5 | A Escola do Priorado

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TIVEMOS ALGUMAS ENTRADAS e saídas dramáticas em nosso pequeno palco em Baker Street, mas não consigo me lembrar de nada mais repentino e surpreendente que a primeira aparição do dr. Thorneycroft Huxtable, M.A., Ph.D. etc. Seu cartão, que parecia pequeno demais para transportar o peso de suas distinções acadêmicas, o precedeu por alguns segundos, e em seguida ele próprio entrou — tão grande, tão pomposo e tão digno que parecia a própria encarnação da solidez e da autoconfiança. Sua primeira ação, contudo, mal a porta se fechara atrás dele, foi cair cambaleando sobre a mesa, de onde escorregou para o chão, e lá ficou aquela majestática figura, prostrada e desacordada sobre nosso tapete de pele de urso, diante da lareira.

Levantamos de um salto e por alguns instantes contemplamos em silencioso espanto aquela formidável ruína, que falava de alguma tempestade súbita e fatal em algum local distante no oceano da vida. Depois Holmes se apressou em lhe pôr uma almofada sob a cabeça, e eu em lhe molhar os lábios com conhaque. O semblante carregado e branco estava vincado com linhas de preocupação, as bolsas pendentes sob os olhos fechados eram cor de chumbo, a boca frouxa caía dolorosamente nos cantos, as papadas não estavam barbeadas. O colarinho e a camisa exibiam a fuligem de um longo dia, e o cabelo se arrepiava, despenteado, na cabeça bem conformada. Tínhamos diante de nós um homem presa de profundo sofrimento.

"Que é isso, Watson?" perguntou Holmes.

"Exaustão absoluta — possivelmente fome e fadiga", respondi, com o dedo sobre o pulso fraco, onde a torrente da vida escorria rala e minguada.

"Passagem de ida e volta para Mackleton, no norte da Inglaterra", disse Holmes, tirando-a do bolso do relógio. "Ainda não é meio-dia. Ele certamente partiu muito cedo."

As pálpebras pregueadas haviam começado a tremer, e agora um par de olhos cinza vazios nos fitava. Um instante depois o homem ficou de quatro e se levantou, a face rubra de vergonha.

"Perdoe esta fraqueza, Mr. Holmes; estava um pouco nervoso. Muito obrigado, se eu pudesse tomar um copo de leite e comer um biscoito, certamente me sentiria melhor. Vim pessoalmente, Mr. Holmes, para garantir que voltaria comigo. Temi que nenhum telegrama pudesse convencê-lo da absoluta urgência do caso."

"Quando estiver inteiramente recuperado..."

"Já estou muito bem. Não sei como pude ficar tão fraco. Gostaria que fosse comigo para Mackleton no próximo trem, Mr. Holmes."

Meu amigo sacudiu a cabeça.

"Meu colega, o dr. Watson, poderia lhe dizer que estamos muito ocupados no momento. Estou contratado nesse caso dos Documentos Ferrers e o assassinato de Abergavenny está para ser julgado. Só um problema muito importante poderia me tirar de Londres agora."

"Importante!" Nosso visitante jogou as mãos para o alto. "Não ouviu nada sobre o sequestro do filho único do duque de Holdernesse?"

"Quê? O ex-ministro de Estado?"

"Exatamente. Tentamos manter a notícia fora dos jornais, mas houve algumas insinuações no Globe ontem à noite. Pensei que a notícia podia ter chegado aos seus ouvidos."

Esticando o braço comprido e fino, Holmes pegou o volume "H" de sua enciclopédia de referência.

"'Holdernesse, sexto duque, K.G., P.C. — metade do alfabeto! 'Barão Beverly, conde de Carston' — Deus do céu, que lista! 'Lord lieutenant de Hallamshire desde 1900. Casou-se com Edith, filha de Sir Charles Appledore, 1888. Herdeiro e filho único, Lord Saltire. Possui cerca de duzentos e cinquenta mil acres. Minérios em Lancashire e Gales. Endereço: Carlton House Terrace; Holdernesse Hall, Hallamshire; Castelo de Carston, Bangor, Gales. Lorde do Almirantado, 1872; principal secretário de Estado para ...' Bem, bem, este homem é sem dúvida um dos mais notáveis súditos da Coroa!"

A Volta de Sherlock Holmes (1905)Onde histórias criam vida. Descubra agora