part three.

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It's the end of the night
But the beginning of time, for you and I  

—Só pode ser algum tipo de maldição. Sério.

Jogo a cabeça pra trás na parede enquanto Leonard conversa com uma secretária, na esperança de conseguir rastrear nossas malas.

—Leonard...—eu resmungo. Já estávamos ali fazia quase duas horas e não havia nem sinal delas.

Toda vez que eu viajava algo dava errado, e dessa vez foram as malas sumidas. Eu estava exausta o voo todo e só consegui dormir no final da viagem quando eu tinha conseguido escrever um capítulo enorme do livro de Harry. Era a primeira vez em meses que eu conseguia escrever algo sem parar por causa de um bloqueio criativo. Eu fechava os olhos por alguns segundos e ali estava minha inspiração; cada segundo do show de Harry ontem me fez conhecê-lo um pouquinho melhor e escrever sobre ele foi fácil demais até pra mim.

—Vai dar tudo certo, Aime. Só para de bater a cabeça na parede, sei que pode parecer impossível, mas é provável que você fique mais idiota desse jeito.—Leonard tenta brincar e me afasta devagar da parede, me colocando do seu lado e cruzando nossos braços.

Eu não reajo àquilo, me faz sentir saudades de casa. Era típico de Leonard que se aproveitasse de mim quando eu estava cansada e eu me lembrava dele fazendo isso quando a semana de provas chegava e ele me fazia dormir quando eu tinha que estudar. Foi um dos motivos pelo qual eu me apaixonei por ele e ao mesmo tempo um dos motivos pela qual a paixão tinha morrido.

—Vamos embora, eu consegui resolver. — ele descruza nossos braços e passa a mão pelas minhas costas. — Você tem bastante coisa pra resolver hoje.

—Obrigada por lembrar. —  reviro os olhos dou leves tapinhas em seu peito, me afastando pra pegar as malas que estavam finalmente passando pela esteira.

—Posie tinha me dito que queria falar com você. Promete ligar pra ela?

—Prometo. Agora vamos, por favor?

Leonard faz que sim e tira as malas dele da esteira dessa vez. 

Espero que ele faça mais algumas coisas na recepção e assine mais alguns papéis enquanto eu como alguma coisa na cafeteria horrível daquele aeroporto que só era chique se as pessoas visitassem apenas uma vez. A comida era boa, mas se eu fosse julgar pelo cheiro, teria que comer alguma coisa no hotel. E era uma surpresa porque, bom, estávamos em Paris.

Peço uma coca-cola diet e pãezinhos e estava satisfeita. Fiquei observando as pessoas correrem pra pegar os voos pra lá e pra cá, desesperados sem razão alguma ou porque estavam prestes a perder o horário. Era quase engraçado até eu lembrar que era quase rotina que eu perdesse os meus voos também.

—O que estava escrevendo no avião? — Leonard perguntou enquanto se aproximava da mesa da lanchonete onde eu estava.

Ele se sentou na minha frente e ficou de costas pra pequena vitrine de lanches e deu uma mordida em um dos pãezinhos. Pra alguém tão intimidador, era até bonito ver como sua feição se acalmava quando estava comendo e eu não pude segurar a risada. Eu sabia que ele odiava quando prestava atenção nele e "deixava as coisas não-profissionais", por isso foi ainda mais divertido provocá-lo.

—Já vai começar?

—Não sei o que quis dizer. — continuei brincando.

Leonard se largou na cadeira e cruzou os braços, me desafiando. Parecia estar pensando em um jeito de se vingar como se estivesse lendo minha mente. Ele estava tirando toda a graça com o bom humor raro dele.

—Você ainda dorme com o dedo indicador entre os lábios.

Ele dá uma risada quase alta e joga a cabeça pra trás. 

Ghost | H.SOnde histórias criam vida. Descubra agora