Era ano novo. Milhares de pessoas comemoravam ao redor de Cristina, o barulho de fogos de artifício encobria o que tanto as pessoas tagarelavam sobre como o ano nascente seria maravilhoso.
Santa ironia!
Cristina estava sentada à beira da praia carregando um envelope cujo conteúdo ela ignorava. Havia de algum modo conseguido encontrar um lugar ideal para sentar-se no chão sem que fosse pisoteada e, ali, olhava para o céu iluminado por explosões coloridas.
Seu semblante não era saudoso, muito menos alegre. Cristina estava alheia ao que acontecia ao seu redor e até mesmo no céu. Para ela, naquele momento, só o que existia era a lembrança dele.
Mais cedo naquele dia, os dois, ela e Pedro, haviam ido à casa de praia para a confraternização universal. Arranjaram tudo. Banquete, amigos, champanhe e roupas de cores para cada desejo.
Ao sair do banho naquela noite, tudo o que encontrou foi a casa vazia. Era estranho, já que ele estaria ali, à sua espera para saírem e se encontrarem com os amigos, o ano novo os aguardava!
Ela procurou o celular e o encontrou ao lado do chip telefônico dele. Não havia como ligar.
Percebeu que ali próximo havia um envelope. Uma carta que ao invés de trazer remetente, continha os dizeres: "Sinto muito".
Cristina, com a face que não entregava o que se passava no coração, sentia-se completamente confusa e abandonada.
Tudo o que queria era a maldita explicação olho no olho, por isso não abriu a carta. Se não fosse assim, de forma honesta, preferia continuar às escuras.
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As Cartas
Short StoryConjunto de microcontos que possuem um tema em comum: cartas. Microconto "Virtualidade" foi finalista do concurso de Microcontos do Sweek #Microcarta. Todos os microcontos estão disponíveis também no Sweek, publicados separadamente.