AIDEN
Passei a noite quase toda em claro. Já era de se imaginar que a Dove não soltaria fogos de artificio assim que eu voltasse, mas ouvir que nenhuma das meninas me queria por perto, admito, doeu um pouco. Claro, são amigas da Dove e irão querer protege-la de tudo que possa machuca-la. Principalmente de mim, alguém que já a machucou no passado. Eu mudei, amadureci, quero que todos vejam.
Eles precisam ver. Para eles, ainda sou aquele adolescente que fugia de tudo, principalmente quando algo se agravava. Não sou mais assim.
Já sem paciência levanto da cama, estremecendo ao colocar os pés descalços no chão gelado. Devia ouvir minha mãe e colocar uma meia para dormir. Calço meus sapatos e caminho sem rumo pela casa, tentando ao máximo não fazer barulho e acordar meus pais.
Entretanto, sou surpreendido por uma luz acesa na cozinha. Então tentando não fazer muito barulho, o que era quase impossível, me aproximo lentamente do cômodo aceso, dando de cara com meu pai furtando a geladeira em plena madrugada.
- Pai? — pergunto chamando sua atenção. Ele dá um pulo para trás, acho que não me ouviu chegar...
- Quer me matar do coração Aiden? Logo agora que me aposentei e posso curtir a vida? — ele brinca colocando uma das mãos do lado esquerdo do peito, como se eu o tivesse assustado.
Meu pai, James Tames, era o cara mais dramático que já conheci em toda a minha vida. Ele, segundo minha avó — sua mãe — desde pequeno, foi assim. Minha mãe já não ligava para isso, os anos de convivência a fizeram se acostumar o suficiente com as cenas de "drama". Ela brinca que ele devia ter tentado a carreira de ator, segundo minha mãe, ele seria o mais dramático que já se virá.
- Por que você está aqui? Não está tarde não? — pergunto ignorando seu pequeno show.
Ele coça a cabeça com uma das mãos e com a outra fecha a geladeira com cuidado para não fazer muito barulho.
- Perdi o sono, dormi demais de tarde. Às vezes é um saco ser aposentado, me sinto um inútil. — ele reclama se sentando em um dos banquinhos da cozinha e me convidando para me sentar com ele.
Antes, pego um copo, encho-o de água. Me aproximo e devagar me sento ao seu lado.
- Sua mãe me contou que você foi comemorar o aniversário da Dove com o pessoal. — ele solta e eu engasgo com a água que está na minha boca.
- Está difícil voltar a me aproximar deles. Ninguém esquece o que aconteceu no passado, mesmo eles tendo me perdoado. Eles parecem viver no passado... — era bom poder contar para alguém.
- Quem vive de passado é museu. Todavia eles podem querem ter a real certeza de que você está de fato mudado. — enquanto ele fala, eu solto o ar dos pulmões devagar. Disso eu já sabia. Cheguei a essa conclusão após duas horas deitado na cama sem conseguir pregar os olhos.
- Eu me enganei tanto, descobri que as meninas não me queriam perto da Dove, assim como os meninos, eles temem que eu volte a machuca-la. Discuti com o Danny e com o Kota por eles não me deixarem chegar a dois metros dela. Agora a Dove por sua vez se mostra indiferente cada dia mais, talvez esteja só querendo me manter afastado agora que não está mais noiva. — dou de ombros olhando para o copo vazio em minhas mãos.
Talvez contar para o meu pai não tenha sido a melhor coisa, ele parece não saber o que me dizer. Mas já que eu comecei, talvez seja melhor contar tudo.
- E se ajuda a piorar mais, minha empresa está decidida a comprar o Clube Distan, vão falar com os proprietários essa semana e me escalaram, como sou o CEO, para estar presente na reunião. — falo para completar o desastre.
Ele sorri, não sei se está tentando me tranquilizar ou se está rindo da minha cara.
- Filho no final tudo se resolve. — ele coloca sua mão em minhas costas. — Ouvi, a muito tempo atrás que nem tudo fica para sempre bom ou ruim, em algum momento a vida entra na média. E se a sua vida hoje está um caos, amanhã ela pode voltar a ser como era antes. E acredite quando digo, é verosímil.
Forço um sorriso, talvez lá no fundo ele tenha razão, mas e se esse amanhã demorar mais do que eu possa suportar?
***
Ajeito minha gravata, antes de entrar no escritório, receberemos os donos do clube hoje para uma reunião e eu, como comprador em potencial, tenho de estar no mínimo apresentável.
- Aiden! — minha secretária Wendy faz sinal para que eu me aproxime assim que passo por sua mesa.
Me aproximo, ainda acho estranho estar no comando de uma grande empresa como essa. Talvez o mais estranho seja ter uma secretária.
- Me chamou? — pergunto ao parar em frente a sua mesa cheia de papéis, que lembra vagamente minha mesa no escritório em Amsterdã, um caos, antes de me promoverem e mandarem de volta para minha cidade e país natal.
- Um tal de Trent Tunner já ligou duas vezes perguntando por você. — ela fala me entregando um papelzinho com o número. — Pediu que você retornasse assim que chegasse no escritório.
Alguém deve ter contado para ele do meu interesse pelo clube.
- Pode deixar, vou retornar assim que possível. Obrigado Wendy, e continue com o bom trabalho... — saio de perto da mesa dela. Céus, eu não sirvo para ser um chefe...
Caminho lentamente até minha mesa. Ao mesmo tempo de eu não estar a fim de ouvir a voz do Trent, eu estou. Disco o número anotado por Wendy e espero a chamada ser atendida.
- Aiden. — Ele atende áspero. — O que passou na sua cabeça ao dizer para a Dove dar aulas para seus antigos alunos aqui do clube na casa dela? — Ele parece irritado.
- Eu estava pensando nela, sabe, o fato de ter sido despedida no dia do próprio aniversário. Não é tão bom quanto pensa. — falo segurando para abrir um sorriso de deboche.
- Sabe quantos alunos dela cancelaram as aulas aqui porque irão fazer aula só com ela? Você influenciou ela a quebrar a parte musical do clube que pretende comprar! — Trent começa a gritar do outro lado da linha.
- Ah, então ficou sabendo? — dou risada, estou gostando de provoca-lo. — Não precisa se preocupar quanto o que faço ou deixo de fazer Trent, eu sei como jogar esse jogo.
- Aiden, ela vai quebrar o departamento musical! — ele resmunga.
- Sério? E vocês não pensaram nisso quando demitiram ela dai? Uma pena que perderam uma professora como ela...
- Você não sabe de nada, — ele gritava. — eu tive que permitir isso, não saiu de mim, não tive opção.
- Eu imagino, vejo que ainda depende dos seus pais para agir. — falo — Sabe, eu gostaria de poder passar horas aqui conversando, mas tenho coisas mais importantes para fazer agora. Então, até. — me despeço e desligo sem esperar uma resposta decente.
Posso estar sendo infantil, mas me irrita ver alguém influenciado por outras pessoas. Alguém que não pensa por si mesmo. Alguém que seja mauricinho, ou melhor, alguém que seja Trent Tunner.
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AMO VCS <3
-Rah💜
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Dear Love
RomanceAiden Tames está de volta após 8 anos fora do país. Junto com ele vem a lembrança dela. A garota que deixou para trás com o coração em pedaços. Dove Green agora aos 25 anos está noiva de Trent Tunner, um cara que ajudou ela assim que Aiden a deixou...