Prólogo (Degustação)

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Amanda Silveira.

Era tarde da noite quando eu sai da escola, estava no último ano depois de ter repetido uma vez por falta de atenção. Esse ano era provável que eu teria que dar tchau aos bailes e focar nos meus estudos se eu ainda quiser algo para o meu futuro.

Hoje foi o último dia de aula, entramos em julho e com ele deu início as férias de meio de ano. Fiz um comunicado a todos que convocaram a minha presença em festas nesse mês, deixei claro que não poderia comparecer pois tenho planos com os meus estudos, pretendo estudar tudo que não aprendo antes das férias. Claro que ninguém me levou a sério, ninguém me levava a sério quando o assunto era eu enfiar a cara nos livros.

O relógio no meu pulso marca dez e vinte, hoje me dei o luxo de ficar uns minutinhos em frente a escola fumando um com uns colegas, acompanhei um deles até a sua casa porque já tava entrando em umas brisas errada aí e eu tive pena. No caminho até em casa cumprimento alguns conhecidos com um aceno curto, por todo todo lugar que eu passo retribuo com um aceno, conheço todos desse bairro a anos, estou a anos morando aqui, tanto que sempre fui uma das primeiras a saber sobre tudo que rolava aqui no meu bairro.

Caminhava com um baseado entre os lábios quando virei a esquina de casa, logo avistei um carro da Civil que toda noite faz ponto ali na esquina, apenas no aguarde de receber alguma denúncia de que alguém havia aberto a porta da Biqueira da rua debaixo pra então invadirem, estava no mesmo ponto de anteontem. O mesmo PM do Cavanhaque bem Feito me olha assim que passo em frente a viatura, deslizo o baseado até os dedos e pisco para o homem que manter um olho no meu baseado e o outro no meu decote generoso, chegava a ser engraçado o quando eles se encantavam por um corpo bem feito.

Desço a rua da minha casa dando um trago pra um, dando um trago pra outro e assim segue até eu chegar em frente a minha casa.

—  Da Licença.—  Peço a desocupada da minha vizinha que deixa de ficar na porta dela pra vir fumar na minha, nada contra a fumar na minha porta, mas na minha ausência é foda, e ainda por cima querer abusar e ficar fazendo ponto aqui todo dia, assim não dá também, se lasca.

A bicha já não ia com a minha cara por ter roubado a cena no último baile que fui ali na baixada, quem era uma novinha com tudo em cima  igual eu ao lado de uma senhora igual ela, faça-me o favor ne irmã.

Guardo a ponta do meu baseado na minha caixinha e jogo dentro da bolsa antes de entrar em casa, no entanto, no momento que abro a porta sou rodeada pela minha Golden.

— Oie fofuxa!! — puxo minha voz infantil pra ela, ela tá uma coisa tão fofa com aquele acessório na cabeça, a recebo com beijos e carícias como todas as noites e passo pela sala, vejo meu pai com os olhos presos no iPad enquanto minha mãe assiste televisão e faz as unhas ao mesmo tempo. — Boa Noite. — desejo brevemente e logo ganho a atenção do meu pai.

— Chegou tarde.

— Fiquei em frente a Escola um pouco. — Murmuro dando uma rápida olhada na direção da minha mãe que nem se quer me olha de volta, ela ainda está intrigada com umas paradas que fiz mês passado e tamo nessa greve de silêncio a dias. — Vou tomar Banho. — Comunico caminhado pelo corredor, passo pelo quarto do meu irmão mais novo que estava tão viciado em um jogo no computador que mal me nota passar em frente o seu quarto. Empurro a chave na fechadura do meu quarto e a abro deixando então Golden passear pelo cômodo.

Desde mês passado que eu passei a fechar o meu quarto e só o deixo aberto quando estou em casa, pelo simples motivo da minha mãe ser curiosa até os últimos e sempre mexer nas minhas coisas atrás de algo pra podermos brigar. Sem contar que Vinícius, meu irmão, adora mexer na minha Televisão e por ter canais Adultos eu não o deixo entrar no meu quarto.

Por acaso (No Telegram)Onde histórias criam vida. Descubra agora