O Equilíbrio Hindú

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Toda criação deve ser mortal
A promessa de imortalidade
É impossível quando crua
Mas basta algumas bençãos
E foi assim que um tal de
Narasimha
A conquistou

Jamais poderia ser morto
Por uma criação de alguém
Nem no dia, nem na noite
Em nenhum dos cantos
Nem na terra, nem na água, nem no ar
Muito menos vítima de seu próprio corpo
Nenhuma arma de metal pode o perfurar

Assim como a beleza imortal de uma margarida
Que vai ao chão
E retorna com toda a sua olência

Parecido com a imortalidade de uma estrela
Que mesmo morta
Aquece os mais longínquos corações
E espraia luz
Virando todos os sonhos de pernas pro ar

Uma margarida e uma estrela
Compartilham algo em comum
Com Narasimha
A imortalidade é mortal

Foi como Vishnu a enxergou
Metade homem, metade leão
Foi como ele encarnou
Em uma forma inusitada
Surgida do meio de um pilar pedregoso

O óbito ocorreu no crepúsculo
Nem de dia e nem de noite
Morto no joelho de Vishnu
Não foi nem em terra
Nem em água
Nem em ar

Estripado por uma unha
Que não é de metal

Há uma moral nesse mito
É preciso viver em harmonia
Nem muito feliz
Nem muito triste
Nem muito com raiva

Apenas em equilíbrio

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