Ouço uma voz longínqua a chamar vezes e vezes sem conta pelo meu nome, mas o meu corpo não reage...
Abro lentamente os olhos, e não reconheço o lugar onde estou. Parece uma sala de hospital com diversas camas individuais ligadas a soros. As paredes são brancas e vejo um canto acolhedor com pequenas plantinhas.- Olá Luna Torres - uma senhora dá um ligeiro sorriso, enquanto vê os ferimentos da minha cara - Sou a enfermeira aqui do acampamento, chamo-me Rita.
- Olá - digo com uma voz rouca - o que é que aconteceu? - pergunto meio atordoada tentando-me levantar.
- Pelo que eu percebi tu desmaias-te no meio da floresta - disse com calma - Um casal viu-te e chamou-me.
- E a Sra. enfermeira sabe porque é que desmaiei? - perguntei receosa.
- Sim - afirmou dando-me uma sopa - devido ao murro que levaste no olho e do esforço que fizeste depois do acidente, a tua cabeça não aguentou, necessitavas de repouso. Não deste o que o teu fisico pediu e o corpo deu de si.
- Então era tudo uma questão de repouso? - reviro os olhos e suspiro.
- Exatamente! Após o acontecido deverias ter vindo ter comigo e eu explicava-te o que fazer.
- E quanto tempo é até vou ter de ficar aqui? - questionei impaciente comendo a sopa.
- Assim que te sentires com forças podes ir - disse a Rita dirigindo-se para a porta - Preciso apenas que me prometas uma coisa - fez uma pausa - vais colocar esta pomada para os hematomas, tanto no do olho como nas costas.
- Costas? - perguntei confusa segurando a pomada ao mesmo tempo que tentava ver-me ao espelho.
- Sim, ao desmaiar caíste sobre algumas pedras provocando esses hematomas.
Acabei por ficar mais algum tempo na enfermaria até que finalmente me senti recuperada para ir embora. Despeço-me da enfermeira Rita e desço as escadas em direção à saída.
Decido ir até ao dormitório descasar um bocado. Da enfermaria até ao quarto não era um caminho muito longo. Vi várias pessoas a socializar, outras a tocarem guitarra mas a maioria estava no lago a refrescarem-se do calor que estava. Apercebi-me de algumas caras conhecidas, muitas delas da minha equipa. Não cumprimentei ninguém... Aliás eu queria passar despercebida.
Paro em frente à porta do quarto e rezo para que a Carla não esteja lá. Conto até três e quando entro só vejo a Fernanda deitada a ler um livro numa das camas de cima. Não digo nada e deito-me na cama de baixo do beliche que estava a dividir com a Tânia.
- Luna - exclamou a Fernanda surpreendida - Está tudo bem? - perguntou ao fechar o livro e ao descer do beliche.
- Eu estou ótima - respondi ironicamente - não te preocupes.
- Eu sei que só nos conhecemos hoje, mas se quiseres podes contar o que te está a deixar nesse estado - disse ela com um sorriso sincero.
- Deixa lá isso - afirmei com alivio - tu e a Carla já resolveram a situação da gaveta - dou uma gargalhada e sento-me na cama para ficar de frente para ela.
- Depois da confusão acho que ficou bem explicito que cada uma tinha o seu espaço - falou seriamente - Bem - disse ao abrir a porta do quarto - Vou dar uma volta por ai.
- Fazes bem - disse ao ir buscar um pequeno caderno que estava na minha gaveta dos biquínis.
Eu desde pequena que adoro escrever, sempre tive diários mas nunca escrevia mais de quatro páginas. Foi então que por volta dos meus 14 anos descobri a minha grande paixão pela poesia.
Sempre que tenho uma pequena inspiração abro o meu caderno preto e transmito tudo o que estou a sentir para uma simples folha A5. E assim o fiz, deitei-me na cama e comecei a escrever o que me vinha à cabeça.
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Hate Is The Best Friend Of Love
Teen FictionEsta é a história de Luna e da luta contra as suas inseguranças. A trama se passa num acampamento, em pleno verão. Os pais da familia Torres foram de férias, deixando os três filhos rumo a mais uma aventura. No caso de Luna a aventura trata-se de a...