Daniel avistou ao longe a jaqueta preta camuflada de Lucas e os cachinhos de Cecília ligeiramente tombados nos ombros do garoto.
Desconfiou ser um momento romântico, pois o vocalista chegava ao auge do sentimentalismo ao versos de Sentimental, uma de suas músicas prediletas. Mas os dois amigos não eram casais, "Deus me dibre esses dois juntos", pensou.
Tinha acabado de fumar seu segundo beck da noite com uma galera aleatória que encontrou no rolê. Ele era um tanto quanto camaleonesco, não havia diferença em estar na companhia de estranhos ou de amigos, ele adaptava-se as pessoas ao redor e gostava disso.
Dirigiu-se ao bar para pegar uns copos de cerveja e simplesmente não ligou quando perdeu os amigos de vista num mini aglomerado de seres humanos que estavam ali perto.
Mal sabia ele que Cecília e Lucas não eram tão perceptíveis não somente pelas pessoas ao redor tampando eles, e sim principalmente porque estavam praticamente um dentro do outro, com suas respectivas línguas fazendo um show.
﹌
Ruth bagunçava a cama enquanto buscava entrar no mundo dos sonhos. Virava de um lado para o outro e ficava até em posições estranhas, toda contorcida.
Não estava conseguindo dormir, pois seus pensamentos estavam todos em Lucas. Ou melhor, no cover dos Los Hermanos que estava perdendo, já que o garoto loiro havia terminado com ela.
A garota não conseguia entender como seu ex namorado só fazia merda atrás de merda, e ainda tinha a audácia de culpá-la pelas coisas que fazia. E mesmo assim, ele ainda continuava sendo um colírio para os olhos.
Mas para o resto do corpo de Ruth, Lucas era só uma garrafa de veneno mesmo, com efeitos colaterais de abstinência e morte lenta.
Resolveu descer da beliche e ir fumar um cigarro na sala, já pegando os fones em cima do criado mudo afim de ouvir algo aleatório no spotify.
Passou pelo quarto dos meninos e se deu conta que estava somente com meias do Frajola, uma calcinha azul de renda e uma blusa gigante do Guns N' Roses que era de Daniel, ou de Lucas. Ela simplesmente pegou do varal por engano e não quis devolver, já que curtia demais o som deles.
Marco despertou de seus devaneios ao ouvir passos pelo corredor, e levantou da cama rápido o suficiente para bater a cabeça na cama de cima e gritar de dor. Valia o risco, afinal, poderia ter sido o dono da cama aproximando-se do quarto.
- Está tudo bem aí, novato? Não me diga que já está batendo punheta no seu quarto novo - disse Ruth sorrindo, na espera de encher o saco de Marco.
Uma risada falsa ecoou nas paredes antes mesmo do garoto alto abrir a porta e se preparar para uma boa devolutiva, quando percebeu que Ruth estava ainda mais atraente do que quando ele chegou.
Alta, de olhos indecifráveis, com os cabelos levemente bagunçados, um cigarro entre os dedos e um look provavelmente apropriado para dormir que a deixava descontraída e sexy. Com exceção das meias do Frajola, que eram uma gracinha e o fazia imaginar diversas zoeiras para implicar com a garota.
- O que foi? - disse Ruth já levantando uma das sobrancelhas - Já estou ficando com sede pelo tanto que está me olhando.
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As Ondas Me Levam A Você.
RomanceMarco, um amante solitário do oceano e teimoso em reviver uma língua morta, de repente se vê em outra cidade, longe de tudo que ama e prestes a redescobrir quem é, diante de novas quatro pessoas que vão mudar sua até então famigerada solidão. Uma de...