VII

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Pelo que sei, enquanto estava desmaiada eu tive febre, estava gripada por conta do sereno da cela, e a falta de alimento não me ajudou na imunidade. Jack me deu banho antes de me deitar e tratou do meu ferimento. Não sei até hoje aonde ele havia aprendido à cuidar de ferimentos desse tipo, mas ele sabia.

Acordei um pouco depois de tudo aquilo, mais ou menos 3 horas mais tarde. Ainda estava tudo embaçado, minha cabeça doía e meu estômago também. Jack estava sentado ao meu lado em uma cadeira, com a mão em meu braço e olhando para a janela que demonstrava uma linda lua cheia rodeada de estrelas, ele estava sem máscara, seu rosto...tão  bonito. Seus grandes olhos verdes estavam mais realçados que podia ver o resto de seu rosto. Belos cabelos compridos que caiam na altura de seus ombros, seus lábios esboçavam um pequeno sorriso, Jack não vira que eu havia acordado. Fiquei olhando para ele por um instante, admirando como uma pessoa daquelas poderia causar tanto mal à outra...

Tentei discretamente afastar sua mão do alcance do meu braço, mas ele sentiu e me olhou.

- Que bom que acordou, já está tarde, mas você precisa comer- ele afastou no mesmo instante sua mão de mim e se levantou bruscamente, logo em seguida indo em direção à porta.

Sentei na cama com dificuldade e joguei minhas pernas para o lado, pousei meus pés no chão, mas não conseguia criar forças para me botar de pé. Não queria, mas estava com tanta fome que tive que faze-lo. Chamei por seu nome antes dele sair pela porta.

- Jack, eu não consigo...não consigo levantar...- ele se virou e voltou para perto de mim, sem dar nenuma palavra se sentou ao meu lado e passou seu braço pela minha cintura e o meu pelo seu pescoço.

Juntos nós nos levantamos da cama, senti uma pontada de dor no meu estômago e soltei um pequeno grunhido.

- E-estou bem- sentia um pouco de repulsa por estar proxima à ele, mas alíviada por não estar mais embaixo.

Assim nós fomos juntos por todo o corredor, quando chegamos na escada ele me pegou no colo e foi descendo devagar. Não sei o que senti naquele momento, meu coração palpitava, mas minha mente gritava de medo. Decidi escutar minha mente e coloquei na minha cabeça que era só o fato de não ter mais ninguém por perto por um longo período de tempo, algo momentâneo e sem fundos, algo impossível.

  Não queria ser mais uma daquelas garotas que se apaixonam por seus sequestradores em histórias de romance super clichês que eu lia. Por mais que o que estava acontecendo comigo fosse o auge do clichê.

Chegamos ao pé da escada e Jack me colocou no chão novamente, em seguida voltamos à posição inicial, ele me ajudou a caminhar devagar até a sala de jantar, estava delicado como uma rosa, me tratava como uma pequena boneca de porcelana. O caminho todo nós ficamos em silêncio, nem eu nem ele tínhamos nada para falar. Eu havia acabado de ser resgatada do porão pela mesma pessoa que tinha me colocado lá. Uma confusão se fazia dentro de mim. Ele me sentou em uma das cadeiras e diante dela estava um prato fundo com uma sopa e ao lado um copo de água.

Apenas encarei a comida por um tempo, meu estômago roncava alto. Não queria comer, não na presença dele. Jack estava parado ao meu lado apenas me observando, quando notou que eu não iria comer ele se sentou na cadeira ao lado e pegou a colher do prato.

- Mackeyla, você precisa comer, o seu corpo está fraco e seu estômago mais ainda, coma- ele levou a colher até minha boca, mas me recusei à abri-la.

Ele soltou um suspiro forte, largou a colher no prato novamente, se levantou e foi embora sem dizer uma palavra. Assim que ele saiu eu me certifique de que não voltaria e desesperadamente comecei a comer. A sopa estava quente, mas não me importei muito e apenas continuei. Cheguei ao final do prato em poucos minutos e me sentia satisfeita.

Aonde eu vim parar? (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora