Afire Love (2)

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N/A: Não tenho muito o que dizer, vocês meio que sabem o que estar por vir, então... É isto.

Não sabia muito sobre a morte. Nenhum parente próximo, ou amigo, ou até mesmo um animal de estimação meu já havia morrido. Eu sabia que um dia todos iriam morrer, que nada nessa vida durava pra sempre. Mas eu queria que pelo menos, você tivesse durado mais um pouco.

...

Maya olhava para o rosto sereno de Riley. Parecia que ela estava dormindo. Parecia que ela estava imersa em um dos seus sonhos. Maya deu um sorriso fraco. Será que Riley estava sonhando com coisas mágicas, provavelmente roxas, em seu mundo particular?

Era o que Maya mais gostava em Riley. Sua imaginação. Seu jeito otimista de ver o mundo. Ela era o sol para a escuridão de Maya. Completamente opostas, mas ao mesmo tempo extremamente parecidas.

Maya foi contra todas as indicações médicas e de seus pais. Ela ainda não devia ter se levantado da cama depois do que aconteceu. Seu coração parou por 5 minutos. Três tentativas de reanimação. Ela estava debilitada, precisava descansar. Mas seu corpo, ah, seu corpo não se importava. Seu corpo queria estar perto de Riley.

Segundo o médico que estava cuidando de Riley, sua atividade cerebral estava quase mínima. No momento que isso acontecesse, seus órgãos também não iriam aguentar pela falta de oxigênio. Ele não deu uma estimativa exata, mas pediu que todos ficassem preparados. E a última coisa que Maya estava era preparada.

Cory e Topanga estavam arrasados. Não saiam do hospital desde o ocorrido. Auggie teve que ficar na casa de Ava, enquanto eles se revesavam entre ir para casa e voltar para ficar com Riley e esperar alguma notícia. Maya viu Topanga chorando baixinho no corredor.

Maya tocou na mão de Riley e a encarou. Tentava ver se ela reagia a um mínimo toque por trás de fios e tubos presos ao seu rosto. Ela deixou uma lágrima escapar.

  - Sabe... Acho que desde o dia em que eu entrei pela sua janela, eu sabia que era você. - Maya sorriu fraco. - Sabia que você iria ser especial pra mim. Sabia que nada, e nem ninguém, ia substituir isso. Sabia que estaríamos juntas... - Maya fez uma pausa. Outras lágrimas caíram, sua voz embargada. - Até o fim. - Ela soluçou. - E esse parece ser o fim agora. Eu te amo tanto. Tanto. Que é por isso... Que eu aceito te deixar ir. Nós não começamos tarde demais, Riley. Nossa história começou naquele dia, naquela janela. Porque cada momento que passei com você, valeu cada segundo. E eu não mudaria nada... Porque eu sabia que se você estivesse bem ali, tudo estaria bem. - Maya passou a mão livre no rosto, afastando o choro que já caia sem pestanejar. - Pode ir, meu amor. Pode ir... Porque eu sei, que mesmo não estando aqui... Ainda sim, você estará perto de mim.

Maya apertou a mão de Riley com força. Sem vontade de lutar contra, ela só se permitiu chorar até sua visão escurecer.

...

Quando Riley partiu, o sol estava se pondo. O quase imperceptível amarelo por trás da neve resolveu se fazer presente naquela tarde. Tudo o que ele tocava, aquecia. Inclusive Maya, que estava no topo do hospital.

Ela fechou os olhos. E então uma lágrima solitária correu seu rosto.

O sol estava indo embora, junto com Riley.

O calor nas bochechas de Maya, pareciam ser as mãos dela, a tocando para um breve adeus.

Maya não fez questão de estar no quarto quando a hora chegou. Odiava o barulho das máquinas, odiava a linha reta no monitor. Tudo o que ela tinha pra dizer já estava dito. O amor da sua vida estava indo embora com uma certeza. A certeza de que Maya a amou mais que tudo nessa vida.

...

  - Oi. - Cory sentou ao lado de Maya. Ela estava no gramado do cemitério, perto de uma árvore qualquer. A loira apenas olhou para ele e acenou levemente com a cabeça.

  - Sei que nada do que eu disser agora vai fazer você se sentir melhor. E tudo bem. Porque eu também não me sinto...  - Cory disse. Maya não movia um músculo. Seus olhos vidrados para frente. - Acho que uma parte de mim nunca mais vai sentir... - Ele abaixou a cabeça. Deu uma longa suspirada. - A última coisa que Riley iria querer, é ver você assim. - Ele sorriu fraco. - Lembre-se dela como a Riley... Aquela que você conhece. Não como um pedaço de madeira debaixo da terra.

Ele fez uma pausa.

  - Eu acho que eu nunca te disse isso, mas... Fico feliz que você tenha entrado na vida dela. Você não é só uma amiga, você é tudo aquilo que a Riley sempre amou.

Maya lutava contra as lágrimas. Sua visão embaçada, algumas teimavam em cair. Ela virou para olhar Cory.

  - Eu amava a sua filha. E sempre vou amar.

Cory sorriu.

  - Eu sei disso.

Ele puxou Maya para um abraço de lado. E lá ficaram, por uns 10 ou 20 minutos.

...

Já em sua casa, Maya olhava para o teto de seu quarto. Ela não conseguia dormir. Não conseguia pensar. Só estava ali. Ocupando um pequeno espaço no universo, um espaço triste, um espaço desacostumado a ficar sozinho.

Ela virou de bruços na cama, deixando sua mão cair para fora da mesma. Ela arrastava os dedos no chão, fazendo linhas invisíveis, até sentir algo encostar em seu dedo.

Ela se inclinou para olhar. Era uma bola de papel, perto de seu tênis.

Maya franziu a testa e pegou a bola, a desamassando. Instantaneamente um sorriso cruzou o seu rosto.

Ei, bobona. Eu amo você. Quando quiser olhar, tô aqui do outro lado.

As lembranças de Maya a levaram imediatamente até quando aquela bolinha havia sido feita.

Maya queria ver um filme, mas Riley queria repassar a matéria de álgebra. A loira ficou importunando Riley, até se emburrar e sair de onde estava sentada, do outro lado do quarto, até a sua cama. Ela deitou e virou para a parede. Não muito tempo depois, ela escutou a risada de Riley, e logo após, sentiu uma coisa bater em suas costas. Ela não ia virar pra olhar, mas a curiosidade falou mais alto. Ela espiou a bolinha e a abriu lentamente. Dentro da mesma, a caligrafia impecável de Riley. Ela lembra de ter sorrido, e logo depois, a morena, também sorrindo, se jogou do seu lado na cama.

Maya voltou ao presente e respirou profundamente. Levantou de sua cama, indo até a janela, se escorando na mesma.

Quando quiser olhar, tô aqui do outro lado.

Engraçado, Maya pensou. Aquilo fazia pleno sentido no momento.

Então, Maya se deu conta.

Não se tratava de um espaço vazio. Onde quer que ela estivesse, o espaço estará sempre cheio. Sempre disponível para dois lugares. O dela e o de Riley.

A Guide to Love, Loss and DesperationOnde histórias criam vida. Descubra agora