O recomeço.

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Alguns meses se passaram..

Após acordar na casa dos meus pais, me reviro na cama, sem entender muito o que está acontecendo na minha vida.. Afinal, o que está acontecendo em minha vida?

Com o cabelo bagunçado, com resíduos de rímel em meus olhos, levanto e desço as escadas, ouvindo o som de madeira envelhecida ao pisar em seus degraus.
Vejo que o meu pai está sentado na mesa junto com a minha mãe, eles estão bem preocupados, só não sei o porquê.
O meu pai olha em meus olhos e diz:
- Filha, como foi a sua noite?
- A mesma coisa da anterior..
- E como foi a anterior?
- A mesma coisa de sempre.
O que será que está acontecendo comigo? Preciso tratar bem as pessoas..Mas não consigo! Aquela briga mexeu com o meu psicológico.

Dou um sorrisinho de canto de boca, pegando a torrada e passando lentamente uma pasta de amendoim, vejo que a minha mãe está me encarando de uma maneira estranha e digo:
- O que foi, mãe?
- Filha, eu e o seu pai precisamos conversar com você..
- Diga..
- O seu pai está recebendo bem menos e não sabemos se vamos conseguir pagar a sua faculdade, sabe que nós estamos com várias dívidas. O seu pai decidiu comprar um carro novo e daí pra frente tudo despencou!

Percebo que a minha mãe está falando com um tom diferente quando se refere ao meu pai. Ela era tão doce, o que será que está acontecendo?
- Pois bem, vou ter que começar a trabalhar? Vocês sabem que eu não sirvo para fazer nada, a faculdade ocupa todo o meu tempo.

Olho para o lado, vejo o Dino pedir um pedaço da torrada, coloco em sua boca, vejo a hora em meu relógio de pulso e percebo que estou atrasada.
Me levanto rapidamente da mesa e digo:
- Apesar de tudo, eu amo vocês, mas estou atrasada.
Corro até ao meu quarto, pego a minha mochila, vejo que a camisa do meu pijama é arrumadinha e simplesmente coloco uma calça jeans rasgada por cima do meu short de dormir. Escovo os dentes, faço um coque bem bagunçado em meus cabelos, vou até o quarto dos meus pais e grito:
- Preciso ir de carro!!!
Pego a chave do carro, calço um vans que provavelmente é da minha mãe e vou caminhando até o carro.
Vejo que o carro está brilhando, sorrio e sussurro para mim mesma:
- Olha que lindo, é uma pena que ele custa mais caro do que o meu futuro..
Entro no carro, coloco a chave no contato, abro os vidros e o teto solar, ligo o som numa música bem animada, suspiro. O tempo passou e eu não quero ser apenas mais uma garota comum da faculdade.

Vejo que o trânsito está bem agitado e revelo o meu lado louca, cortando caminho por todos os carros, vejo a hora e suspiro.
Assim que chego ao estacionamento da faculdade, procuro uma vaga e estaciono o carro da maneira mais torta possível, saio do carro e aperto o controle do alarme.
Arrumando a bolsa em meu ombro, solto o meu cabelo, bagunçando-o propositalmente, passo ao lado dos meninos, vejo que o Théo está lá, puxo o mesmo pela camisa e caminho com ele e digo:
- Separa um horário em sua agenda, pois hoje a noite eu quero sair e lhe garanto que não vou desistir para ficar assistindo Netflix.
Solto o Théo e caminho até a sala de aula, ao entrar, me sento na carteira e começo a acompanhar a aula.

* NARRAÇÃO THÉO *

Mas o que foi isso? A garota que até a alguns meses atrás era "estranha", aparece na faculdade em um carrão e toda bonitona, que diabos é isso!?

Volto até o grupo dos garotos, ouço algumas gracinhas, rio e digo:
- Parem de inventar história, não temos nada.. e nunca teremos!
Os garotos começaram a me olhar de um jeito estranho e alguns duvidaram da minha sexualidade. Respiro fundo e digo:
- Travaram o disco, foi? Quando largarem esse pré-conceito estranho, me procurem.

* NARRAÇÃO FERNANDA *

Ouço algumas fofocas envolvendo o meu nome, inclusive vindo da menina que arrumou briga comigo há três meses, sinto alguma coisa tocar o meu ombro, me viro para trás e vejo que é um garoto negro, com tranças e um baita olho castanho.
- O-oi, me cutucou? DIGO COM UMA CARA DE CURIOSA.
- Sim, é que eu realmente lhe achei bonita, é nova aqui!?
O que será que o universo tem contra mim? Acabei de conseguir um admirador secreto, homens..

- Não, não, me chamo Fernanda e estudo aqui há alguns semestres, qual é o seu nome?
- Meu nome não importa, mas pode me chamar pelo meu apelido, Cázzio.
Além de ser um admirador secreto é agente do FBI?

- Ok, Cázzio, mas o que você quer?
- Eu quero saber se você quer sair hoje a noite, topa? Eu sei que você topa, então, até o Bar do Joe às 20:00.
Chegou agora e já quer sentar na janela do meu coração? Vai com calma, bebê!

Estou me achando, tenho dois rolês marcados para hoje à noite, mas preciso decidir com quem eu realmente vou.
Ouço o sinal tocar, me levanto, pego a minha mochila, caminhando até a cantina, compro um suco natural de maracujá e decido procurar o Théo.
Procuro por toda a faculdade e não o encontro, preocupada, respiro fundo.
As únicas pessoas que devem saber onde o Théo está, são os Townies.

Caminho até os garotos, vejo que há um menino de pele bem clara e cabelos escuros, digo:
- Ei, , você aí! Você sabe onde está o Théo? Théo Altman.
- Ele disse que tinha que ir em uma farmácia, pois tinha se machucado, mas não disse com o que se machucou.
- Machucado? Ele foi de moto?
- Sim, saiu há 30 minutos, você deve encontrá-lo no caminho.
- Obrigada!

Acelero os meus passos, caminhando até o carro do meu pai, entro e coloco a chave no contato, coloco uma música, e começo a tentar ligar para o Théo.

* NARRAÇÃO THÉO *

Na farmácia mais próxima da faculdade, tento procurar um remédio bem forte, pois preciso dormir e a insônia não permite. A minha vida não passa de bar, mulheres e bar novamente, isso está acabando comigo.
Sinto o celular vibrar em meu bolso, mas rejeito a ligação sem ao menos ver quem está me ligando.
Era a Fernanda, o que será que ela queria comigo!? Mas esquece, eu não quero falar com ninguém agora.

Com amor, Fernanda. EM PAUSAOnde histórias criam vida. Descubra agora