part four.

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Like sour diesel
I can't stop the feelin', yeah  

Eu odiava isso. Odiava que as coisas estavam indo rápido demais e odiava que as coisas sequer estavam indo pra algum lugar quando o certo era que eu escrevesse seu livro e pronto. Era só isso. Eu não podia negar que Harry era atraente, nem se eu quisesse, mas eu queria negar que tinha algo a mais que só achar ele atraente. 

Ele saiu de perto de mim na cama e largou o notebook do meu lado pra se sentar no sofá de couro encostado na parede quando pareceu sentir que tinha falado algo de errado. Ele franziu o cenho como sempre e tirou os óculos de sol do cabelo pra ajeitar os fios e evitava a todo custo olhar pra mim. 

—Desculpa, não queria deixar as coisas estranhas. — ele disse por fim.

Eu conseguia observar o olhar inquieto, dando toda atenção ao carpete e as botas em seus pés. Ele queria dizer alguma coisa, mas sempre que começava, seus músculos o deixavam na mão, deixando a coisa toda mais dramática do que deveria ser. Não era pra ser nem um pouco dramático, pra falar a verdade. Pessoas se sentem atraídas umas pelas outras o tempo todo, não era tão profundo nem nada que não possamos resolver como adultos.

—Tudo bem. — me levanto e sento ao seu lado no sofá de couro, tentando passar a impressão que as coisas não ficaram estranhas, apesar de terem ficado sim. —E aí, vai querer ler ou não?

Ele tira o celular cor-de-rosa de cima do colo e se levanta um pouco pra enfiar no bolso. Harry realmente tem algo com a cor rosa, eu juro.

—Não sei. Não quero sentir que invandi seu espaço ou algo do tipo.

Pra alguém tão egocêntrico, senti que ele estava falando a verdade quando seu cenho se tranquilizou e ele me olhava de uma forma apreensiva.

—Agora você se importa? —provoco.

Uma risada irritante sai da boca de Harry.

—Só estava tentando ser legal. Prefere que eu volte ao meu outro estado ou este aqui é melhor? — ele provoca de volta, seguindo meus movimentos enquanto caminho de volta pra cama e me jogo lá, ignorando qualquer regra ou outra merda que proíba intimidade entre clientes. Se vou mostrar pro mundo quem Harry é de verdade, preciso que ele confie em mim de alguma forma e sei exatamente como fazer isso.

—Já que está confortável, quer voltar ao assunto de onde paramos no dia do show? — ele puxou a mesa de centro mais próxima do sofá e colocou as pernas em cima, cruzando os braços. Soltei uma risada baixa.

—O que quer saber? —pergunto e ele faz um bico, parecendo pensar.

—Não sei. Deixa eu ver. — ele cerra os olhos e olha pra mim. —O que te inspira pra escrever?

Gostaria de dizer mil coisas que me inspiravam, mas não conseguia pensar em nada. Poderia ser minha mãe, a falta que meu pai fazia, os filmes de comédia romântica que eu virava a noite assistindo, ou as milhares de casas assombradas que meu editor me obrigava a visitar pra um livro documentando as histórias absurdas de cada uma delas, mas meu cérebro preferiu que eu respondesse a mais improvável e que nem estava na lista:

—Bom, no momento, você. — eu disse, sem querer.

Sorrio. Sei que quis dizer outra coisa, mas vou ficar muito feliz se ele entender totalmente o contrário.

—Me sinto lisonjeado. 

—Não deveria. Não é tudo isso.

Levantei a cabeça devagar no travesseiro e vi Harry caminhando até a cama dançando como um palhaço. Ele se jogou no lado livre da cama e apoiou a cabeça na mão, me olhando.

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⏰ Última atualização: Jul 31, 2018 ⏰

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