O assassino

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Ali, nos recantos mais escondidos do bar, Sasuke se encontrava escorado contra a parede, com um copo na mão. O corpo esguio, porém, forte, escondia os rabiscos e confissões feitos com tinta permanente e corretivo que contrastavam com o vermelho dos tijolos. Com uma das mãos agitava o gelo no copo, apreciando o som do entrechoque dos cubos entre si e o modo como o líquido se misturava a bebida a qual servia como distração para o que aconteceria a seguir.

O ambiente se enchia de pessoas conforme as horas noturnas avançavam, impregnando o ar com o cheiro de cigarro e colônias diversas. Seus olhos negros seguiam o movimento na entrada do estabelecimento, detendo-se em especial em um homem pálido usando um rico terno de veludo negro. A mão que agitava o gelo no copo cessou o balançar e ele levou o líquido a boca e engoliu em um único gole.

Aquele era apenas um dos muitos lugares pouco conhecidos e afastados do centro da cidade, onde informações valiosas e grandes esquemas eram organizados. Sasuke possuía muitos clientes espalhados pelo distrito, alguns eram pessoas poderosas e importantes socialmente, porém, sempre detestava quando Orochimaru o procurava, os pedidos deles eram sempre relacionados a coisas frívolas ou para aquisição própria. Não que julgasse o que lhe era pedido e as pessoas que faziam tais pedidos, para ser um matador de aluguel não era necessário esse tipo de juízo de valor. Ainda assim, os pedidos de Orochimaru o irritavam. Pousou o copo na mesa ao seu lado e aguardou.

Os sapatos bem lustrados chocavam-se contra o piso gasto em baques surdos e os cabelos compridos se agitaram enquanto o moreno levava a mão ao chapéu, puxando a aba para baixo no intento de esconder seu rosto. Aproximou-se do mais novo, ainda encostado contra a parede riscada, aparentando estar relaxado e despreocupado, quando, na verdade, sabia que o corpo dele se encontrava contraído como uma mola, pronto para agir ao menor sinal de ameaça.

Orochimaru passou a língua pelos lábios, já sentindo a emoção pela antecipação que precedia os encontros com Sasuke. Ludibriava-o saber que várias vidas estavam em suas mãos e que, com apenas uma ordem, elas podiam facilmente ser extintas. Claro, Sasuke não era o único que tinha a sua disposição, mas não deixava de ser um dos seus favoritos. Excitava-o a inexpressividade delicada com que ele tratava a todos, como um anjo vingador mortalmente indiferente, sem compaixão ou quaisquer outros sentimentos que pudessem ser considerados humanos. Ao menos que fossem visíveis na superfície.

Encontrou o olhar negro do rapaz e sentiu um arrepio subir por sua espinha. Ah, sim, estava prestes a acontecer. Logo o empecilho em seu caminho seria obliterado e galgar os degraus para o topo não passaria de uma brincadeira.  

— Boa noite, Sasuke. - Parou do outro lado da mesa e puxou uma cadeira. - Espero que não tenha aguardado muito tempo.

— Não muito. - O outro replicou, permanecendo na mesma posição, enquanto observava Orochimaru sentar-se confortavelmente.

— Os negócios devem estar prosperando para os Uchihas, eu espero. Tenho ouvido boatos sobre você e seu irmão rondando pelo submundo. - Sentiu o olhar cortante do mais novo sobre si e abriu um sorriso tranquilizador. - Apenas coisas boas, é claro.

— Se está aqui para fazer insinuações, então o meu tempo está sendo desperdiçado. - Sasuke descolou o corpo da parede e deu um passo para afastar-se dali.

— Lamento meus péssimos modos, mas, por favor, espere. Vim até aqui pois tenho uma tarefa para você. - O Uchiha mais jovem lançou um olhar sob o ombro, avaliando, e voltou a encostar o corpo contra a parede.

— E então, quem está te atrapalhando dessa vez? - Orochimaru aguardou alguns instantes, apreciando a tensão que se formava no ar antes de disponibilizar a informação que ele pedia.

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