Espanha,
Julho de 1808
— Já disse que não Iolanda!! Nunca mais você irá vê-lo novamente enquanto eu viver.
— Ele é meu filho Diego! Quero vê-lo agora mesmo! - Se aproximou a Dama o empurrando com força.
O pequeno Alejandro tentava não escutar aquelas palavras, fechava seus olhos com a maior força que podia, tentando evitar aquelas vozes em sua cabeça. Era impossível.
— Não esqueça quem eu sou Iolanda... - Disse ele olhando em seus olhos de forma diabólica.
— Não tenho medo de você! Nunca tive...
Alejandro estava com muitas dores pelo corpo todo da surra da noite passada, era meio difícil andar sem fazer barulho. Ele se arrastou para debaixo da mesa que dava acesso a sala tentando aproximar-se, queria muito saber como era a face da Dama ali presente.
O silêncio tomou conta do ambiente por alguns minutos, ouviu-se passos pesados percorrem bem devagar a sala.
— Saiba que te odeio ainda mais do que a nove anos atrás.
A criança acabou sentindo um cala-frio subir sua espinha neste momento. Alejandro era um menino de pouca idade ainda, mas sabia muito bem que a conversa era referente a ele, e quem ele era. Sempre cresceu sendo maltratado pelo seu pai, até sendo chutando pelos seus homens por puro prazer e diversão alheia.
— Você tem todo direito de me odiar, mas nosso filho não! - A dama estava a expulsar as palavras com forças e lágrimas.
— Por que não? Não esqueça que você o abandonou! Comigo! Você nunca o quis Iolanda... O que você quer agora?
— Eu o amo... Sempre o amei... Diego por favor...
— Nunca o verá Iolanda Saragoça. Nunca!!
Rapidamente após aquelas palavras escuto-se muito bem o som do deslizar de uma espada para fora da bainha e um longo silêncio.
O que será que estava a acontecer?
O menino logo pensou o quanto seu pai era um monstro cruel e que poderia resolver a matá-la ali mesmo. Naquele instante.
Para a surpresa de seus olhos a Dama permanecia com a ponta da espada em direção para o pescoço de seu pai. Os dois se movimentavam com sutileza.
A Dama ali presente era fina, com roupas caras e pele bem cuidada. Estava com um vestido vermelho de rendas finas e joias em detalhes da mesma cor. Mas nada disso chamou mais atenção que o tamanho de sua beleza.
Seus olhos pareciam jabuticabas de tão negros e redondos, cabelos aveludados com uma cor de castanhos que Alejandro nunca tinha visto e pele bronzeada do grande verão da Espanha.
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A Rosa dos Ventos
Ficción históricaOs fantasmas de uma infância difícil podem marcar uma vida para sempre. Alejandro foi abandonado pela sua mãe, uma dama da alta-sociedade Espanhola sendo assim, criado pela família do seu pai, um Corsário extremamente cruel e violento. Ao crescer...