Conhecer a residência por dentro era um tanto curioso e inesperado, a casa no qual Ally observava de longe agora estava diante dos seus olhos. Ela estava em pé ao lado da doutora esperando a porta ser aberta, contemplou o interior da casa que era um tanto iluminada, havia uma escada já no centro da casa indicando o andar de cima.
– Hilda, houve um contratempo, vamos hospedar minha paciente aqui essa noite, a Ally. – A doutora adentrou só em sua residência, Ally permaneceu estática na porta de entrada por breves segundos, ela despertou do seu transe e acompanhou Lauren
– Oh... – Hilda surgiu a direita de ambas mulheres, segurava uma bandeja de morango nas mãos, estava na cozinha preparando uma receita – Prazer, sou Hilda. – Acenou com um mão e a estendeu para Ally
– Prazer, Ally.
Lauren indicou o sofá para que a mais baixa se sentasse, ela seguiu com Hilda para a cozinha, pensando em quais chás poderia servir a sua paciente.
– Querida, posso ceder meu quarto a ela e dormir com você...
Hilda propôs para a doutora que por um momento havia se esquecido de como resolver esse detalhe, em sua casa tinha três quartos, o maior no fim do corredor era dela, a porta ao lado era o de Hilda, o terceiro com a porta de frente o de Hilda, estava inativo, Lauren trancou o quarto no dia em que enterrou sua noiva e seu filho, deixando lá dentro os pertences dos dois. Somente Hilda tinha acesso para limpar o quarto a fim de manter o que estava lá dentro.
– Desculpa...– Hilda tornou a falar tocando levemente as costas de Lauren que estava parada com seus olhos reflexivos – Pensei que tivesse planejado sobre isso.
– Tudo bem. – Foi tudo o que ela disse ao soltar o ar e continuar seus movimentos no preparo do chá
– Me diga o que resolver, tá? vou tomar um banho e já volto para cortar esses morangos.
– Ai, droga... – Lauren sussurrou para si em um semblante de reprovação, memórias explodiram em sua mente e ela encheu um copo com água gelada para tomar de uma vez e a sensação do gelo tira-la desses pensamentos.
– Lauren? Preciso ir ao banheiro, onde que... – Ally que aparecera na cozinha parou de falar quando a doutora se virou para ela com seus olhos marejados – E-eu não... sei onde fica.
– Por aqui. – A doutora disse em um sorriso gentil caminhando em direção ao banheiro, aquilo de certa forma tranquilizou Ally.
Ela não sabia como se portar diante de Lauren ao retornar do banheiro, manteve-se sentada no sofá ouvindo barulhos mínimos vindo da cozinha. A doutora não demorou para retornar a sala principal com duas xícaras em mãos, entregou uma a Ally e ligou a televisão antes de se sentar ao lado da mais baixa.
– Ally, como você está se sentindo?
Ela acabara da dar um gole em seu chá, movimentou seus olhos em direção a doutora enquanto afastava a xícara gentilmente sentindo o líquido quente aquecer sua garganta, era uma pergunta complexa para aquele momento, não sabia de fato como estava no meio do turbilhão de acontecimentos, levou alguns segundos para que ela assimilasse uma resposta ao menos coerente para o momento.
– Confusa. – Balançou sua cabeça negativamente encarando a xícara apoiada em seu colo – Estava tudo tão bem alinhado agora, ou melhor, quase.
– Eu imagino sua confusão, se sente mais segura aqui comigo e Hilda?
– Oh sim, sem dúvidas. – A resposta ecoou rápida para Lauren, que emitiu um breve sorriso aliviada
– Se você não se importar, vai dormir no quarto da Hilda, ela vai dormir comigo essa noite.
– Oh não, por favor não quero incomodar, este sofá já está ótimo.
Lauren riu sarcástica e negou com a cabeça, Ally a encarou incrédula e voltou sua atenção ao chá. O silêncio se instalou no ambiente de uma forma confortável, ambas estavam agora vidradas em um programa que até então parecia bobo, era apenas um apresentador viajando e falando das maravilhas do local. Com o corpo e a mente um pouco mais próximo da calmaria, não demorou para que Ally ficasse mais sonolenta e Lauren a levasse para o quarto, a loira havia notado três portas no corredor mas supôs que uma das portas não era um quarto apesar de tudo indicar que fosse um, ela vestia agora seu pijama e acabava de se cobrir com um edredom que exalava perfume de flores.
– Você pode me chamar na porta ao lado qualquer coisa, está bem?
– Pode deixar, eu chamo.
Lauren estava escorada na porta pronta para fechá-la, era um tanto diferente ver ela em seu ambiente confortável e natural, sua camisola era branca acompanhada de um roupão de seda na mesma cor, seu cabelo solto ondulado parecia leve e muito macio, Ally fotografou aquela imagem em sua cabeça rapidamente, não queria encarar a doutora por tanto tempo descaradamente.
– Boa noite. – A morena proferiu em meio a um sorriso doce antes de fechar a porta
– B-boa noite...
(...)
Seu corpo estava suado e se movimentava freneticamente na cama, no seu sonho que acabara de se tornar pesadelo Ally estava prestes a ser pega por Troy, faltou pouco para acontecer, ela acordou no susto quase pulando da cama, permaneceu um tempo tentando assimilar e se recuperar do susto, coração acelerado, uma sensação de medo aterrorizante que a sufocava e suor por todo seu rosto. Ally piscou diversas vezes e decidiu se levantar para lavar o seu rosto com água gelada e diminuir o calor.
Lauren terminava de tragar seu cigarro admirando a paisagem da varanda de seu quarto, era hábito levantar para fumar quando não conseguia dormir rapidamente, apoiada na varanda com seus olhos fixos na lua que estava baixa ela pôde ouvir a porta do quarto que Ally estava se abrir, permaneceu atenta mas sem sair do lugar, afinal não era nenhum movimento alarmante. A luz da cozinha se acendeu, a doutora se inclinou para trás enquanto observava o reflexo da luz, decidiu descer até lá.
– Eu disse para me chamar qualquer coisa.
A voz soou grave pela cozinha causando um pequeno susto em Ally, ela estava com suas mãos apoiadas no balcão de inox com um copo de água cheio a sua frente, era possível ver sua respiração descompassada pelo movimento de suas coisas
– Eu não...
– Ally. – Lauren se aproximou em um semblante preocupado e apoiou a mão nas costas da mais baixa – Vem, você precisa sentar um pouco.
Conduziu a mais baixa ao sofá e permaneceu ao seu lado a vendo tomar a água do copo.
– Parecia tão real... – A mais baixa disse com dificuldade – Queria ter controle nos meus pesadelos.
– Se tivéssemos estaríamos todos loucos agora, é só nossa cabeça refletindo tudo em forma de sonho pra esvaziar um pouco. – Lauren respondeu calmamente. – Vem, você precisa deitar.
Ally engoliu seco e seguiu a doutora pelas escadas, ela não queria voltar a se deitar e tentar dormir outra vez, estava com medo. Se manteve calada durante o percurso de volta a cama, Lauren prontamente se aproximou da cama para arrumar a coberta e cobrir Ally.
– Eu estou com medo. – Disse firme e rápido ao ver que a doutora iria se afastar da cama, Lauren parou seus movimentos e não esboçou reação – Desculpa eu só... é uma bobagem só um medo bobo de sonhar de novo.
– Eu posso ficar se quiser. – A morena proferiu agora dirigindo seu olhar para Ally – Não vou dormir rápido de qualquer forma.
– Fica. – Ally respondeu balançando sua cabeça positivamente sem nem pensar duas vezes
Lauren acenou positivo e saiu do quarto retornando com um livro em mãos. Ally só não esperava que a mulher ia se deitar ao seu lado na cama ao seu lado, ficou estática enquanto via a mulher se cobrir com a coberta.
– Me chame qualquer coisa, vou estar bem aqui. – Disse se aconchegando na coberta e abrindo seu livro – Boa noite, Ally.
– Boa noite...
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Brooke: Uma Razão Para Viver
Fiksi PenggemarAlly Brooke. Uma mulher destemida e altruísta, desde sua nascença declarada uma guerreira, forte e confiante. Aos 26 anos, recém formada no curso superior, cheia de energia e planos para formar uma linda família, conhece o lado sombrio da vida de um...