XVIII.

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Apito final.

Assim que o mesmo soa deixo-me cair de joelhos no chão e o mundo parece que nesse momento havia parado.

Não podia. Não pode. Não é justo.

Mas a verdade é que podia e estava a acontecer. Os jogadores da seleção celeste correram em direção aos seus colegas e começaram a festejar enquanto os nossos jogadores a pouco e pouco caiam no relvado ou olhavam para o céu provavelmente questionando o porquê de aquilo nos estar a acontecer.

As expressões de desalento e os olhos marejados estavam presentes em praticamente todos os rostos, desde os jogadores, ao staff, até a mim...

Voltei a percorrer o meu olhar pelo relvado vendo que todos os jogadores se encontravam no campo a cumprimentarem-se e ver o sofrimento espelhado no rosto da equipa das quinas era demasiado doloroso o que me fez desviar rapidamente o olhar.

O meu corpo encontrava-se estático de joelhos no chão enquanto encarava o relvado e questionava o porquê de isto nos estar a acontecer.

Esta equipa merecia tanto, este povo merecia tanto, nós merecíamos tanto...

Sinto o meu corpo a ser abraçado e pelas palavras de conforto proferidas consigo perceber que é Bernardo quem me afaga o cabelo enquanto sinto pequenas lágrimas caírem sobre o meu rosto.

Deixo-me ficar algum tempo no seu aperto enquanto afago as suas costas e murmuro repetidamente "obrigada". Obrigada por me estar a confortar quando ele deve estar a sofrer tanto ou mais do que eu, obrigada por tudo o que deu em campo, obrigada por ter sido a pessoa que esteve sempre a meu lado e obrigada por me fazer sentir coisas que nunca senti antes.

-Não me agradeças... eu devia era pedir desculpa por te ter deixado assim, eu podia... nós podíamos e devíamos ter feito mais...

-Bernardo, não me voltes a dizer uma coisa dessas. Vocês fizeram tudo o que podiam e mereciam sem dúvida passar à próxima fase, apenas não estava destinado... - repreendo após desfazer o nosso abraço e limpar as pequenas gotas que teimavam cair do rosto do jogador

-Sabes, isto pode ter acabado - Bernardo gesticula os braços em redor do estádio para se referir ao mundial - mas isto... - o moreno levanta o meu rosto enquanto o seu polegar faz pequenas festas no meu rosto - isto mal começou, Constança! Eu posso perder o Mundial mas não te vou perder.

Isto mal começou.

Mundial || Bernardo SilvaOnde histórias criam vida. Descubra agora