Capítulo 1

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Ally se admirava no espelho com ternura, apreciava o modo como se arrumava, sua maquiagem era leve, sem exagero, gostava do seu rosto natural e seu cabelo era devidamente cuidado, gastava horas se fosse preciso para cuidar dele. Ela fazia questão de dar a atenção necessária a sua beleza, valorizava cada pedaço de seu corpo mesmo que não fosse um que estivesse dentro dos padrões da sociedade, o importante para ela era que a mesma se amasse e o seu companheiro também, sem exceção.

– Amor? Está pronta? Me mandaram mensagem de que já estão indo para a pizzaria. – Troy entrou no quarto procurando sua noiva

– Estou, só vou pegar minha bolsa e já vamos.

– Espera. – Se aproximou apreensivo medindo sua roupa de ponta a ponta  – Essa blusa é um pouco justa, não?

– Não se preocupe, ela não marca nada. – Olhou para a região do abdômen tateando suas mãos ali – E eu vou colocar o casaco, está muito frio.

– Hum, vou te esperar lá fora.

Ela assentiu se afastando para pegar sua bolsa e arrumar alguns pertences, esperou ele sair para respirar fundo e não perder a paciência, coisa que nunca acontecia mas parecia estar a um passo de acontecer, tudo porque desde que contou que estava grávida Troy mudou, exigiu que aquilo fosse mantido em segredo pelos dois, ela ficava confusa e paranóica quando parava para analisar em como ele estava lidando com isso, como se fosse uma doença vergonhosa.

Estava extremamente frio no inverno de Burnaby, cidade em que morava a quase cinco anos desde que se mudara com seu parceiro, o plano mesmo era morar em Vancouver, a capital de Canadá. Troy era ambicioso e gostava da sensação de levar uma vida avantajada, sempre cercado das melhores roupas e sapatos, tinha um extremo defeito de querer sempre mostrar aos amigos e familiares. Se não fosse pela dura chamada de atenção de Ally eles se mudariam para Vancouver e entrariam em altas dívidas, tudo porque ele queria ficar no mesmo padrão de seus parentes que moravam ali.

Era rotina saírem numa noite de domingo para se encontrarem com os primos e alguns amigos de, eles saiam de Burnaby e iam até Vancouver, Troy detestava isso obviamente, mesmo que não demonstrasse a Ally.

O homem estacionou o carro dando uma última verificada nas vestes de Ally, sorriu ao conferir, ela estava bonita com seu cabelo liso e sua maquiagem. Desde que se conheceram se apaixonou por seu rosto angelical e seu corpo diferenciado, além disso ela era doce, uma mulher incrível e perfeita para ser sua esposa.

Saiu do carro e abriu porta para que ela saísse, entrelaçou sua mão a dela e caminhou calmamente para dentro do estabelecimento, assim que viu a turma reunida em uma mesa no centro da pizzaria fez questão de admirar sua mulher outra vez.

– Ei – Chamou e ela virou o rosto atenta – Você está linda.

– Oh – Suas bochechas coraram violentamente – Obrigada, eu te amo.

– Linda. – Aproximou dos lábios dela depositando um selinho como de costume, ouvindo os rapazes murmurar baixo

O clima estava agradável, Ally como sempre estava descontraída conversando com a esposa do primo de Troy, já fazia um tempo que estavam ali jogando conversas foras. A pizzaria era um ambiente extremamente moderno, por um momento a cabeça de Ally estivera fora da realidade que enfrentava.

– Ei Ally, Troy vamos a praia no fim do mês, vocês vão ir com a gente? – Anthony, primo de Troy perguntou animado dirigindo o olhar ao casal

– Bom. – Ally sorriu olhando para seu parceiro buscando uma resposta pelo olhar – Nós...

– Acho que não vamos, ao que parece vamos visitar a família da Ally nesse mesmo tempo. – Respondeu sorrindo gentil ao seu primo

Visitar a família? Ally franziu o cenho mas logo disfarçou, pegou o copo de suco e bebeu o líquido que desceu por sua garganta refrescando sua tensão. Ele estava mentindo na cara dura, se viu sem saída e teve de concordar dando um aceno positivo com a cabeça e sorrindo sem desgrudar os lábios.

(...)

– Por que você negou? – Questionou ao entrar em casa depois de ficar em silêncio a viagem inteira – Você sabe que eu amo praia.

– Esqueceu de que vão ver sua barriga? – Soou ríspido e alto assustando a mulher que caminhava logo atrás – Dois meses, dois meses! Acha que não está diferente?

– Até quando eu vou ter que esconder isso? Me diz.

– Você não, nós!

Ally pela primeira vez sentiu sua paciência esgotar, nem quando estava na reta final de seu curso de Ciências contábeis sentiu a sensação. Mas agora, sentiu-se exausta ao extremo enquanto analisava a expressão furiosa de Troy, ele virou bufando e trocando olhares com ela, que não se intimidou nem um pouco com aquele par de olhos sombrios e vazios.

– Nós? Pare com isso! Tudo o que você faz é me dizer o que devo fazer e vestir, eu não entendo porque você quer que eu esconda isso como se fosse uma doença, Troy.

– Porque isso é uma vergonha! – Cuspiu as palavras sem se importar – O que vão pensar de mim? Nem me casei e você já está carregando uma criança na barriga, nem terminei de pagar o carro...

Colocou as duas mãos na cintura andando de um lado para o outro nervoso não dando a mínima para sua noiva que quase deixou uma lágrima escapar.

– Você não pensa em mim? Pelo amor de Deus, eu não quero luxo e dinheiro, eu quero uma família, amor e você do meu lado... só isso, não precisamos nos matar só para mostrar aos outros que podemos ou que temos dinheiro, eu não sou desse tipo.

– Mas eu quero, você acha mesmo que vou deixar meus parentes me verem abaixo deles toda a vida? Está muito enganada, você engravidar agora só vai nos atrapalhar financeiramente.

– Eu já estou grávida! Para de agir como se eu não estivesse!

– Não deveria estar!

A fúria no homem subiu absurdamente, que sem pensar agarrou os braços da mulher e a empurrou contra a porta rangendo os dentes. Foi necessário alguns segundos para que ele se tocasse do que estava fazendo, Ally estava com os olhos arregalados, respiração descompassada e imóvel. Não reconheceu a figura que estava em sua frente, não era quem ela amava e dormia ao lado todos os dias, quem estava a sua frente era um monstro.

– Me solta... – Pediu baixo e um tanto receosa – Você está me machucando.

Ele permaneceu estático, parecendo ainda estar assimilando o que estava fazendo.

– Troy! Me solta! – A mulher tornou a pedir, dessa vez gritando e aos prantos

Ele pareceu sair do transe e soltou seus braços, arregalando o olhar para o chão sem reação alguma que impedisse ela de sair dali chorando e praticamente correndo para o quarto.

(...)

Brooke: Uma Razão Para Viver Onde histórias criam vida. Descubra agora