Capítulo 2 "Lembrança"

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A euforia me dominava. Em saber que mais um dia veria os meus novos amigos. Tenho certeza que eles me vêem assim também.
O dia hoje estava bem colorido, os pássaros cantavam alegremente como de costume, o ár estava fresco, e tudo ocorria no seu devido lugar. Um dia perfeito para vender as flores na cidade.
Visando os outros dias, Caim, Lissa e Tom já deveriam estar aqui.
Não podia perder tempo então coloquei as flores no carrinho e fui direto para a cidade vende las.
A parte complicada era que o contato que mantinhamos, era somente quando eles iam na floresta, ou seja, pessoalmente, e isso fazia as coisas serem mais difíceis , por tanto não sabia o porquê deles não terem vindo.

Atravessei a floresta fechada, pela melhor parte onde não tinha complicações no caminho e que me levava direto para a cidade.
Chegando lá parei em um ponto de venda e rapidamente as pessoas vinheram até mim para buscar suas encomendas.
Logo depois as pessoas foram embora e uma senhora se aproximou.

— Ayla!! As flores estão mais lindas do que nunca, gostaria de levar uma Gibraltar Campion!

Ela disse apontando a flor.

— Ah! Oi, senhora....Obrigada!!

Respondi meio sem jeito por não lembrar o nome dela.

— Bernades! Me chamo Bernades!

— Perdão! Só um segundo, Sr.Bernades!

Peguei uma embalagem para a flor e depois de ter feito a entreguei.

— Obrigada , aqui está!
Ela me entregou uma quantia a mais de dinheiro e eu devolvi.

— Não é tudo isso Sr. Bernades.
Ela me olhou, e depois de dar um sorriso falou:

— Minha netinha ama flores, ela fica muito contente quando levo para ela, no final o sorriso de felicidade que ela me dar é a melhor parte do dia, então aceite por favor!.

Eu não era o tipo de pessoa que pensava somente nos lucros. Vendia as flores é óbvio para me sustentar, mas também por gostar da concepção de poder usar meu talento dessa forma.

— Tudo bem, vou aceitar só dessa vez. Obrigada Sr. Bernades.
Peguei o dinheiro meio sem jeito.

Ela tinha comprado a última flor. Assim que peguei o dinheiro, ela foi embora e antes que eu voltasse para casa resolvi ir comprar algumas coisas.
Excêntrico notei a presença de Tom, quando passei em frente uma loja de bebidas, o quê será que ele estava fazendo ali sozinho?, ele não tinha cara de quem bebia.
Normalmente as pessoas bebem por alguns motivos, como; valorização pessoal, apoio emocional, convívio social e até mesmo conformismo, e ele não aparentava nenhum desses perfis de pessoa.
Mas deixei passar e não parei, continuei andando em direção a loja de doces, fazia bastante tempo que não entrava em uma loja dessas.
A loja ficava praticamente no centro da cidade, como se fosse uma armadilha gigantesca para crianças.

Quando cheguei no meio do caminho, senti uma presença peculiar, fazia tempo que não sentia algo parecido, desta vez era um pouco diferente, ruim e ao mesmo tempo inerente.
Em questão de segundos, ouvi gritos vindo próximo a loja de doces, várias pessoas estavam correndo em minha direção, umas estavam feridas gravemente com cortes no corpo e sendo carregadas por outras pessoas, logo na frente havia mais gente, porém, com leves ferimentos, mas mesmo assim desesperadas.
Inesperadamente houve uma explosão na loja de doces, o som era como um estrondo sônico.
O fogo foi tão alto que tomou todas as outras lojas que ficavam ao lado dela, diversas pessoas perto da loja pegaram fogo em seus corpos.
Pude ver muitas se jogando no chão tentando se livrar do fogo, entre elas outras com braços, pernas e o rosto deformados tentando correr para longe do fogo. Era uma cena horrível de se ver, eu fiquei em estado de choque vendo aquele cenário medonho. Assemelhava com algo que eu já tinha visto antes.
Recordei de quando minha casa pegou fogo, enquanto meus pais ainda estavam lá dentro, aquela cena que vi, todo aquele desastre tomou minha mente, a situação piorou e eu nem se quer pude me mover dali, e as lágrimas iam caindo no meu rosto.
O que estava acontecendo? todas aquelas pessoas morrendo, por quê?, aquilo não parecia um acidente, fiquei parada ali enquanto a multidão corria por mim, sabia que tinha que sair dali.
Entre tanto, as lembranças terríveis que eu possuía, me deixaram em estado de choque, fiquei imóvel.

--- Aylaaaa!!!.

Ouvi uma voz vindo de alguma parte da multidão, era meu pai? Ou minha mãe?, e quanto a Sr.Bernades ela conseguiu levar a flor para sua netinha?. Não consegui me mover, tais pensamentos me reprimiam.

— Aylaaaa!!

Já era a terceira vez que aquela voz gritava, chamando pelo meu nome.
Foi quando alguém puxou minha mão.

— O que você estava fazendo lá? Por quê não correu? queria morrer?

A voz era de Caim, ele encontrava se desesperado. Sua voz estava cansada, podia ouvir a respiração ofegante dele enquanto corria comigo me tirando daquele local, pelo visto ele estava ali bastante tempo me procurando.
Simplesmente não respondi nenhuma pergunta que ele me fez.
Estava fora de si, tudo aquilo me levou ao dia que perdi meus pais, foi a razão de não conseguir me mover.
Achei até que fosse eles me chamando. Era minha imaginação. Apenas uma lembrança.

Corremos até um supermercado, parecia estar vazio, mas assim que entramos Tom e Lissa estavam lá, esperando pela gente.
Lissa com os braços cruzados, inquieta e a expressão já dizia tudo, raiva.
Tom estava em pé mas logo se ajoelhou com as mãos na altura do peito, e deu um gemido baixinho, isso deixou óbvio para todos nós.
Foi de dor, ele estava ferido e sangrando.

A Descendência "Profecia das Sombras" (REVISANDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora