Capítulo 08 » Sorvete quente

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- Espere um segundo.

Balancei a cabeça positivamente, sentando-me em uma cadeira do balcão. A garota ruiva sumiu atrás da porta dos fundos da sorveteria. Eu estava nervosa. Era a minha primeira entrevista de emprego. Quer dizer, a primeira em menos de vinte minutos.

Essa já era a quinta entrevista que eu fazia desde as nove da manhã. Estava cansada e indisposta. Não sabia que era tão difícil conseguir um emprego.

- O gerente está cuidando de umas papeladas importantes no momento, e por isso não vai conseguir falar com você agora. - A mesma garota de antes reapareceu no salão do estabelecimento, contendo uma feição entediada no rosto.

- Então eu não vou fazer a entrevista? - Perguntei já sentindo a frustração crescer em meu peito.

- Eu não disse isso. - Ela respondeu de forma rude, não escondendo o quanto meus assuntos a incomodavam - Volte daqui meia hora. Até lá ele já vai ter terminado tudo e vai poder fazer a entrevista.

Uma ponta de esperança se inflou em meu peito. Não consegui conter o pequeno sorriso de alívio que surgiu em meu rosto. Talvez essa pudesse ser a minha chance.

- Voltarei depois então. Muito obrigada. - Me curvei rapidamente e ela tão pouco ligou, voltando sua atenção para os poucos clientes que estavam sentados nas mesas do salão.

Respirei fundo e saí da loja. Eu precisava passar nessa entrevista. Não podia falhar novamente. O dia de pagar o apartamento logo chegaria, e além disso, precisava comprar meus suprimentos básicos. Eu estava no centro do meu bairro, e por esse motivo, não havia tantos lugares procurando por trabalhadores de meio período. A maioria já havia contratado alguém e esquecido de retirar o anúncio de contratação. E outros não gostaram muito do meu currículo.

Apertei a alça da bolsa, sentindo meu estômago roncar. Por sorte, eu havia trago um pouco de dinheiro. Eu podia comer um pouco, esvaziando a minha cabeça, e depois voltar para a sorveteria.

- (S/N)?

Virei-me instantaneamente para trás, encontrando um Dong Min surpreso me encarando. Engoli seco e voltei a caminhar. Mas dessa vez, apressando o ritmo dos meus passos. Faziam dias que eu não olhava ou conversava com o Lee, desde seu "surto" pela bolada que eu havia levado. Não me sentia emocionalmente confortável para confrontá-lo ainda. Precisava de mais tempo.

- (S/N) espera!

Continuei caminhando, me desviando de algumas pessoas para não empurrá-las. Meu coração acelerava a cada segundo, enquanto mil e um pensamentos rondavam a minha mente. O que eu falaria para ele? Não, o que ELE tinha para falar comigo?

- Caramba Seo!

Um Dong Min ofegante apareceu rapidamente na minha frente, barrando minha passagem e me forçando a encará-lo. Porém eu olhei para o chão, buscando acalmar os meus sentidos. Que no momento, estavam bagunçados.

- Nós podemos conversar, por favor? - O tom de súplica acertou em cheio os meus ouvidos - Eu sei que você deve me odiar agora, mas por favor, me dê a chance de explicar.

Pisquei rapidamente os olhos, me preparando mentalmente para encará-lo. Ele ainda teria o sorriso brilhante que me dera na escadaria? Ou meu subconsciente o veria como uma outra pessoa? Um monstro?

 Tomei coragem apertando firmemente a alça da minha bolsa. Levantei a cabeça lentamente e o encarei, sentindo um frio na barriga. Ele estava tão lindo quando no dia em que sorriu para mim.

- Apesar dessa pernas pequenas você anda rápido, Seo. - Abriu um sorriso fechado.

Senti um enorme iceberg crescer em meu estômago. Isso era algum tipo de brincadeira do destino? Sua voz soara ainda mais linda do que eu havia imaginado na entrada, dizendo algo parecido. O que estava acontecendo comigo? Por que não conseguia pensar em nada para dizer? Por fim, apenas me limitei em olhar para outra direção. Estava desconcertada demais.

O Filho do Diretor ✾ Lee Dong MinOnde histórias criam vida. Descubra agora