O Comandante

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Hyungwon respira, dedos se arrastando pelas paredes ásperas. Ratos chiam ao seu redor, alguns roçando contra seus tornozelos, seus curtos bigodes fazendo cosquinhas em sua pele. Ele solta uma risadinha, os enxotando carinhosamente.

"Não encoste no que vocês não podem ter," Hyungwon os repreende, em um sussurro, a precaução logo se tornando inútil quando ele solta uma gargalhada que reverbera pelas paredes.

Ele está ofegando quando ele chega na porta certa, incapaz de controlar as risadas ainda explodindo em seu peito. Ele sempre fora o divertido da turma, alguém havia lhe falado isso. Em algum momento. Na sua outra vida...uma vida que ele não consegue lembrar muito bem. O portão abre com um gemido e Hyungwon pede silêncio, antes de entrar. Parecido com os roedores que caminham pelo sistema de esgoto da cidade antiga, já faz tempo desde que o ômega havia aprendido a navegar sem luz. Ele se locomove com facilidade pelas sombras, a falta de cores de algum jeito o auxiliando a ignorar sua vida solitária.

"É para o bem maior," Hyungwon murmura quando ele se locomove pelo caminho já conhecido. "Nós nunca estamos verdadeiramente sozinhos," ele adiciona, suas mãos delicadas achando o identificador preso no colar envolta de seu pescoço.

O ômega segue sua rotina, como sempre, estômago roncando depois de uma longa patrulha. Ele não tem certeza de que horas são – ele havia desistido de monitorar o horário da superfície faz tempo – mas sua fome declara que deve ser por volta do jantar. Ele pega algumas latas, jogando seu conteúdo em uma frigideira, fazendo conversa fiada enquanto ele aquece o alimento. Ninguém responde, mas o ômega não se importa. Ele está acostumado.

Hyungwon está no meio do processo de estufar sua boca com a mistura de comida que ele criou quando uma luz vermelha começa a piscar. É repentina, o leve flash de cor, e ele pisca repetidamente, achando que seus olhos estão pregando uma peça nele novamente. Isso acontecia muito no começo, quando as vozes se calaram, então ele ignora com um dar de ombros, engolindo o que parecia ser macarrão. A luz, entretanto, volta de novo. Insistente.

Hyungwon a encara.

Seu cérebro é lento em fazer a conexão, mas quando ele faz, seu jantar desliza da mesa para o chão enquanto ele corre para a porta que leva para a sala de controle.

Vermelho preenche sua visão quando ele entra na sala, encantador no meio da escuridão profunda. O ômega tenta ir para a luz, mas seu corpo não está muito acostumado com o local e ele colide com algo que pode ser uma cadeira. Seus dedos tremem quando ele encosta na parede, em busca do interruptor, incerto. Quando ele o encontra, luz preenche o local e Hyungwon geme, se agachando e tapando seu rosto.

O leva minutos – décadas – mas eventualmente, ele se levanta, piscando as lágrimas para fora de seus olhos. Ele se locomove com mais certeza na direção da lâmpada vermelha pulsando no painel de controle, e momentaneamente, ele se distrai pela palidez de suas mãos.

"Eu estou branco que nem neve," ele sussurra, virando suas palmas e estudando as linhas profundas nelas. "Já faz muito tempo."

O ômega se ocupa depois disso. Ele se senta, ligando interruptores e reiniciando o sistema, encarando de vez em quando para a luz vermelha. O computador geme de volta a vida, lento depois de anos desligado. Hyungwon observa as câmeras sendo ligadas mordendo suas unhas, olhos observando cada canto, nervoso debaixo das luzes.

Como um rato.

Leva algum tempo até a ultima câmera ligar e então, tudo explode – mais alto que uma bomba. A luz vermelha pulsa que nem um coração, desencadeando os alarmes que começam a soar em cada canto do quarto. O barulho é tão alto e dissonante que o ômega acaba no chão, palmas cobrindo seus ouvidos. Ele grita junto com os alarmes, a mudança drástica do quase silêncio absoluto de antes dolorosa em seus ouvidos sensitivos. Com a respiração trêmula e com lágrimas em seus olhos Hyungwon tateia por todo o painel, tremendo até ele conseguir desligar as sirenes. Mesmo assim, a luz vermelha continua a piscar, quase que furiosamente. O ômega colapsa na sua cadeira, lambendo o suor em seu lábio superior. Ele gasta apenas alguns segundos para acalmar seu coração antes de seus olhos começarem a observar as câmeras enquanto seus dedos voam pelo teclado. Ele procura incansavelmente, centenas de imagens paradas até ele finalmente detectar movimento.

The Omega RevolutionOnde histórias criam vida. Descubra agora