Descubro que não sou tão inútil assim

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Seguimos andando, silenciosamente. Glimmer estava andando sempre a frente, claramente nervosa. Será que é por minha causa? Afinal o irmão dela teve que sair da missão para que eu entrasse.
Depois de pegar um táxi até outra cidade, descemos em frente a um museu.

-Qual o motivo de termos vindo para cá?-perguntei assim que descemos.

-Glimmer consegue rastrear monstros com a magia dela. Por ser filha de Hécate ela domina bem isso.-Jake me explica.

Por um lado fico tranquila, ja que o nervosismo dela era por isso e não por minha causa. Mas por outro lado...
Eu não estava preparada para enfrentar monstros. Só vi um na vida e nem cheguei perto dele.

-Ah...pessoal, eu.. não sei lutar. Se vamos enfrentar monstros, serei inútil.-disse timidamente.

Jake e Glimmer trocaram um olhar.

-Johanna, alguma coisa estranha já te aconteceu? Algo tipo você ter controlado algum elemento, ter tido superforça ou algo assim?-Perguntou Glimmer.

-Hoje mesmo mais cedo aconteceu algo assim pela primeira vez... mas porque a pergunta?- tantas coisas aconteceram desde que curei magicamente meu amigo. Parece que isso foi ha dias, mas só passaram algumas horas e já estou aqui, em outra vida, sendo uma semideusa em missão com minha mãe raptada. Sinceramente os deuses não facilitam.

-Precisamos saber quem é o seu pai divino, assim podemos formar melhor estratégias e saber quais os seus limites. Você viveu uma vida normal por conta de seu pai ser um deus menor, isso faz com que sua aura não atraia muitos monstros. Mas para a maioria de nós, não é assim. Monstros nos caçam desde que temos 7 anos, e então morremos ou fugimos até encontrar o acampamento. É muitíssimo raro um semideus chegar na idade que você tem e não ter sido caçado. Por essas razões entendemos que você não saiba lutar, mas deve haver algo que você saiba fazer. Conte-nos o que te aconteceu.

Assim que ela acabou de falar eu me arrependi de ter me queixado sobre os deuses não facilitarem para mim. Minha vida toda foi fácil em comparação a eles, e só por conta de uma coisa ruim já me queixo assim. Sinto-me muito mimada agora.

-Eu curei um amigo meu. Não sei explicar, ele se machucou e eu fui limpar a ferida, mas enquanto eu ia passando a mão, ela ia se curando, até que em poucos instantes não havia mais nada, até o sangue sumiu magicamente.

Glimmer olha para Jake como se ele tivesse a resposta.

-Cura é um atributo de Apolo, mas nunca vi nem ouvi falar sobre nenhum de meus irmãos curando assim só de passar a mão. Geralmente usamos magia junto com equipamentos.-diz Jake.-Por isso eu não acho que você seja filha de Apolo, mas...-ele se interrompe.

-Glimmer, você não pode adivinhar? Quer dizer, com esse lance ai de ler a aura com magia.-digo.

-Não é bem assim que funciona, eu posso rastrear monstros mas nao a espécie de monstro, sentirei um cão infernal da mesma forma que sentiria a Hidra, e eu não tenho radar de semideuses. Para isso nós temos os sátiros.-explica-me ela.-Mas então Jake, se ela não é filha de Apolo mas tem o dom da cura, quem poderia ser o pai dela?

-Há muito tempo, nas lendas antigas, Apolo teve um filho que dominou a arte da cura melhor que o próprio deus, ele era tão bom que até revivia os mortos, por conta disso foi morto por Zeus, mas após alguns acontecimentos, ele foi revivido como um deus. Ele era Asclépio, o deus médico. Ele tem filhos, mas só nas lendas. Nunca havia visto um semideus atual como filho dele.-Diz Jake completando o raciocinio.

Asclépio? Minha mãe nunca me contou a lenda dele. Estranho...

Glimmer estava prestes a falar algo quando um barulho de algo se quebrando veio de dentro do museu, depois de alguns instantes um mortal, provavelmente o guarda, saiu correndo de lá apavorado.
Nos entreolhamos e corremos para lá. No meio do caminho, Glimmer tirou uma adaga da mochila e deu para mim.

A filha de AsclépioOnde histórias criam vida. Descubra agora