O GRANDE DIA

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Por mais que eu pensasse em toda essa história, eu não chegava a lugar nenhum. Na ida até a casa dela, paramos em uma conveniência do posto de gasolina, compramos algumas garrafas de cerveja Heineken e uns petiscos. No sofá da sala ela me serve uma cerveja, começamos a conversar.

F – Então Júlia. Vamos começar pelos fatos. Será mais fácil dessa maneira.

 J – Certo – Tomei quase a cerveja inteira numa golada só!

F – Primeira coisa: Eu amo você sabia? – Ela sorri com a garrafa na mão.

J – Não, eu não sabia. Fala de novo... – Termino a cerveja – peço outra long neck.

F – EU – AMO – VO – CÊ Júlia Almeida. – Ela fala enquanto abre outra cervejinha pra mim.

J – Eu também te amo Fernanda Rangel. – Sorrio.

F – Eu não sou mais sua professora. Isso é bom né? – Sorri.

J – Depende.

F – Por quê? – Bebe umas goladas

J – Do ponto de vista de um relacionamento entre nós é maravilhoso. Mas se depois de hoje não eu não puder te ver nunca mais é terrível. Gostaria então que você minha professora para sempre. Risos...

F – É verdade. Mas saiba que eu quero te ver depois de hoje! – Comenta enquanto abre outra cerveja pra ela.

J – Ótimo. Estamos indo bem. Mas como vai fazer com a sua família? Como vamos nos encontrar?

F – Júlia, eu casei grávida. Naquela época eu tinha dúvidas quanto a minha sexualidade. O Rodrigo foi meu primeiro namorado. O conheci na faculdade e minha família era muito católica – forçou nosso casamento, nunca fomos felizes. E acredite, transamos uma única vez em oito anos de convivência. Engravidei na primeira transa. Mas ele prefere viver assim, de fachada, para não dar satisfação para os amigos e família, machista! Então, o Gabriel nasceu e até os cinco anos dele nós dois voltamos nossas vidas exclusivamente para ele. Quando ele já estava maior, com cinco anos de dedicação ao crescimento do meu filho, eu me envolvi com uma mulher a qual me relacionei dois anos. Ele descobriu, contou para a minha família inclusive, e foi uma época muito difícil. Mas hoje todos sabem que vivemos dessa forma. Ele na dele e eu na minha. Até que ele conheceu uma mulher e está indo morar com ela no Canadá. Ele está lá agora. E eu me privei de tudo por conta do trabalho. Sou uma educadora. Não misturar as coisas. Sou professora universitária, você sabe e eu amo ensinar, nasci pra isso. Então foi melhor abafar tudo e ter os meus casos em outras cidades quando tinha tempo, foi mais fácil que dar esse desgosto para os meus pais além de pensar muito no meu filho e na minha profissão.

J – Nossa. Eu imaginava sim que você tivesse uma vida corrida demais, devido à faculdade, duas escolas, projetos, casamento e família. Mas confesso que nem tanto assim. Eu sinto muito!

F – Pois é. Não foi fácil.

J – Mas e essa mulher que se você se relacionou até ano passado. Vocês se falam ainda?

F – Não. Foi um envolvimento superficial, sem entregas e sem paixão. Sempre foi carência e nós duas sabíamos bem disso. Era só sexo.

J – E porque pararam de se encontrar?

F – Porque percebi que ela estava se apegando a mim, e eu não iria jamais corresponde-la.

J – E quantos anos ela tinha?

F – Mesma idade na época, 34.

J – Sei. Respondo. – Entro na terceira cerveja enciumada. E como fica a situação do seu

AINDA NOS AMAMOSOnde histórias criam vida. Descubra agora