os soldados de Lilian começam a cercar-nos, as minhas costas batem nas de Claude para nos podermos defender um ao outro, pegamos nas faças que recuperamos  dos outros soldados e esperamos a aproximação para nos debatermos. De um momento para o outro estamos a travar uma luta corpo a corpo, algo que eu não domino muito bem mas Claude sim. Aproveito a sua ajuda para apanhar a faca que saltou da minha mão com um pontapé de um dos soldados e começo por ferir e matar um por um. Pego numa arma caída e disparo para a abater o homem que neste momento está a tentar estrangular Claude, mato-o sem pensar e faço o mesmo com o resto dos homens. Claude pega na minha mão e arrasta - me para longe dali. Passamos por um espelho que reflete uma pequena luz vermelha, paro de imediato e olho para trás de mim, nada na parede oposta tem uma luz a piscar então quer dizer que a luz vem de trás do espelho. Atiro contra o mesmo que se parte em mil bocados que caem como chuva pelo chão, fico atordoada com a minha descoberta, Claude espreitou de perto e a luz pertencia a uma pequena câmera que estava apontada na minha direção mas mais chocante que isso é constatar que dentro da parede tem uma passagem estreita com câmeras por trás de cada espelho e quadro...

— Estamos num local de testes!

— Um quê?

— Um local onde a Lilian faz testes às pessoas ligadas à máfia, todos os capos o fazem para testar as suas capacidades. - Claude diz e olha para todos os lados.

— Tens a certeza Claude?

- Quase porque a morte dos soldados foi bem real.

- Estamos quase a conseguir sair daqui vamos embora!

Depois de andar mais um pouco chegamos ao Hall de acesso à entrada principal e aos elevadores. Saímos do edifício e constatamos que já anoitecer,  um carro estacionado perto de nós estava destrancada e com a chave no banco...

— Não entres Claude!

— Porque? - ele retira a mão do puxador.

— Este carro está aqui de propósito, é fácil demais, as chaves estão à vista.

— Tens uma ideia melhor?

— Vamos voltar a entrar.

— Endoideceste?

— Olha nada do que aconteceu nestas últimas horas bate certo, estamos a fazer o que eles querem. Vamos mudar as regras do jogo.

— Eu só espero que tenhas razão.

Tarde demais começo a ver um batalhão de soldados com armas apontas a nós, eram demasiados desta vez e não seria louca resistir, olho para o meu irmão que levanta os braços em sinal de rendição mas os soldados queriam mostrar que não era uma brincadeira e vejo Claude cair no chão depois de levar com o canhão de uma pistola bem na nuca, grito por ele mas com uma dor atroz do embate de algo em mim, também eu apaguei.

Água, ar... Preciso respirar, abro os olhos e vejo que alguém acaba de me acordar com água. Tento mexer-me mas estou amarrada a uma cadeira, no centro de um grande espaço que parece abandonado eu olho à volta na minha frente estão dois soldados e à minha volta várias pessoas,  talvez homens que vestem uma longa capa preta com capuz na cabeça, estão estratégicamente em pontos com pouca luminosidade para não poder ver os seus rostos meio cobertos.  Lilian aparece com o seu ar altivo, ela fica parada entre os dois soldados...

— Vocês deixaram-me realmente orgulhosa.

— Orgulhosa por quê?  Onde está o meu irmão e o meu grupo? - Estava com tanta raiva dela que poderia tortura-la por longas horas com prazer.

Ela faz um sinal e um dos soldados aproxima-se para virar a minha cadeira de costas para a velha louca, cinco homens estão atados como eu em cadeiras, com a boca tapada. Aquilo choca-me, já vi coisas piores sim mas ter o meu irmão e todos os que confio tão vulneráveis era doloroso, oiço os seus saltos, ela fica nas minhas costas e mesmo sem a ver sei que está com o seu ar impávido e sereno...

— Estão todos aqui e vivos, pelo menos por enquanto.

— Sua velha louca, eu vou acabar...

— Já sei minha querida, já vi essa ira  estampada nos olhos de outros antes.

— O que você quer afinal?

— Nada de mais, precisava apenas de confirmar que vocês têm sangue Lycan nas veias e fiquei surpreendida na positiva, vocês são bons só tem um problema é que vocês têm os papeis invertidos, Claude é bom para coordenar, um capitão exemplar para qualquer tropa de soldados mas tu és uma líder nata! Tu comandas e casada com um capo serás das mulheres mais poderosas da máfia.

— E quem disse que eu quero essa merda de herança.

— Pensa bem tu tens o brasão da Itália e dos Emirates Unidos por conta do teu marido e agora ganhas a América também. Tens noção do quanto serás poderosa?

— Eu volto a repetir não quero nada disso. - cuspo as palavras com raiva e desprezo.

— Eu também quero muita coisa e nem por isso consigo ter tudo.

Um dos soldados solta-me e passa-me uma arma e pousa cinco balas aos pés de cada um dos meus amigos e do meu irmão, Lilian vem para trás de mim...

— Cada um representa um país que tens o poder de comandar mas se não quiseres tamanha responsabilidade; acaba com eles. Cada um que matares será menos um país para liderares.

— Você está louca eu não vou matar ninguém!

-— Claro que vais menina!

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