Capítulo Um

17 3 2
                                    

Olá, galera! Primeira vez que irei escrever capitulo após capitulo, usando os comentários de voces como ajuda. Espero que gostem.


Eu não sei dizer muito bem por qual motivo jamais consegui me esquecer daquele dia.

Muitas coisas na minha vida aconteceram e foram para o esquecimento, como se nunca tivessem acontecido; as perseguições na escola, como aprendi a andar de bicicleta, onde e com quem foi o meu primeiro beijo... Não que eu não conseguisse me lembrar, mas eram acontecimentos que só vinham a minha memória quando eu realmente queria.

Já aquele dia vem remoendo segundo após segundo dentro de mim. Tudo bem que não era o melhor emprego do mundo e muito menos o que eu queria para mim. Mas pagava as minhas contas; mantinha-me num pequeno apartamento quentinho e charmoso, pagava minha faculdade e as despesas com o Gurgel - meu carro de segunda mão.

Não posso negar (pelo menos, não para mim mesma) que nas duas primeiras semanas eu senti vontade de matar meu chefe. Velho asqueroso e nojento! Pensou que eu engoliria fácil essa historia do cortar gastos no supermercado! E se fosse realmente esse o motivo, ele deveria ter colocado para fora a anta da Jussara que só trazia prejuízo ao invés de mim, que sempre fui eficiente como caixa.

Se bem que eu sabia qual o motivo da Jussara ter ficado e eu não. Como se ninguém soubesse o que eles faziam trancados dentro do escritório dele.

Errr! Como ela conseguia se envolver com alguém tão... tão... Peludo?

Fechei meu caderninho de contas com força, empurrando-o para o lado da cama. Contas. Muitas contas. E um saldo bancário quase no fim.

Como faria para continuar com a faculdade? Faltava só mais um ano... Ou como, por Deus, manteria o aluguel do apartamento, mesmo tendo uma companheira tão maravilhosa como a Anabely?

Vendi o Gurgel na semana anterior e o pouco que consegui com ele só daria para dois meses de faculdade e dois de aluguel. Ou então seis de aluguel. Ou quatro de faculdade. Oh, céus!

Na manhã anterior cheguei a cogitar ir morar com minha irmã mais velha, que é casada e tem uma filha. Isso seria um pouco aceitável se eu fosse com a cara do marido dela. A idéia de ir pra casa dos meus pais quase chegou a minha menta, mas consegui repeli-la imediatamente. Como assim, voltar a morar com meus pais? Isso seria um pesadelo! Bastante os domingos que nos juntávamos na missa e o dia estendia para um almoço na casa dos meus pais. Isso eu ainda podia suportar.

Mamãe tinha uma terrível habito de querer se meter demais na minha vida. E quando completei dezoito anos, e consegui meu primeiro e único emprego no supermercado, como atendente de caixa, com um bom salário, alimentação e vale transporte, não pensei duas vezes e saí de casa. Foi quando soube o quanto era bom ter uma vida livre. Poder sair e chegar em casa a qualquer horário da madrugada. Ter uma geladeira repleta de besteiras, poder ir dormir com a roupa que chegou e sem precisar lavar os pés! Era um sonho!

Que estava prestes a desabar sobre minha cabeça.

Puxei os classificados para perto de mim. Recostei minha cabeça no travesseiro e analisei os poucos anúncios que não estavam riscados. Por que estava tão difícil arrumar trabalho?

(...)

Já passava das seis da noite do sábado quando Anabely irrompeu estabanada em meu quarto. Afastei o livro que lia, fitando-a.

─ Onde é o incêndio? ─ inquiri-a.

Ela sentou na minha cama com tudo, quicando com o movimento das molas.

Ao Estilo de FrésiaOnde histórias criam vida. Descubra agora