Capítulo II

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Ao abrir os olhos, Elizabeth ainda se sentia tonta mas a dor no braço havia passado. Ela estava deitada em um sofá surrado, porém não tinha forças para levantar e por algum tempo ficou olhando o teto sem foro, não pensou em nada especificamente, estava muito confusa.
“A bela adormecida acordou?” Quando ela ouviu a voz masculina, tentou se levantar rapidamente mas caiu por causa da vertigem. O homem riu da garota e sentou-se na poltrona ao lado direito dela.
“Por que vocês me trouxeram para esse lugar asqueroso?” Ela perguntou para o cara de longos cabelos loiros que reconheceu da floresta.
“Nós salvamos sua vida, garota estúpida, deveria estar mais agradecida.” Calmamente ela conseguiu sentar no sofá e pode olhar melhor o homem com quem falava. O olho da cor roxa que estava descoberto pela franja lhe deram calafrios, ele emanada uma energia ruim. Mas outra coisa lhe chamou mais atenção foi coleira de aço em seu pescoço, isso só lhe deu mais repulsa.
“Agradecida? O que uma pessoa como eu tenho a agradecer a um cão como você?” O homem apenas continuou a olhando com indiferença. Sentido-se melhor, ela conseguiu se levantar e foi em direção a porta, porém foi impedida pelo vampiro que entrou na hora que ela ia sair, fazendo ela voltar a sentar no sofá.
“Onde você estava indo?” O maldito vampiro não ia deixá-la passar facilmente, e logo após o terceiro cara que estava na floresta apareceu na sala e postou-se a esquerda de Elizabeth, ela estava cercada.
“O que vocês querem?” Sua respiração estava acelerada, nada de bom poderia vir desses cães de caça.
“Não iremos machucá-la.” falou o vampiro novamente
“Não confio em vocês.”
“Séria louca se confiasse.” O cara do olhar sinistro que a respondeu, mas ela não conseguia mais encara-lo.
“Senhorita, o que aconteceu com você mais cedo na floresta? Quem te atacou?”O homem de cabelos cor de mel que estava a esquerda dela falou pela primeira vez.
“Eu não sei, de repente meu amigo e eu fomos atacados por sombras e um cara em um manto me feriu como uma foice.” Os três se olharam e ela tocou no braço que fora cortado, ainda tinha a cicatriz.
“Ian.” exclamou o vampiro.
“Quem é Ian?” Indagou.
“Ian é um ceifeiro, é por ele quem procuramos.” Então era isso que os cães vieram fazer.
“Um ceifeiro...” O que um ceifeiro queria com ela? Liz não entendia.
“Bom, já esclarecido as coisas, é melhor eu ir.” Ela levantou mas o vampiro a fez sentar de novo.
“Pode parar com isso?” Ele deu um sorriso gentil, o mais gentil possível quando se tem presas grandes e afiadas.
“Fique mais um pouco, ainda nem nos apresentamos.” Ainda sorrindo, ele falou de uma forma amigável.
“Sei o suficiente para não querer ficar mais tempo aqui.” Obviamente ela se referia ao fato deles seres cães de caça, detentos do reino de Arkyos que faziam o trabalho sujo para o rei em troca de diminuição da sua pena.
“Que lastima, eu adoraria conhecê-la melhor.” Liz não pode conter o revirar de olhos.
“Me chamo Yukine, sou um vampiro como você já deve ter percebido. Aquele ali é o Luka, um demônio.” Isso explicava a ojeriza de Elizabeth pelo homem de olhos roxos. Anjos e demônios eram inimigos naturais. “O outro é o Joker, ele é um mago.”
“Me chamo Elizabeth.” Ela disse baixo e a contragosto.
“Já é um começo.” Seria mais fácil se ele não fosse tão amigável.
“Posso perguntar uma coisa?” Ela tentou ser mais educada. “Por que vocês me ajudaram? Cães não são conhecidos por sua benevolência.” Só tentou mesmo.
“Talvez você não seja tão burra quanto parece, princesa.” Luka pronunciou a última palavra pausadamente.
“Entendo, podem ter certeza que meu pai saberá da 'bondade' dos senhores. Agora eu preciso ir, me deem licença, por favor.” Ela se levantou pronta para brigar com quem fosse ficar no seu caminho e andou até a porta.
“Você está correndo perigo, senhorita Elizabeth. Tentaram te matar hoje e não vão descansar até conseguir. Voltar para sua vila é colocar todos em perigo também. Nós encontramos os corpos mortos dos guardas que seu pai enviou, não tem ninguém para te proteger.” Ela parou de andar enquanto Joker falava mas continuou encarando a porta.
“E por acaso vocês vão me proteger?” Ela colocou a mão na maçaneta pronta para sair.
“Você viva vale mais do que morta.” Disse rispidamente o Luka.
“Não podemos te obrigar a ficar conosco, mas saiba que vamos te levar em segurança a Arkyos.” Com certeza eles seriam libertos por realizar tamanha proeza e tinham razão em relação a segurança da vila, seria ariscado voltar. Elizabth tirou a mão da maçaneta e se voltou para os cães de caça. “Partiremos quando?” Nem ela acreditou que estava aceitando viajar com esse tipo de gente.
“Então, você ficará com a gente?” Yukine abriu um grande sorriso que possivelmente derrete o coração de muitas mas não o de Elizabeth.
“E eu tenho escolha?”
“Temos que resolver o caso do Ian, logo após podemos partir, senhorita.” Respondeu o Joker.
"Não vou aguentar ficar muito tempo nesse lugar imundo e vou precisar de roupas. E o mais importante quero ter certeza que meu amigo que foi atacado está bem.”
“Cuidaremos disso amanhã. Quanto essa cabana, ficaremos só mais dois dias no máximo. Seria melhor se a senhorita fosse descansar agora. Lá em cima tem camas que servirá para isso.” Sempre muito polido, falou Joker.
“Eu te levo para o quarto.” Yukine estendeu a mão para a princesa que o olhou de cima a baixo e ignorou, ela se dirigiu rapidamente as escadas, Yukine foi atrás. Ao se deparar com uma porta ela parou e o esperou abrir, ele o fez com prazer. Elizabeth não pode conter o seu desapontamento com o quarto, havia três camas com lençóis encardidos.O vampiro logo foi tentar tirar o pó da cama do canto.
“Obrigada.” Ela disse e sentou-se, ele fez o mesmo na cama ao lado. “Uma princesa deve estar acostumada a tudo de bom e de melhor, não é?”
“Não é tão ruim assim.” Liz engoliu em seco.
“Eu gostaria de pedir desculpas pelo que aconteceu na floresta, eu te assustei e não era minha intenção.” Ele realmente parecia sincero e Elizabeth apreciava isso.
“Vamos esquecer isso, deveríamos tentar conviver melhor, o que acha?” Ele se moveu animadamente na cama
“Eu gostaria muito.” Liz estendeu a mão para o rapaz que não entendeu logo de primeira.
“Sou Elizabeth, prazer.” Ele pegou em sua mão
“Me chama Yukine e o prazer é todo meu.” Yukine beijou a mão de Elizabeth que, surpresa pelo movimento do outro, a retirou depressa e se levantou na mesma velocidade.
“Ok...”Ela estava segurando o impulso de limpar o lugar onde o vampiro a beijara.
“O banheiro é ali?” Liz apontou para a porta ao lado.
“Sim, se qui...” Ele não pôde terminar a frase pois ela entrou agilmente no banheiro. Quando a princesa saiu do banheiro, Yukine estava deitado na cama que antes sentara.
“Você pretende dormir aqui?” Ela não esperava encontrar ele após a ida ao banheiro.
“Bom, esse é o único quarto e hoje foi um dia cansativo, se me permite..."
"Claro, eu só estava perguntando mesmo. Fique à vontade." Ela deitou rigidamente e virou-se para o lado da parede.
“B-boa noite, Yukine.” Elizabeth balbuciou.
“Durma bem, princesa.”

A princesa estava correndo na floresta e ouvia voz em sua cabeça: “Você nunca será uma boa rainha.”, essa voz ia ficando cada mais alta até que ela nem conseguia mais entender o que estava sendo dito. Elizabth acordou com as mãos na orelha e suando frio, quando percebeu que não ouvia mais a voz, abraçou-se fortemente. Mais calma, ela olhou para o lado e Yukine dormia tranquilamente, quando se levantou tomou cuidado para não acordá-lo. Já na cozinha pegou um copo d'água para tentar relaxar, sintia falta da Lilá que sempre fazia chocolate quente quando a menina tinha pesadelos, além disso a deixava dormir no quarto dela. Sentiu-se melhor com a lembrança, se espantou quando virou e viu o Joker parado em sua frente.
“Não te vi chegando.”
“Não esperava te ver aqui tão tarde. Precisa de alguma coisa, senhorita Elizabeth?” Ele era muito educado, não dava para imaginar o que ele fez para ser preso, diferentemente dos outros dois.
“Elizabeth, pode me chamar só de Elizabeth e não, eu só preciso de um pouco de ar.” Ela deu as costas para o Joker e foi até a saída.
“Mas de qualquer forma, obrigada.” Poder respirar profundamente foi um grande alívio, a paisagem também a relaxou, o céu estrelado e a lua cheia estavam linda.
“O que você está fazendo aqui?” Elizabeth não havia visto o Luka sentado em um banco próximo dali.
“Eu vim ficar um pouco sozinha, mas parece impossível aqui.” Ela foi sentar-se na extremidade oposta do banco. Luka não respondeu e nem olhou para a princesa, já ela aproveitou para observar melhor o demônio que mal conseguiu olhar mais cedo. Sua franja continua cobrindo um dos olhos, por causa do vento ele constantemente a arrumava, o resto do seu cabelo estava esvoaçado.Havia algo de maligno em volta dele, ela estremeceu ao pensar nisso.Quando Luka se voltou para ela, a garota desviou na hora. Liz envolveu seus braços entorno do joelho e retornou sua atenção ao céu. A lua cheia a lembrava de Samuel, ele costumada ficar agitado na nessa época e a princesa sempre o ajudava, mas não estava com ele hoje, nem sabia se seu amigo estava bem.
“Entre, está frio aqui fora.” Luka praticamente exigiu.
“Por acaso você se importa se eu estou passando frio?” Liz abaixou sua visão para o vestido branco sujo que estava usando.
“Nem um pouco.” Sem emoção na voz, disse Luka.
“Foi o que eu pensei. É melhor pensar em outra desculpa para se livrar de mim.” Eles não falaram mais nada e Elizabeth dormiu sentada no banco.

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