As pernas babolejam a qualquer brisa
A cortina sentida da ansiedade que paira
Não para de se agitarUm movimento do maestro
Silêncio no recinto
Três batidelas bastou
Até a cortina se aquietouO zéfiro parou de soprar
Iemanjá parou de cantar
Hefesto parou de forjar
Caipora parou de semearSó pra ver, Só pra admirar
A oração de um cupido se concretizarUm passo, dois passos
As vestes rijas escondem a tremedeira
Três passos, lá estáHá uma galáxia inteira brilhando nas fibras de castanha
Duas luas cor de mel atraem a maré que é meu terno azul royale
Nos lábios florescem girassóis, que se guiam pela luz dos meusUm caloroso encontro de mãos
Duas galáxias colidem
Dançando continuamente ao horizonteSorridente logo em frente
Está Saturno
Enfeitado com anéis viburnos
Veste corpo de Afrodite
E não gosta de palpitePrincipiaste a cerimônia
Como quem colhe begônias
Tranquilo, calmo
Mas muito apaixonadoSoa como um poema
Cheio de intertextualidades
Recheado de figuras de linguagem
Do jeitinho que a literatura gostaCarpintou o conjugue com palavras
E pôs-se a chorar quando as envolveu em seus anéisEm retribuição
Longe do horizonte de eventos ficaremos
Uma promessa astronômica
Que nem mesmo a mais lenta das dançarinas poderia cumprirNão vejamos a quebra de contrato como algo maléfico
Olharemos como um caminho para a renovaçãoJá que nenhuma galáxia deixa de brilhar
Em nenhum instante
Mesmo após a morte
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Idílico
PoetryO eu-lírico têm sérios problemas com a nossa situação atual como brasileiros, adora seguir receitinhas e tem uma paixão inspiradora pelo universo. Além de se mostrar ativista e ter um conhecimento sobre a mitologia do amor grego.