- Amanhecer. Um dos mais belos espetáculos da natureza! - Tomiko exclamou, me levando a contemplar o céu ainda amarelado pelo sol nascente, que subia além das montanhas, fazendo com que os reflexos das silhuetas das sequóias e outras árvores da floresta ao longe surgissem num deslumbrante espelho d'água.
- Lindo, não é? - ela disse apontando para o grande lago de tons negros e dourados, sobrevoado por algumas poucas libélulas se arriscavam dando vôos rasantes sobre o fio d'água.
- Incrível como... Ele pensou em tudo! - Tomiko dizia enquanto eu me aproximava dela.
- Cada detalhe, cada... - Ela dizia apontando para o horizonte, e depois para as pedras e pássaros ao nosso redor:
- Organismo, e... - Tomiko ainda parecia apreciar as maravilhas da Mãe Natureza, quando eu a interrompi:
- E então? - questionei e ela apareceu desconversar:
- A vida humana é belíssima, mas brevíssima! - Tomiko disse virando-se para mim.
- Ela passa tão rápido, como as gotas do orvalho, que surgem na calada da noite, cintilam ao amanhecer e logo depois evaporam ao calor do sol.
- Isso foi profundo! - Eu refleti enquanto ela continuava:
- Tão envolvidos pelo ativismo e escravos das ambições que os aprisionam, não percebem os mistérios que cercam sua própria existência.
- É... A vida é curta, concordo! - Retruquei, mas fui interrompida:
- Achei que este amanhecer... Fosse acalmá-la de alguma forma!
- É muito lindo! - Assenti. - Realmente fascinante.
- No entanto; gostaria de saber como foi que...
- Veio parar aqui? - Ela replicou, e ainda falava quando ( agora iluminada pelo sol), eu pude notar uma incrível mudança no visual dela:
- Está segura agora. - Ela afirmou enquanto eu reparava nos cabelos outrora longos e sedosos; transformados num channel vermelho na altura do pescoço.
- Estou segura? - Questionei ainda irritada.
- Sim! - Tomiko respondeu, ríspida.
- E é isso o que importa!
- Ao menos pode me explicar, o porquê? - Perguntei me levantando.
- É paradoxal. - Ela disse também se levantando.
- Possuem tecnologia para destruir montanhas, porém tropeçam nas pedras do próprio medo, e mau humor.
Com a língua coçando para questioná-la sobre o modo estranho com que se referia à humanidade; além da mudança drástica no visual, permiti que prosseguisse com aquelas analogias, até o momento em que descendo por algumas rochas, Tomiko foi até a margem e agachou:
- Estou aqui; - Ela disse abaixando-se na margem do lago, e pegando um punhado de água nas mãos, continuou:
- Para abrir os seus olhos.
- Abrir os meus olhos? - Debochei, seguindo ela até a beira do lago.
- Claro!
- Por que a dúvida, Senhorita Redine? - Tomiko questionou.
- Não é você quem vive questionando tudo ao seu redor?
Quase me atrevia a concordar com ela. Até pensei em responder mas minha raiva graças ao fato de "ter sido sequestrada" não me deixou falar ao passo que a "dona sabe tudo" continuava seu discurso:
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[ UDG ] A GAROTA DA CAPA. O CONTO REPAGINADO
Romance"E SE A VIDA QUE VOCÊ DEVERIA VIVER, NÃO PERTENCESSE À REALIDADE ONDE ESTÁ?" Rosanne Redine é uma jovem, que assim como muitas outras pessoas do século XXI, sempre questiona a vida que leva e a realidade onde vive. Graças a um estranho incidente no...