Capítulo 02

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Acordou assustada com um homem alto e loiro que entrou no quarto e se encolheu no canto da cama, o homem nem sequer a olhou, simplesmente deixou um prato com um sanduíche e um copo com água e saiu, sem dizer uma palavra. Aquele sanduíche estranho novamente, parecia feito com pasta de amendoim vencida, mas ela não estava em posição de reclamar. Apenas comeu o lanche como se sua vida dependesse daquilo e, meio que dependia.

Depos de se alimentar deitou na cama olhando para o teto. Começou a ter outra crise, elas estavam mais constantes, obviamente por causa de todos os acontecimentos recentes. Seu coração batia tão forte que podia sentir seu corpo inteiro pulsando, a falta de ar lhe queimava os pulmões, seu estômago embrulhava por causa daquela gororoba. Deitada abraçou os joelhos. Ficou assim por algum tempo e dormiu novamente.

Coringa a atormentava também em pesadelo. A imagem do homem gargalhando enquanto segurava a cabeça da mulher que morreu no banco pelos cabelos, porém dessa vez ela estava separada do corpo. Ele andava em direção a moça, Annie tentava se mover sem êxito. Quando olhou para suas mãos estavam cheias de sangue, olhou para baixo e seu corpo estava coberto de sangue. A moça tentava gritar mas sua voz não saia.

Acordou então em um rompante se sentando na cama, um resquício de grito saiu pela sua garganta. Estava toda suada e seu coração a mil.

Naquele lugar ela nunca tinha noção de que horas eram, se era dia ou noite, quanto tempo havia dormido, nada... tudo era tão estranho, era como se ela tivesse entrado em um buraco de minhoca, o tempo espaço ali não fazia nenhum sentido, podia ter se passado dias ou talvez horas. Mas ela não saberia, não ali presa naquele lugar.

Ouviu passos e então a porta se abriu, ele apareceu novamente, fechou a porta atrás de si e foi em direção à cama. Annie já estava sentada em sua posição de sempre. Dessa vez ela havia percebido a bolsinha:

–E então, vai me ceder seu braço ou vou ter que arrancá-lo? - Disse sorrindo de canto. -Ou melhor, ao invés disso posso arrancar dedo por dedo, você pode escolher eu farei qualquer um dos dois com maior prazer!– Disse enquanto tirava o canivete do bolso, olhando para o fio da lamina. A menina ficou quieta, ele então se aproximou e sentou.

–Sabe, meu primeiro ensinamento para você é que: "Se você quiser alguma coisa, pegue. Nem que seja a força!"– Ele tirou uma arma da parte de trás do cinto e engatilhou esfregando a ponta no rosto da garota. –Eu não gosto de armas. Elas são muito rápidas, mas surtem um efeito mais significativo!– Gargalhou.

Annie sentia o metal frio do cano da arma encostando em sua pele febril. Estremecia por dentro. - Quanto tempo mais aguentaria essa loucura? - Se perguntava mentalmente. Estava sempre a beira de um colapso e agora não era diferente. Ela não tinha escolha, então cedeu o braço sem dizer uma palavra.

–Boa garota!– Guardou a arma pegando em seu queixo com as pontas dos dedos como se faz com uma criança.

Coringa logo fez os preparativos, encheu a seringa com o conteúdo de uma das ampolas que parecia ser diferente da que ele havia usado no outro dia, mas ela não o questionaria. Então, prendeu o braço dela e aplicou todo o conteúdo da seringa. –Daqui a pouco você se sentirá melhor.– Falava enquanto sorria, passando a faca de leve no rosto da jovem.

–Não diria que o que aconteceu comigo da última vez, seria me sentir melhor.– Disse enquanto puxava o braço, apertando o algodão que ele havia colocado em cima do furo recém-feito. Ele gargalhou.

–Vejo que sua língua está mais afiada hoje, eu gosto! Eu diria que é excitante! Mas devo te esclarecer que o que acabei de te aplicar não é a mesma coisa daquele dia, mas você também irá gostar do efeito! –Disse enquanto apontava a ponta do canivete para a moça mexendo a mão rapidamente enquanto lambia as cicatrizes. –Até porque devo dizer que oficialmente seu tratamento irá começar. Não se sente feliz?!– Dizia enquanto gargalhava.

Joker [Finalizada] [Em Revisão]Onde histórias criam vida. Descubra agora