SEGUNDAS INTENÇÕES

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É quando na festa de São João do colégio, percebo que ela me olha dançar com os rapazes da minha sala. Quando consegue uma oportunidade, ela me chama até o canto e argumenta:

F – Você está gostando do Danilo?

J – Não, por quê? Respondo animada.

F – Acho que ele está querendo ficar com você!

J – Ele é um gato. Mas não! Minha prioridade é faculdade esse ano.
Não quero me envolver com ninguém.

F – Muito bem! Responde. Me acompanha ao banheiro? Preciso lavar as mãos!

J – Claro, vamos! Também preciso ir.

Enquanto retoco um batonzinho nude percebo que ela me olha pelo espelho e com o olhar penetrante. Fecha a torneira e se posiciona atrás de mim com a cintura raspando de leve em meu bumbum – para pegar uma tolha de papel. Disfarço mas sinto um arrepio interno intenso,
a minha "deusa interior" deseja ardentemente que ela repita. Ela se retira por trás com muita sabedoria, como se não tivesse acontecido nada e como se não fosse esse jamais o pensamento dela. Saímos do banheiro rumo ao salão da festa e no caminho ela compra um drink com Vodka pra ela, pra mim a mesma bebida, sem álcool. Ficamos por ali sentadas numa mesa mais afastadas da pista de dança por cerca de três horas e depois de muita prosa sobre a vida pessoal uma da outra ela me leva em casa. Novamente em baixo da mesma árvore escura ela desliga o carro – pergunta o que gosto de ouvir:

J – Pode ser Coldplay - Warning Sing.

F – Vou ficar te devendo essa, pode ser a que tem ou prefere o silêncio? Ela sorri delicadamente.

J – Pode sim, quero saber o que você gosta. Mosto sorriso com timidez!

Ela liga o som toca a musica Só Hoje do J Quest. Ela regula o volume.

J – Elogio a música e comento que adoro a canção.

F – Eu amo, responde. Mas e aí senhorita Júlia o que é que você me conta?

Finjo que não entendi a pergunta e mudo o rumo da conversa:

J – Eu adorei a festa desse ano, o diretor foi show, curti demais a banda e o repertório também, dancei demais... Sorrio!

E ela sem nenhum tempo a perder, experiente, madura, me olha dentro dos olhos e me envolvendo afirma:

F – Eu amei a NOSSA noite! Ela me olha e segura o olhar nos meus olhos
sem piscar.

Nesse momento sinto tudo tremer, não sei o que fazer, não sei o que dizer e a única coisa que consigo pensar é que eu quero que ela me beije, que me toque de alguma forma. Segundos se passam e ela continua a me olhar, percebo toda minha confusão momentânea e comento a fim de sair daquela situação:

J – Você vai pra casa quando sair daqui? Pergunto com um tom vergonhoso.

F – ENTRE! JÁ ESTÁ TARDE! Responde com frieza enquanto liga o carro.

Saio do carro calada, sentindo muita vergonha pelo fora que acabei de tomar. Quando fecho a porta, apenas desejo boa noite. Ela não responde e arranca o carro com velocidade. Entro em casa, deito na cama enquanto entro em crise existencial. Meu Deus! Ela queria que eu a beijasse? Não Júlia, não! Ela está apenas sendo gentil e você está misturando tudo! AAAAAAH! Grito e soco o colchão. Na aula tudo está calmo. Ela simplesmente não me olha, não fala comigo e quando tento conversar ela ignora. É muita confusão mental e sentimental, não sei como prosseguir, mas decido que o melhor a fazer e me afastar. Está feito, alguns dias se passam e não nos falamos mais. Até que ela resolve quebrar o clima e no fim da aula pede que eu espere. Obedeço!

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