A Grande Espera

38 10 16
                                    

   Ela não se permitiu ler a carta.
   Era doloroso demais. Ela sentia que as notícias não seriam boas. O semblante de quem a entregou a carta também não era dos melhores.
   O que ela esperava? Eles estavam em guerra. Uma guerra que não era deles, era verdade. Eles não pediram por essa guerra. Não queriam destruição ou poder ou qualquer coisa que a violência brutal pudesse proporcionar.
   De qualquer forma, ela preferia manter as esperanças. Tudo teria um fim, afinal. Até este fim, ela estaria esperando por ele. Já havia perdido seu marido na primeira vez. Desta, não abriria qualquer correspondência que pudesse confirmar que seu filho, seu único filho, nunca mais seria visto por ela.
   Sonhava com o dia em que o teria de volta nos braços, lembrando sempre da promessa que fizera ao marido antes que este partisse com os outros: protegeria o garoto, com a sua vida se fosse preciso.
   Ela não contava que tudo fosse recomeçar. Ela não poderia imaginar que ele seria convocado, arrancado de seus braços para empunhar dor e sofrimento.
   Seu único sentido na vida, dali por diante, seria a grande espera. Guardou a carta para abrir quando a seus ouvidos chegasse o fim de tudo. Por enquanto, seu filho continuaria vivo em seu íntimo. 

As CartasOnde histórias criam vida. Descubra agora