Capítulo IV

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Naquela manhã tudo parecia perfeito, só nós os dois na cama, cada um com um sorriso no rosto. O pior estava por vir. Os dias foram passando e tinha chegado a hora.

O meu pai tinha notado a proximidade que crescia a cada dia entre mim e a Matilde e então decidiu ter uma conversa comigo. Quando cheguei a casa lá estava ele sentado no sofá e chamou-me: Meu filho precisamos de falar sobre um assunto muito importante! Que assunto é esse? Já se sabe mais alguma coisa sobre o assassínio do meu avô? Não, não é sobre esse assunto, é sobre um outro, que te envolve a ti e à Matilde! Que assunto poderá ser? O que temos nós que seja assim tão importante? Tenho notado a vossa proximidade e por isso tenho de te alertar antes que seja tarde demais. Como sabes tu e ela pertencem a duas famílias reais, e por isso há um senão a ter em conta. Pai, já não estou a perceber nada desta conversa. Então mas qual é o problema de eu e a Matilde andarmos próximos? Eu vou explicar-te tudo agora mesmo, Lourenço! As descendentes de famílias reais quando nascem têm logo um feitiço lançado sobre elas, que pode muito bem condicionar vidas. Está a dizer-me que a Matilde está sobre algum tipo de feitiço? Sim está! Se uma rapariga descendente de sangue real perder a virgindade com um rapaz  de sangue real, que por sua vez também seja virgem até ao momento, os dois ficam, a partir do momento em que perdem a virgindade, prometidos um ao outro, sem se poderem envolver com mais ninguém e com a promessa de uma vida nada fácil pela frente. Portanto Lourenço, toma cuidado com o que possas fazer! Assim que o meu pai olhou para mim, percebeu logo tudo apenas pela expressão na minha cara.

Saí de casa a correr, tinha de contar aquilo à Matilde, mas ao mesmo tempo não sabia como lhe contar tal coisa. Prometidos um ao outro para toda a eternidade? Como pode ser possível tal coisa? Como irá reagir ela? O que vamos fazer da nossa vida? Tanta pergunta e eu sem lhes saber dar resposta.

Quando finalmente cheguei perto dela não me saíam palavras da boca, apenas tremia dos pés à cabeça. Ela como era de esperar ficou preocupada por me ver assim e tentou perceber o que se passava comigo. Depois de alguns instantes consegui acalmar-me e então disse-lhe que tinha uma coisa para lhe contar e que provavelmente teríamos cometido um erro. Lourenço, estás a deixar-me ainda mais preocupada, afinal o que se passa? Matilde, hoje o meu pai contou-me algo que era preferível ter contado antes, uma vez que agora é tarde para corrigir.  As raparigas descendentes de sangue real, como é o teu caso, quando nascem ficam sobre um feitiço que se mantém por toda a eternidade. Estás-me a dizer que estou enfeitiçada? Explica lá melhor isso porque até agora ainda não percebi o que tens tu a ver com isso. Então vais perceber agora mesmo. O feitiço diz que se uma descendente de sangue real perder a virgindade com um descendente de sangue real, que também seja virgem até ao momento, ficam automaticamente destinados um ao outro com a promessa de uma vida repleta de problemas. Percebes agora o que eu tenho a ver com isto? A Matilde não se mexia, apenas olhava para mim com um olhar de pânico, raiva, angústia e eu olhava para ela a tentar arranjar algo para a acalmar, mas nem eu estava a saber lidar com aquela informação quanto mais saber como a ajudar a ela. Quase uma hora depois, Matilde falou pela primeira vez. Estás a gozar comigo, certo Lourenço? Estamos o quê um ao outro? Não achas que somos novos de mais para algo assim acontecer nas nossas vidas? Tu não me digas que sabias disto desde o começo e que fizeste de propósito! Eu? Como podes pensar isso de mim, Matilde? Esqueceste que isto também me afeta? Como podes duvidar de mim? Pensei que já me conhecias melhor! LOURENÇO SAI JÁ DA MINHA CASA! NÃO TE QUERO VER À FRENTE! Sim, é o que estão a pensar, eu fiz o que ela pediu e fui embora.

O que se passa? Quem são eles? Quem é que está prisioneira deles? É a Matilde? Mas onde raio estou eu? Espera lá, eu conheço aquele que está ao lado da Matilde, ou será que não? É ele mesmo, é o tal líder da família Agostini. Mas que raio fazem eles ao manterem a Matilde presa? Já agora porque é que não consigo chegar perto deles nem mexer-me?

Lourenço estás a ouvir-me? Ah? Quem é que me está a chamar? Onde está a pessoa que me está a chamar? Lourenço, acorda filho, estamos a ficar preocupados! Espera, isto é um sonho? Um pesadelo? O que raio é isto? Lourenço acorda! E finalmente abri os olhos para a dura realidade. Estava no meu quarto mesmo sem fazer a mínima ideia de como lá fui parar, sendo que a última coisa que me lembro é de ter saído de casa da Matilde.

Alguém me sabe dizer como é que vim parar ao meu quarto? Qual é a última coisa de que te lembras, Lourenço? Eu? De ser expulso de casa da Matilde e estar a vir para aqui! Quem te trouxe foi a Matilde. Pelos vistos foste atacado por um grupo da família Agostini, e embora tenhas derrotado todos caíste inconsciente e ela trouxe-te a casa. Atacado?  Como pude ficar inconsciente se derrotei todos? A única explicação que eu vejo tem tudo a ver com a quantidade de poder que tu possuis. Como assim? Tens de treinar o teu corpo para que ele consiga suportar todo o teu poder, enquanto não fazes isso ficas restrito a uma pequena parte do teu poder. Portanto agora tenho de começar a treinar a toda a hora, porque eu quero o poder todo para acabar com a raça daqueles italianos. Bem, está tudo desvendado, portanto vou arrumar as coisas para amanhã e vou dormir.

Enquanto arrumava as coisas havia algo que não me saía da cabeça. O que teria sido aquilo? Um simples sonho assim esperava eu.

Será que a Matilde vai às aulas? Será boa ideia ir falar com ela? Será que se vai sentar ao meu lado à mesma? Tenho de arranjar maneira de a fazer acreditar em mim.

Pouco depois de me levantar recebi uma mensagem do João onde perguntava se eu queria ir com ele para a universidade e eu pensei, "porque não?", a Matilde não deve querer ir comigo assim não vou sozinho. E assim foi, combinei com ele para vir ter a minha casa e de lá seguimos para a universidade.

Quando cheguei lá vi toda a gente menos a única que realmente queria ver. A campainha tocou e lá fui eu.

A primeira aula passou e nada de Matilde. Decidi então ir ver se encontrava a sua irmã, Patrícia, para tentar saber se ela estava bem, mas para espanto meu também não a encontrei. Já não estava bem na universidade, com as coisas assim com ela eu não me sentia bem, então decidi faltar ao resto das aulas e ir treinar como o meu pai me tinha dito. Depois de passar o dia a treinar até à exaustão fui para casa descansar. No caminho mandei uma mensagem à Matilde a perguntar se estava tudo bem e se poderíamos falar. Como eu já esperava ela não respondeu.

Passaram três dias e eu continuava sem saber nada sobre a Matilde até que ao quarto dia, a Patrícia foi à universidade e assim que me viu veio abraçar-me a chorar e só dizia que precisava da minha ajuda. Assim que consegui que se acalmasse perguntei: Então Patrícia, para que precisas da minha ajuda? Alguma coisa sobre a universidade? Não Lourenço, é sobre a minha irmã. Sobre a Matilde? O que se passa? Lourenço, a Matilde foi raptada!


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⏰ Última atualização: Jun 20, 2018 ⏰

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Lourenço Santos - O início da jornadaOnde histórias criam vida. Descubra agora