Araguaína, maio de 2006
ANINHA E FAMÍLIA vocês são meus convidados para comemorar meu aniversário! Será na MINHA CASA às 19:30. Sua presença é muito especial.Te espero lá!
Vitória.
Ana Clara dobrou o pequeno convite de aniversário com cuidado, guardando-o numa gaveta. Já estava quase no horário da festa, e ela ainda nem tinha terminado de se arrumar. Colocou seu vestido azul e calçou suas sapatilhas. Penteou os cabelos negros, pegou o presente que daria a Vitória e saiu saltitante do quarto. Avistou seus pais deitados no sofá da sala, cochilando. Caminhou até eles, e cutucou sua mãe para despertá-la.
- A gente já pode ir?
-Que horas são?- Dona Mônica esfregou os olhos, depois olhando para o relógio no seu pulso. 19:15.- Calma menina, tá cedo ainda.
-Mas a festa da Vivi é sete e meia, até a gente chegar lá, já deu a hora.- fez uma carinha triste, o melhor jeito de convencer sua mãe.- Eu não quero chegar atrasada.
- Dexa de ser boba, Naclara. Ninguém chega cedo em festa. Além disso, o seu irmão nem tá pronto.
- Mas a Vi tá me esperando...- fez um último apelo. Do seu lado, seu pai roncava baixinho.
- Oxe, quem vê assim até pensa que cês não se vêem o tempo inteiro-dona Mônica riu, já se ajeitando de novo no sofá- Pode esperar o Rafa.- disse, antes de fechar os olhos e pegar no sono, dando o assunto por encerrado.
Ana fez uma cara emburrada e voltou para seu quarto. Não que discordasse de sua mãe, afinal de contas, ela vivia na casa de sua amiga. Tinha até ajudado nos preparativos da festa, a fazer os brigadeiros, encher os balões e arrumar a casa dos Falcão com o tema escolhido: unicórnios.
Mas é que todo tempo que ela passava com Vitória sempre parecia tão pouco. Elas se conheciam como nenhuma outra pessoa era capaz de conhecer, trocavam segredos e sonhos. Não existia nada no mundo que pudesse ser ruim quando as meninas estavam uma com a outra, e Ana valorizava cada segundo que passava ao lado da cacheada, e sabia que isso era recíproco.
A morena balançava os pés na cama, pensativa. Será que tinha acertado na escolha do presente? Na hora de comprar, tivera tanta certeza, sabia que Vitória entenderia o que aquele simples objeto representava, mas acabou ficando em dúvida por causa de sua mãe. Dona Mônica insistia que talvez aquele presente não agradasse a menina, e que Ana devia optar por uma blusa ou algo do tipo. A pequena disse que sabia exatamente qual era o presente perfeito, mas agora estava indecisa, segurando o pequeno embrulho azul, com estrelinhas prateadas. Torceu para que Vi entendesse que aquele era um símbolo da amizade das duas, e da sua vontade de mantê-la sempre por perto.
- VAMO NACLARA!-ouviu seu irmão berrar do início da escada. Saiu em disparada do quarto, louca para ver sua melhor amiga e parabenizá-la. De novo.
Como tinham passado o dia inteiro juntas, Ana já havia dado os parabéns a Vitória por diversas vezes, além de tentar colher informações para saber se ela gostaria mais do seu presente ou da bicicleta vermelha que ganharia de seu tio Cláudio. Mas não obteve muito sucesso, já que a cacheada parecia pouco se importar com qualquer objeto que ganhasse, demonstrando sempre estar mais empolgada com a presença de seus familiares e amigos.
Ana sorria só de lembrar dos olhos da cacheada, do brilho no fundo deles quando tia Isabel contou sobre a vinda de seus primos que moravam em outro estado. Vitória pulou de alegria, segurando sua melhor amiga pelas mãos e rodando pelo quintal, tamanha a sua felicidade por ter todo mundo que ela amava por perto.-Calma Naclara, também não precisa correr.
Rafael lhe disse enquanto a pequena andava apressada pela rua. Sentia-se tão boba por toda a sua ansiedade em entregar o presente para Vitória. Porém, era incapaz de conter o sorriso que levava no rosto só de imaginar qual seria a reação da cacheada.
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Com amor, Vitória
Fanfiction"Não importa quanto tempo passe, Ninha. Eu sempre vou te amar com toda a minha alma."