Psicoterapia

Escondido

Park Jimin estava ficando maluco.
Bom, de certa forma, maluco ele já era, entretanto, estava ficando maluco com os olhares.

Não eram quaisquer olhares, eram olhares de Jeon Jungkook, que onde o loiro ia, parecia estar ali, parado, lhe encarando com seu costumeiro sorriso debochado, na grande intenção de fazer com que o Park saísse do controle. Como um caçador espera sua presa, de forma tranquila e calma.

Faziam aproximados cinco dias que Jimin deixou a clínica, voltando para sua vida "normal", frequentando as aulas e mantendo o rosto sempre abaixado em todas elas, evitando olhar para os lados, se encontrando com Kim Taehyung nos intervalos e as vezes ate na saída, compartilhando dos tão amáveis salgadinhos que a toda manhã V pegava na padaria do pai.

Foi lá pelo terceiro dia, que Jungkook também deixou a clínica, prometendo se comportar e se abrir mais com o médico responsável por si, que mesmo receoso, liberou a saída do jovem.

Mesmo estudando em escolas diferentes, Jungkook eventualmente, pela rua, parques, praças e sorveterias, esbarrava com o loiro, falar que era de maneira acidental não fazia parte dos planos de Jeon ao incomodar o garoto, então para si era mais fácil dizer logo que o estava perseguindo, causando arrepios na pele levemente bronzeada, dividindo o cérebro já confuso de Jimin, entre "sentir medo" e "não sentir medo", revirando até mesmo o estômago dele.
—Você devia cuidar da sua vide— era o que sempre dizia para o garoto de fios negros.
—Pobre Park, uma pena que você deixou rastros e eu tive que apagá-los— se referia às filmagens do antigo quarto de Jimin na clínica, recentemente sumidas após o impulsivo beijo entre os dois. —Sua saída de lá, deve a mim.

Jungkook provocava, provocava de modo suave até o mais complicado, colocando dúvidas na cabeça alheia através da sua lábia incrível, muitas vezes deixando Jimin de cabelo em pé.

Ao sentar na clínica, ao lado do Kim, foi obrigado a perguntar.
—Eu irrito Jimin?
—Você irrita a mim! Prometeu que sairíamos todos juntos para um café e fica deixando o Chimchim todo arisco, aí não tem jeito, não vou ir sozinho com o Hoseok, o que ele pensaria? Não consigo nem imaginar a possibilidade de não falar com ele novamente.

Jeon revirou os olhos, irritado com as respostas nada claras e diretas, como queria.
—Esqueça que eu perguntei— bufou, vendo o consultório ser liberado e dar sua vez.

Talvez aquele não fosse o dia do Park ter uma consulta, e ele não queria ter uma consulta fora do seu dia, isso apenas provaria que não estava melhorando. Sua mãe, apesar disso, marcou, ao ver que novamente o filho coçava os braços por baixo da manga fina que usava, se preocupando a cada minuto mais com o filho.
—Bom dia, Naynay noona— era assim o fofo apelido que havia dado para a secretaria, que sorriu aberto.
—Oi Jimin, bom dia.

O Park se escorou na bancada, para conversar melhor com a moça, mas logo sentiu sua barriga ser rodeada por mãos finas e geladas, o cheiro de pão francês expelia da pele do amigo.
—Oi Tae— se virou, fazendo o novo "toca aqui" que ambos tinham.

Apesar de tudo, o loiro se acostumou muito bem com Kim Taehyung, identificando seu gênero sem problemas algum pelo simples modo de falar.

A mãe de Jimin apareceu logo em seguida, Sra. Park sentou-se próximo aos garotos, examinando o Kim com certa curiosidade. Eram raros os amigos que o filho fazia, devia ter algo muito especial naquela pessoa para que Jimin conseguisse manter uma amizade.
Porém, o nariz da doce mulher foi franzido ao observar o rosto de Jeon Jungkook ao sair do consultório, lembrava bem do dia em que o garoto colocou fogo ali, sem remorso algum.
Nunca fora uma pessoa julgadora, a diferença nessa situação era de que Jungkook lhe assustava ao ser tão interessado em Jimin.
Sra. Park observou o sorriso percorrer o rosto do incendiário ao ver seu filho, um gesto tão mínimo que quase não pode ser observado.

Antes mesmo que a mãe pudesse dizer algo, ou Jimin notar o garoto parado ali, V correu e se jogou nos braços de Jungkook, como se não o visse a séculos, sendo que havia o visto a uns 50 minutos antes.
—Hey coisa chata, distância— Jeon o puxou para longe de si pelo capuz, rindo fraco.
—Você vai tentar né?— o Kim torcia as mãos, falando como se Jimin e sua mãe não estivessem ali —Por favor Kookie, eu quero muito...

Jungkook respirou fundo, odiando ter de fazer algo para os outros, não era de sua personalidade atender a pedidos, entretanto isso podia ser vantajoso para si.
Revirou os olhos minimamente, indo em direção ao Park e sentando-se ao seu lado.

Sra. Park travou, sentada à alguns bancos de distância, podia escutar a conversa, mas odiava o quão perto aquele garoto podia estar.
—Hey Jiminnie— sorriu, oferecendo a mão.

O loiro ignorou a mão e sorriu, mostrando seu dedo mindinho para que fosse entrelaçado como se para jurar algo, porém, sem jurar nada.
Mesmo estranhando o gesto, Jeon deu seu dedo também.
—Você parece querer me dizer algo— Jimin disse, movendo os pés.
—Ele quer sim!— Kim Taehyung se sentou novamente, se embalando —Fala Jungkook! Diz logo pro Minnie que você quer muuuito ser legal com ele para irmos com Jihyun e Hoseok em um café e planejar meu casamento com o Hobi, fala Jeon!

Jungkook olhou para Jimin e deu de ombros, indicando que tudo já havia sido dito, o loiro gargalhou.
—Claro— virou-se para a mãe —Posso?

Ponderou, a mulher ponderou muito, por longos segundos, talvez até minutos, não receberam uma resposta.
Talvez não houvesse problema, Jihyun iria junto, Hoseok iria junto, local público... Só que a apenas alguns dias antes ela viu o que o filho poderia fazer, e o que Jeon Jungkook poderia fazer, e se o adorável garoto com TDAH pudesse fazer algo assim também?
—Vamos pensar— foi sua resposta.
—Isso é um código para "não"?— Jungkook se sentou melhor na cadeira, com a sobrancelha erguida.

Jimin bufou, e ouviu seu nome ser chamado.

(...)

Jihyun ficou surpreso quando o irmão mais novo, no momento em que sua mãe saiu para ir ao mercado, trocou de roupa correndo, colocando bastante perfume.
—Hyung, vamos sair?— pediu, com os olhos brilhando.
—Onde você quer ir?— se remexeu no sofá.
—Vamos rápido hyung, chame o Hoseok e vamos tomar um lanche!— deu pulinhos.

A animação do loiro era nítida, e Jihyun franziu as sobrancelhas.
—O que voce está tramando?

Um sorriso brincalhão cobriu os lábios do Park.
—Você vai adorar.

Enquanto se vestia, Jimin lhe enchia os ouvidos com todo seu plano, uma felicidade nítida ao falar de Taehyung e Hoseok.
—Você disse que a mãe não gostou disso, é por isso que quer sair escondido?
—Ah, sabe...— torceu os dedos, desviando o olhar —V quer que Jungkook vá também, eu não queria, mas... sei la.
—Hum, sei— o Park mais velho pegou as chaves —Hobi vai nos encontrar lá. Espero não me arrepender disso.

Jimin sorriu.
—Você não vai hyung, juntar casais não é seu trabalho?
—É sim!— cantarolou, fechando a porta —Se Taehyung e Hoseok não ficarem juntos, eu não me chamo Park Jihyun.

O mais baixo bateu palmas, pulando na linha da calçada.
—E, claro— Jihyun sorriu malicioso —Vocês todos me devem.

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Espero que tenham gostado.

Beijinhos💕