Capitulo 1

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Destruída

É assim que estou
Vagando lentamente
Para o abismo

Caindo para o nada

Repetindo tudo mais uma vez
Destruindo tudo
Meus sonhos
Minha alegria
Tudo tudo tudo

Se destruiu

...

- Ei esquisita! Ta escrevendo de novo?! Deixa eu ver!! - E Kate novamente pega meu caderno, olha ele de relance e solta uma risada sarcástica - Esquisita e depressiva como sempre, por isso não tem amigos.

Eu reviro os olhos e pego meu caderno de volta, meu amado caderno...
O único que me ouve que sabe do meu dia a dia, da minha agonia diária.

O sinal toca, anunciando o fim da aula. Me levanto e saio, passo pelos alunos com a cabeça baixa andando em passos largos e rápidos quase correndo.
Passo pelo portão da escola e continuo andando no mesmo ritmo para casá.
Chego em casa e troco de roupa, coloco um uniforme de garçonete de cafeteria.
(Garçonete... O único trabalho da região que aceita meninas do ensino médio)

Saio andando para a cafeteria Capuccino (que por sinal tem um nome muito ruim) e quando chego na mesma e vejo um amontoado de pessoas para ser atendidas.
Vejo Beatrice (a outra garçonete do ensino médio) desesperada, corro para atender o maximo de clientes.

E foi isso por duas horas do meu expediente, logo a cafeteria esvaziou e começou a vir poucas pessoas (a maioria pessoas da minha idade).
Atendo um grupo de meninas quando ouço o sino da porta tocar, anunciando outro cliente. Termino de atender as meninas e logo vou atender o cliente que acabou de chegar, era um garoto da minha idade (cabelos escuros, pele levemente bronzeada e olhos azuis claros).

- Boa Tarde! o que gostaria de pedir?- Dou um sorriso (o mais falso possível).

- Um Capuccino por favor - ele sorri para mim.

Anoto o pedido e entrego para a moça que faz o café (sempre esqueço seu nome), o pedido fica pronto e entrego para o garoto.

-Aqui esta seu pedido, Bom apetite!! - sorrio mais uma vez.

- Quer tomar café comigo? - ele sorri (que?!?).

- Desculpa mais tenho que trabalhar...

- Aposto que seu chefe não vai ligar, afinal agora só tem eu de cliente. - ele continua sorrindo (um sorriso gentil).

- O que vai querer Ane?!?! - Olho pro meu chefe com os olhos arregalados, ele tem um sorriso malicioso no rosto (chefe malandro...).

- U-Um Americano p-por favor...

- Pra já!!

O garoto sorri e me convida pra sentar ao lado dele (sinto que conheço ele...).

- OK... Pra que tudo isso?

Ele me olha sorrindo confuso.

- Estou convidando uma linda garota para se sentar comigo...

- Mais você nem me conhecê e acho que você precisa de óculos, eu não tenho nada de bonita.

Ele me olha serio (é estranho eu notar cada reação dele?).

- Talvez você que precise! - ele olha no fundo dos meus olhos (sinto meu rosto corar) - Você é solitária não é?

Minha linha de pensamento é cortada quando o meu copo de Americano chega.

- Aqui esta Ane - pego o copo e dou uma boa golada no café, tento formular algo em minha cabeça, algo pra entender tudo o que acabou de acontecer.

- Co-Co... C-Como você sa-sabe disso?

Ele mexe na borda do copo do seu Capuccino.

- Vi em seus olhos... Vi também que você esta triste, e que engana a sí mesma com pensamentos bons...

- Olha moço eu não te conheço e você não me conhece também, você não pode ter visto esse tipo de coisa só de olhar em meus olhos...

Ele olha novamente em meus olhos mais dessa vez foi eu que vi  seus sentimentos (tristeza, solidão e falta de confiança... Assim como eu) olho mais profundamente e lembro de onde eu conheço ele.

- Você... É o menino que ficava no canto do parque sozinho... Eu sempre te via lá quando eu tinha 5 anos e ia com meus pais para o parque... - Sinto um aperto no peito ao lembrar deles.

- Sim erá eu... Ane... Esse é seu nome não?

Confirmo com a cabeça.

- Quando eu entrei nessa cafeteria e vi você eu encontrei alguem que sente o mesmo que eu.

Eu já avia entendido.

- Vi uma garota linda... Que sente que o mundo vai desmoronar a qualquer momento.

Akai Ito : Fim Da SolidãoOnde histórias criam vida. Descubra agora