part two.

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Every time I'm with you, I go into a zone
And I remember all the places you wanna go 

Acordei com Emma deitada em meu peito, ainda com um grande pênis desenhado em sua bochecha esquerda. Me pergunto como foi parar lá, já que eu não me lembra de nada sobre ontem, apenas partes que não se conectam e que fazem duvidar do fato de eu e Emma usarmos ou não drogas na noite passada. Vasculho na minha caixinha de memórias, mas não consigo encontrar nada que me ajude. Acho que terei que viver com essa dúvida pro resto da minha vida.

Emma começa a acordar aos poucos, resmungando de dor antes mesmo que consiga abrir os olhos. Cuidadosamente, me levanto antes que ela, sem acordá-la por completo e fecho as cortinas. Deus sabe o quanto é difícil acordar com o sol em seu rosto numa manhã de ressaca

Pego as coisas que preciso no frigobar pra preparar meu famoso suco verde que, de acordo com a minha mãe, cura tudo. Maçã verde e mais algumas folhas verdes e meu suco parecia limpar a acidez de anos atrás. Não descobri até hoje que propriedades fazem esse milagre, mas o que importa é curar.

—Bom dia.— Emma diz atrás de mim e eu me viro pra ver o seu estado. Ela ainda está coberta e de olhos fechados, apenas conseguiu se sentar na cama.

—Bom dia. Você tem um show hoje, quer levantar?—pergunto e entrego o copo da coisa nojenta.

—Que isso?—ela pergunta, esfregando os olhos com a mão livre.—E nem me fale em show, não sei nem se vou conseguir levantar daqui.

Dou risada.

—Bebe isso e vai encontrar com Harry, ou ele vai começar a ligar procurando por você de novo.—reviro os olhos.

Percebi que meu "de novo" saiu totalmente sem querer, porque eu não me lembrava de ligação nenhuma de Harry, mas assim que as palavras saíram, eu me lembrei. Ele ligou algumas vezes, mas Emma só conseguiu ouvir tocando quando paramos de rir como hienas numa caverna com eco. Pra falar a verdade, é a lembrança mais clara que eu tenho de ontem. Harry não parecia rude como foi comigo no café da manhã, ele estava tão preocupado com Emma, de um jeito que até seu tom de voz estava menos grave. Preciso conhecer essa versão de Harry se vou escrever seu livro idiota.

—Você lembra de Harry me ligando, mas eu não lembro nem o que comemos.— Emma disse e fez uma careta ao dar o primeiro gole no suco.—Nós comemos?

Não sei a resposta, só me lembro da ligação. Começo procurando pelo quarto algo que denuncie o que comemos porque, pra ser sincera, pelo barulho alto da minha barriga, acho que sei a resposta. Encontro caixinhas de comida japonesa jogadas no canto do closet, sem ter ideia de como foram parar lá e mostro pra Emma colocando a mão pra fora e a ouço dar risada.

Quando saio do closet, ela está sentada na beira da cama revezando entre dar goles no suco e vestir os sapatos.

—Nos vemos hoje à noite.— Emma sorri e sai depois de organizar o que se lembrava de ter bagunçado.

Virada de costas pra porta, espero ouvir seus pés no assoalho do corredor pra dar o primeiro gole no suco, fechando o nariz com os dedos pra não ter que sentir totalmente o gosto. Não era justa com a minha nova amiga que ela visse fazendo uma careta monstruosa.

Meu telefone vibra em cima da mesa de centro em meio às taças e garrafas de chamanhe ali. É Leonard.

—Por que não foi ontem?— o chato pergunta, sem ao menos me dar bom dia.

—Bom dia pra você também, Leonard. Eu dormi bem, obrigada por perguntar." faço uma pausa e o ouço bufar do outro lado da linha. —Posso te explicar quando chegar aí?

Ghost | H.SOnde histórias criam vida. Descubra agora