- Bem, vocês vão ser divididos em vário grupos, aleatoriamente. Vamos meter todos os nomes em papeis e sortear - disse o Igor, já a meio da reunião.
- Cada equipa tem que escolher um animal e nós iremos fazer camisolas com esse animal - completou a Madalena. - Vão existir 10 equipas cada uma com cerca de 8/9 pessoas. Ao longo das atividades vão sendo atribuidos pontos conforme o vosso desempanho.
- No final da vossa estadia a equipa que tiver mais pontos vai ganhar um prémio surpresa - diz o Igor com um ar misterioso. Aposto que nem eles sabiam o que iriam dar. Ri-me entre dentes.
- Campers, esperem 15 minutos enquanto nós escrevemos todos os vossos nomes para o sorteio - concluiu a Madalena.
Pelo incidente do olho e da conversa, eu tive que ficar a ouvir os monitores em pé ao lado da porta. Assim que eles foram sortear os nomes, aproveitei para encontrar um lugar longe de quem conhecia.
Depois de quase 2 minutos à procura encontrei uma vaga entre a Fernanda e um rapaz.- Importam-se que me sente? - perguntei ao apontar para o lugar entre a Fernanda e o rapaz que estava de costas.
- Claro que não Luna - diz ela ao afastar-se para eu me sentar - Eu é que te estou a dever uma, a ti e à Tânia - sorriu - Obrigada por me terem defendido.
- Ai não foi nada, eu meio que estava só a evitar a luta - dou de ombros e sorrio - A Carla consegue ser mesmo insuportável.
- É verdade - concordou - Mas eu não gosto de incomodar então não lhe disse nada -afirmou ao dar uma trinca na sua maçã.
- Mas devias, aquela miúda tem de ouvir algumas coisas.
- Olha olha quem é ela, a famosa rapariga do murro no olho, certo? - o rapaz ao meu lado alegou. Já estou a ficar conhecida por aqui, o que é mau.
- Acho que não precisas de perguntar - suspirei - o meu olho já diz tudo - digo ao apontar para o olho.
- Eu reparei, mas estava a querer tirar a prova dos nove - deu uma gargalhada irónica - Nem me apresentei, sou o Bruno - disse esticando a mão.
- Luna - apresentei-me e retribui-lhe o aperto de mão.
O Bruno era bastante bonito, ele usava um cap, uma blusa à cintura de xadrez com umas calças jeans pretas. Parecia um mulherengo, tipo a Tânia mas na versão masculina.
A nossa conversa, infelizmente, foi interrompida pelos monitores que ia anunciar as equipas.
- Os papeis estão feitos - afirmou a Madalena ao apontar para um bola transparente cheia de papeis - e agora vamos ao sorteio.
Os nomes foram sendo ditos e chegou ao 6 grupo em que finalmente o meu nome foi mencio ado juntamente com o de mais 8 pessoas.
- O sexto grupo é constituído pelo David Ferreira, Marco Gomes, Bruno Alves, Luna Torres, Tânia Claro, Constança Almeida e Guilherme Torres, Sara Rodrigues e Miguel lopes.
- Reunam-se para escolher o animal - ordenou a Madalena ao mesmo tempo que toda a gente se levantava a procurar os parceiros.
Fiquei com o meu irmão mais velho, uma das últimas pessoas com quem eu não queria ficar. Pelo menos estou com a Tânia, menos mal.
Reunimo-nos e foi complicado sermos unanimos quanto à escolha. Cada um escolhia um animal diferente e ninguém ouvia as ideias dos outros.
Eu fiquei calada o tempo todo, mas veio-me à cabeça um animal que se enquadrava mesmo bem na nossa equipa.-E que tal a chita? - perguntei meio envergonhada - É rápida, veloz e ágil.
- Boa maninha, o teu cérebro ainda funciona - disse o Guilherme e todos riram-se.
- Eu não gosto da ideia Luna, acho que deviamos escolher a águia - determinou a Tânia, enquanto se levantava do banco. E ela que não fosse diferente!
- Já estou a ver que vocês conhecem-se todos - sussurrou o Bruno ao meu ouvido, enquanto os outros debatiam sobre o assunto.
- Infelizmente sim, o Guilherme é o irmão mais velho, e aquela ali - disse ao apontar para a Tânia - é a minha melhor amiga Tânia.
- Então já decidiram o animal? - perguntou o Bruno ao resto do grupo, desviando-se da nossa conversa.
- Sim - afirmou a Tânia com um ar sedutor - vai ser a chita. Fiquei feliz por terem escolhido o animal que surgeri.
A reunião acabou, e à medida que cada grupo ia saindo dizia o animal escolhido para a sua mascote.
Ao sair do refeitório senti o ar puro que pairava pelo ar, fiquei contente por saber que iríamos ter o resto da manhã livre para explorar o campo. Pensei logo em ir para a clareira, aquele lugar trazia-me uma grande calma, mas os meus pensamentos acabaram quando a Tânia me puxou para o dormitório, aparentemente vazio.- Quem era aquele borracho com quem estavas a falar? - questionava a Tânia empolgada ao mesmo tempo que nos sentavamos nos beliches.
- Ele chama-se Bruno - revirei os olhos - e é todo teu - ri-me e fui à minha gaveta buscar o telemóvel.
- Eu não preciso dele - diz pausadamente enquanto batem à porta - eu tenho outros - diz virando-se e dando um sorriso malicioso ao abrir a porta.
- Olá meninas - cumprimenta um dos monitores ao entrar no quarto - preciso que me dêem os vossos telemóveis.
- O quê ?! - exclama a Tânia aflita ao colocar as mãos no peito. Sempre dramática.
- É verdade, só aos sábados é que vão poder utilizá-los.
- M-Mas... - disse a Tânia a soluçar e a fingir chorar.
- Tânia vai ser bom, o teu mundo não está todo no telemóvel - digo pegando o meu e entregando ao monitor - vá, dá cá o teu - quase que é preciso um camião ao puxar-lhe o telemóvel das mãos.
- Obrigado meninas - agradece o monitor aos sair do dormitório.
Vejo a Tânia ocupada a arrumar alguma da sua maquilhagem e decido dar uma fugida do quarto. Sem que ela se aperceba abro a porta e saio silenciosamente.
Sinto o cheiro das folhas molhadas devido à rega, adoro este cheiro. Estou cada vez a sentir-me melhor neste lugar, nunca tinha estado tão perto de uma beleza natural como esta, é simplesmente fascinante e surreal. Tantas coisas que uma pessoa perde ao viver na cidade. Se pudesse passava 24h do meu dia ao redor de árvores e riachos.
Até chegar à clareira são cerca de 6 minutos. Estava já a meio do caminho quando começo a sentir uma forte dor na cara, no sitio onde tinha levado o murro. Ao andar deparei-me com a Clara a curtir com alguém que não consegui identificar porque estava de costas para mim. Comecei a andar mais depressa para que não me vissem mas a minha cabeça estava a latejar demais, acabei por perder a força do meu corpo e cai desmaiada no chão.
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Hate Is The Best Friend Of Love
Teen FictionEsta é a história de Luna e da luta contra as suas inseguranças. A trama se passa num acampamento, em pleno verão. Os pais da familia Torres foram de férias, deixando os três filhos rumo a mais uma aventura. No caso de Luna a aventura trata-se de a...