O ato

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Após uma semana de cuidadosa vigília, Sasuke tinha gravado na mente a rotina do Uzumaki e agora se preparava para agir. O plano e todas as suas etapas estavam prontas, a única coisa que lhe impedia de prosseguir era aquela pequena hesitação que ainda sentia. Sabendo que não conseguiria dar cabo ao planejado com essa dúvida em mente, decidiu falar com o irmão mais velho esperando que este pudesse sanar suas preocupações.

Confiante que o loiro não sairia do trabalho a tarde toda, dirigiu-se a casa discreta que dividia com o irmão, um pequeno apartamento com dois andares e um terraço coberto onde eles criavam corvos. Era um costume que tinham desde o tempo que a família ainda existia por completo. Os pássaros crocitavam sons tranquilizadores nos momentos de paz e ameaçadores quando sentiam a presença de inimigos, além disso eram inteligentes e uma companhia confiável. Sasuke subiu os degraus passando rapidamente pelos cômodos escuros - as cortinas nunca ficavam abertas para evitar atrair olhares suspeitos - e pelas mesas cobertas de mapas, informações e fotos de futuros alvos. A decoração era mantida ao mínimo necessário já que ambos passavam grande parte do dia pela cidade em missão.

Como previra, encontrou o irmão alimentando os corvos no terraço, os trajes escuros e o cabelo comprido amarrado, balançando suavemente ao andar entre as gaiolas. Itachi não se virou ao ouvir o som de passos se aproximarem, conhecia bem o suficiente as pisadas para reconhecer que era o irmão que subia.

- Sasuke, não devia estar executando o plano agora?

- Sim. Apenas passei para trocar as facas por aquelas mais novas e afiadas. Tem uma abordagem nova que quero testar. - Calou-se ao ver o irmão assentir e juntou-se a ele pegando os pedacinhos de carne picados e jogando na gaiola. Deixou o silêncio se estender por alguns instantes. - Irmão, alguma vez você hesitou em matar? - Nem sabia por que perguntara aquilo, o irmão era um exemplo, nunca havia falhado então certamente não seria capaz de compreender a sensação de hesitar.

Itachi deixou a tarefa de lado e lançou um olhar analítico ao mais novo. Sasuke, por sua vez, abriu a portinhola da gaiola e deixou que um dos corvos voasse para o seu braço, estendendo a outra mão para acariciar suas penas. O grasnar do pássaro acompanhou a pergunta que permanecia suspensa no ar. Sasuke ergueu o olhar para enfrentar o irmão e este suspirou, debatendo internamente sobre o que devia falar.

- Apenas uma vez. - O mais novo o encarou, surpreso.

- Quem...?

- O meu antigo parceiro de missão, Shisui. - Os olhos do irmão se desviaram de volta para os corvos que crocitaram nervosos como se pressentissem o que seria dito.

- Parceiro? - Indagou Sasuke, confuso. - Mas pensei que trabalhássemos sozinhos!

- Sim. - Concordou, pesaroso. - Depois que a minha missão falhou e o meu parceiro morreu, nosso pai decidiu que era melhor e mais seguro realizar missões solo. - Itachi virou- se para o irmão e o encarou de forma séria. - Shisui havia sido ferido e, só depois de fugir do local, nós percebemos que a ferida estava envenenada. Mas a essa altura, já era tarde demais. Nos seus últimos segundos, ele me implorou que tirasse sua vida pois queria morrer com honra e não vítima de um veneno traiçoeiro. Aquela foi a única vez que minha mão tremeu ao segurar uma faca. - Observou a mão como se ainda a sentisse tremendo e não pudesse esquecer a sensação. - No fim, uma morte rápida foi tudo que pude lhe dar.

Silencio. Sasuke não esperava por isso, não sabia mais o que pensar. Mas, uma coisa era certa, mesmo hesitante, o irmão cumprira o pedido.

- Por isso, Sasuke, apenas me diga, vai precisar de ajuda? - Apesar de todos verem o irmão como uma figura fria e distante, ele sabia que após presenciar a morte de ambos os pais e do tio em uma missão a parte, havia nutrido um forte sendo senso de proteção para com o irmão mais novo.

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