- Espera! Volta a fita! Você chamou ela de vadia e pegou pelos cabelos? - Eu e Lola já estávamos a meia hora na biblioteca conversando em vez de fazer o trabalho. - Você é incrível Sam! Tava na hora de alguém ensinar uma lição pra quela vaca de mini saia.
- Quer biscoito? - Coloquei o pacote na frente dela.
- Acho bom a gente fazer o..- Ela colocou um biscoito na boca e ficou olhando para a porta atrás de mim.
- O que foi? - Quando virei-me para olhar avistei Charles, um garoto certinho da outra sala. - Eu não acredito! Você gosta do Charles?
- Não! Nada haver! Ele é certinho de mais, olha aquilo! - virei novamente para olhar. - Cabelo puro gel, sapato de velinho e colete. Nada haver comigo!
Olhei para Lola. Era lógico que ela gostava dele, estava literalmente babando nos livros. Era estranho vê-la daquele jeito por um garoto como o Charles. Ela era Rock e ele música clássica. Ela era festa e ele caseiro. Ela dormia nas aulas e ele perdia o sono nelas. Ela era louca e ele apaixonado por loucuras...
- Vai lá fala com ele! - sussurrei para ela.
- Você está louca!- Lola arregalou os olhos
- Se você não for, eu chamo ele aqui!
- Mas o que eu falo? - Ela se levantou e ajeitou o cabelo.
- Mas, eu sei lá! Só vai! - Dei risada quando ela pegou o celular, antes de sair, para olhar o rabo de cavalo de sempre.
Observei eles no balcão. Ela se escorou, cruzou os braços e baixou a cabeça, ele simplesmente sorriu. Senti uma pontada de inveja, podem me chamar de boba mas, pequenas coisas como aquela que estava vendo eu queria para mim. As vezes o mais simples toque deixa uma pessoa feliz e uma simples voz pode arrepiar a alma. Eu queria sentir aquilo. Aquelas emoções, borboletas no estômago, felicidade ao ouvir um "que saudade" acompanhado de um abraço apertado, ou até mesmo uma gargalhada e um "aí que nojo" depois de uma lambidona no meio da cara... Coisas simples que mostram que o amor é real e não apenas um sonho.
Senti meu celular vibrar dentro da minha mochila, o que fez eu me despertar. Liguei a tela e vi vinte e três ligações perdidas, algumas do meu pai e outras com o número de Paris. Naquele instante senti meu corpo gelar, e vi o número do meu pai aparecer em forma de ligação. Consegui sentir meu coração bater mais forte quando o "oi" dele sair de modo desesperador, acompanhado de um "sente-se e me escute!".
Snow! Não!
Lágrimas começaram a rolar pelas minhas bochechas, e tudo que me lembro é de ouvir meu pai dizer sobre a moto, o acidente, eu derrubando a cadeira e sair correndo da biblioteca. Depois disso, um grito de Lola, um freio de carro. A escuridão.
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O Garoto dos meus Sonhos
RomancePara todas as garotas que acreditam que o amor é apenas um sonho.