I don't need to live by your rules, you don't control me
Until you've walked a mile in my shoes, you don't know me.Minha cabeça parecia estar prestes a explodir. Eu poderia jurar que ouvia o tique-taque devagar da bomba relógio dentro de mim, como se o tempo não quisesse passar. Como se não bastasse aquilo, a música alta no andar de baixo parecia paralisar meus dedos sempre que eu pensava em escrever ao menos uma linha. A gritaria era incessável, o vibrar das caixas de som poderiam colocar qualquer pessoa num hospício, e eu tenho certeza que seria a próxima.
Como era possível que tanta gente conseguia quebrar copos de vidro ao mesmo tempo? Deus.
Eu tentei ligar pra o serviço de quarto e agendar alguma coisa que pudesse acalmar meus nervos, mas pra todo lugar que eu ia do hotel, eu podia ouvir a baderna que acontecia lá embaixo. Pra falar a verdade, eu poderia ir visitar meus pais em Amsterdam e era possível que eu ainda os ouvisse.
Então eu decidi descer até lá, mesmo vestindo um macacão jeans, um suéter cinza sem graça e botas velhas de couro, ver o que fazia a tal festa tão interessante.
Eu sabia que o hotel acomodava algumas pessoas famosas, mas não sabia que eram tantas. O salão de festas parecia que ia explodir junto com a minha cabeça. Talvez eu não conseguiria nem entrar ali pelo tanto de gente se empurrando e se pegando. Mais um passo e eu estaria entre eles, suspensa a qualquer tipo de coisa e eu sei lá o que eles podiam fazer. Todo mundo era tão bonito e bem vestido que eu tinha certeza que sairia dali envergonhada pelo resto da minha vida, mas eles estavam bêbados o suficiente pra sequer notar que eu estava ali.
O bar à direita era o único lugar razoavelmente vazio, onde as pessoas conseguiam respirar de verdade. Ele estava lotado de bebidas coloridas que com a luz que vinha de baixo dele faziam com que elas parecessem de neon, assim como o resto do lugar e das pessoas com os rostos e roupas pintadas. Eu resolvi beber uma das bebidas e o barman atrás já substituiu o copo faltando com outro. O álcool desceu rasgando na minha garganta, fazendo com que a dor de cabeça ficasse mais forte, se é que era possível, mas o gosto era tão incrível quanto a cor. Em dois goles a bebida já estava no fim e alguém sussurrou algo no meu ouvido.
—Você precisa jogar o copo no chão quando terminar de beber.— a voz grave e masculina sussurrou, tão perto que eu conseguia sentir a respiração quente nos cabelos da minha nuca.
Agora fazia sentido toda aquela barulheira com os copos quebrando. Não sei porque fazia, mas talvez esse era a intenção da festa; fazer coisas sem sentido. Então joguei o copo sem força alguma no chão e logo peguei outra em cima do balcão, me virando pra ver de quem era a voz em meu ouvido.
O homem era bonito, ou ao menos parecia ser, porque a luz do lugar era fraca e seu rosto só era iluminado pelo neon desenhado em algumas partes. Ele tinha lábios bonitos e o cabelo levemente cacheado, não conseguia ver a cor dos seus olhos, mas eles estavam entretidos nos meus bastante tempo.
—Obrigada por avisar.— disse e ele sorriu saindo com uma loira de batom vermelho escuro e um vestido que era quase invisível de tão curto.
Eu vi mais algumas pessoas saindo e aos poucos o lugar foi me deixando respirar. Ainda havia muitas pessoas ali, mas eu pelo menos consegui sair sem esbarrar em mais de vinte pessoas como quando entrei, dessa vez só esbarrei em uma pessoa, um homem de cabelo escuro e tatuagens espalhadas por todo o corpo, incluindo o pescoço. Ele não tirou o olho de mim até que eu estivesse no outro corredor. Tão bonito quanto o outro que me explicou as regras da festa.
Consegui chegar até meu quarto sem cair, mesmo estando tonta. Não pela bebida, mas sim pela dor de cabeça. Eu não deveria ter descido. O tique-taque da bomba que queria explodir minha cabeça agora estava alto e mais rápido, parecendo gritar em meus dois ouvidos que se eu não me deitasse agora era possível que tivessem que chamar um médico pra mim.
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Ghost | H.S
Romanceonde harry styles pede pra aime reed ser a escritora fantasma de sua biografia.