3 Cronica: Uma Casa uma... Vida

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Em uma rua tranquila, lá está ela, impotente e solitária. Com seu jardim esquecido e tomado por muitos e estranhos moradores.Flores acabrunhadas levantam-se cedo mostrando seu colorido exuberante em meio a ervas-daninhas! Em meio a solidão gritante de seu futuro!A varanda grande e espaçosa guarda segredos do passado. De enamorados à luz do luar! Que sorviam a brisa que trazia o perfume da primavera da vida! Que faziam promessas de amor sem limites!E essa grande casa era agora imponente e solitária. Outrora fora bela e cheia de vida. Mas ela ainda guarda lembranças contidas nas velhas paredes maltratadas pelo tempo e pelo esquecimento. Seus corredores que antes levavam aos sonhos, hoje, são labirintos povoados por teias de aranhas, pó e solidão. As janelas com suas cortinas esfarrapadas olham o tempo passar. Esquecidas e fracas sonham com o passado sem querer olhar o presente estampado lá fora.Os retratos velhos ficaram perdidos no tempo. Assim como os móveis antigos. Agora só habitados por pó e bichinhos aproveitadores, dos descasos e das desgraças alheias. E só há solidão naquela casa abandonada por seus antigos donos. Esquecida pelos vizinhos e passantes da vila. Da vida?Assim perduram também as almas que ainda insistem em sobreviver ao caos de suas metamorfoses inexpressivas de vida! Tudo nessa casa é triste agora. Pois as lembranças são tudo que lá ainda moram. E nós pobres mortais? Somos muitas e muitas vezes essa casa. Ou outras tantas, somos pedestres malvados. Que por ela passa. e nem ao menos é capaz de se lembrar. Que um dia já fez parte daquele cenário, daquela história... daquela casa.E no eco da solidão uma voz calada grita aos passantes da rua, aos passantes da vida:

- "Por que me abandonastes, e de mim te esquecestes?!"

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